sábado, 5 de setembro de 2015

Irresponsabilidade e insanidade

A revista ÉPOCA garante que teve acesso a arquivos sigilosos e bastidores sobre as atuações do ex-presidente da República petista como lobista da Odebrecht em Cuba, o país onde a empreiteira faturou US$ 898 milhões, o equivalente a 98% dos financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES na ilha caribenha.
Segundo a revista, telegramas secretos do Itamaraty revelam que diplomatas testemunharam conversas reservadas do petista em Havana, e documentos confidenciais do governo brasileiro, em que burocratas descrevem as condições camaradas dos empréstimos do BNDES às obras da Odebrecht em Cuba.
A documentação coletada com exclusividade por ÉPOCA, corroborada por entrevistas reservadas com fontes envolvidas, confirma que o ex-presidente intermediou sim negócios para a Odebrecht em Cuba, demonstrando, em detalhes, como ele até usava o nome da presidente da República petista nas negociações.
Consta que ele discutiu, em reuniões com executivos da Odebrecht e o presidente cubano minúcias sobre os projetos da empreiteira naquele país, envolvendo as formas de garantias que seriam aceitas pelo BNDES para investir nas obras.
A mencionada intermediação é confirmada, de forma irrefutável, pelo próprio petista, conforme diálogo com um servidor do Itamaraty, nos seguintes termos: “15. Registro que o Presidente Lula, na despedida à porta do avião, confidenciou-me ter tratado com Presidente Raúl Castro da questão das ‘garantias soberanas’, com a ênfase à opção pela venda de nafta à BRASKEN, e que reportaria o teor das conversações oportunamente à Senhora Presidenta da República.”. MARCELO CÂMARA, Encarregado de Negócios, a.i.
Segundo a revista, o grosso dos documentos foi classificado pelo governo como secreto, o que significa que o acesso público aos contratos somente será possível 15 anos após a assinatura deles. No entanto, alguns documentos já foram entregues ao Ministério Público Federal, em diligência pertinente às investigações acerca de denúncias de irregularidades nos financiamentos do BNDES às obras em Mariel.
Ainda há em curso outro inquérito, também revelado por ÉPOCA, em abril, dando conta de que o ex-presidente petista é investigado em razão de suspeita da prática do crime de tráfico de influência internacional, capitulado nos artigos 332 e 337 do Código Penal, ante a denúncia do uso de seu prestígio para aproximar o BNDES aos governos amigos ao PT, na América Latina e na África, tendo a construtora Odebrecht o potencial interesse na execução dos projetos financiados.
A revista ressalta que “Sempre que Lula se encontrava com um presidente amigo, a Odebrecht obtinha mais dinheiro do BNDES para obras contratadas pelo governo visitado pelo petista. O MPF investiga se a sincronia de pagamentos é coincidência – ou obra da influência de Lula. Na ocasião, por meio do presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, o ex-presidente negou que suas viagens fossem lobby em favor da Odebrecht e que prestasse consultoria à empresa. Segundo Lula, suas palestras tinham como objetivo ‘cooperar para o desenvolvimento da África e apoiar a integração latino-americana’”.
Como não poderia ser diferente, a construtora Odebrecht afirmou que “O ex-presidente não teve ‘qualquer influência’ nas suas duas obras em Cuba, o Aeroporto de Havana e o Porto de Mariel...”.
O Palácio do Planalto, por sua vez, informou que desconhece “... o conteúdo dos documentos aos quais ÉPOCA teve acesso. Contudo, o Planalto destaca a importância estratégica do projeto de Porto de Mariel para as relações de Brasil e Cuba. ‘A possibilidade crescente de abertura econômica de Cuba e a recente reaproximação entre Cuba e Estados Unidos vão impulsionar ainda mais o potencial econômico de exportação para empresas brasileiras ’”.
O BNDES afirmou que “... a Odebrecht é a construtora brasileira com maior presença em Cuba. Portanto, faz sentido que a maior parcela das exportações para aquele país financiadas pelo banco seja realizada pela empresa... mantém com a Odebrecht relacionamento rigorosamente igual a qualquer outra empresa... nega que esteja financiando projetos envolvendo direta ou indiretamente a Odebrecht no setor de energia, bioenergia ou sucroalcooleiro em Cuba.”.
É ressaltado na reportagem que, procurado por ÉPOCA, o ex-presidente petista não quis se manifestar sobre o episódio em causa.
É indiscutível que o petista teria sido extremamente sensato e útil ao Brasil, na pseudoquestão de se trabalhar pelos interesses do país, se tivesse, ao invés de usar a sua influência para financiar obras para países da África e da América Latina, conseguido recursos do exterior para serem investidos em portos, aeroportos, metrôs, estradas, linhas férreas, infraestrutura e outras obras aqui no Brasil, para benefício dos brasileiros.
Não faz sentido que o ex-presidente trabalhe contra os interesses do Brasil, uma vez que ele ajuda a transferir dinheiro para o exterior, com vistas à realização de benfeitorias em outros territórios, conquanto as obras realizadas aqui sempre se destinem ao exclusivo usufruto dos brasileiros, que estão padecendo terrivelmente pela falta de obras, em razão da escassez de verbas públicas no país tupiniquim.
A escassez de recursos é responsável pelo sucateamento e pela falta de obras públicas da incumbência do governo federal e de interesse da população que paga pesados tributos e deveria, em atenção à responsabilidade patriótica ínsita na atribuição dos homens públicos, merecer a priorização sobre a aplicação dessas verbas exclusivamente em seu beneficio.
Constituem enorme insensatez e irresponsabilidade, por parte dos homens públicos, o completo desprezo pelo sentimento de brasilidade, quando eles decidem influenciar, injustificadamente, com seu prestígio, para mandar dinheiro público para ser investido no exterior, quando os recursos estrangeiros investidos no Brasil estão retornando aos seus países, por força da desconfiança quanto à atuação do governo.
          Trata-se, sem a menor dúvida, de crime de lesa-pátria a estranha e injustificável atitude que consiste na decisão de brasileiro decidir trabalhar para o Brasil ajudar países estrangeiros, com financiamentos destinados à realização de obras com recursos dos brasileiros, que se sacrificam para beneficiar graciosamente nações comandadas por ditadores que menosprezam os direitos humanos e os princípios democráticos.
Carece de ingente justificativa para os brasileiros, por parte do governo, dos homens públicos envolvidos e do BNDES, que tem por finalidade institucional o incremento do desenvolvimento econômico e social dos brasileiros e não de outros povos, mandar dinheiro para a execução de obras no exterior, sob pena de responsabilização de quem tenha autorizado tamanhas insanidade e irresponsabilidade, ante os evidentes prejuízos contabilizados contra os brasileiros, que são os verdadeiros donos do dinheiro que foi para o exterior sem o seu consentimento, de forma absolutamente injustificável e ainda de retorno incerto e improvável, ante a prática comum de o governo petista perdoar as dívidas desses países. Acorda, Brasil!
                               
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
          Brasília, em 05 de setembro de 2015

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