sábado, 19 de setembro de 2015

Renúncia como remédio?

Segundo uma importante jornalista, que teria auscultado junto a dirigentes históricos do partido, liderados pelo ex-presidente da República petista, o próprio PT já não descarta a possibilidade da renúncia da presidente da República, na hipótese de derrota fragorosa do pacote fiscal enviado ao Congresso Nacional, o que deflagraria inevitável atitude extrema em caso do reconhecimento de total ingovernabilidade do país.
As crises que afetam a governabilidade estão longe de ter fim e a iminência da abertura de processo de impeachment parece ser inevitável, deixando a situação do governo cada vez mais insustentável, o que precipitaria a retirada da presidente da cena política, para se evitar a conflagração no país, embora ela tenha anunciado, repetidas vezes, que não renunciará ao mandato, em hipótese alguma.
A expectativa do PT é a de que, no máximo até o meado do próximo mês, a presidente consiga contornar a gravidade das crises de governabilidade, virar o jogo e se estabelecer novamente como alternativa confiável de poder, até 2018.
No meio das crises, ainda têm sérios complicadores nesse imbróglio, que são os rumores de que o delator, que teria sido o negociador das propinas para o PMDB, possa contar a verdade sobre o envolvimento de importantes líderes do partidão nas roubalheiras na Petrobras, o que complicaria de vez a situação do vice-presidente da República, que seria o sucessor da presidente, caso haja o impeachment dela.
O certo mesmo é que o país está se contorcendo em graves crises e ainda contaminado por completo ceticismo quanto às perspectivas em curto prazo, porquanto há em evidência de jogo político que envolve interesses pessoais e partidários e podem valer o destino do país, à custa da renúncia da presidente ou do seu afastamento, como pretende a sociedade, que não suporta conviver com a incompetência da administração do país, diante do terrível retrocesso em todos os níveis.
Nesse cenário trágico, a economia ganha destaque disparado, cuja inapetência gerencial nessa área contribuiu para a condução do país à terrível recessão, com suas maléficas consequências de desemprego, retração econômica, desindustrialização, redução da arrecadação, principalmente falta de investimentos público e privado, entre outras mazelas que reforçam as dificuldades de governabilidade.
É humanamente impossível se governar a nação grandiosa como o Brasil sem os indispensáveis apoios político e da população. A evidência é de que, na atualidade, a presidente se assemelha à rainha da Inglaterra: reina, mas não governa, fazendo com o país seja uma nave à deriva, acéfala e sem rumo, à inútil e desesperadora espera de socorro para a salvação de seus iminentes náufragos, que serão trucidados pela tremenda indefinição sobre a verdadeira governabilidade e a incerteza quanto ao porvir, ante a demonstração da indiscutível incapacidade gerencial crônica da presidente do país.
Na verdade, a presidente petista perdeu, em tão pouco tempo, a confiança dos próprios eleitores e ainda viu a multiplicação da antipatia e o ódio dos demais brasileiros contra o seu desempenho na administração do país, em razão das drásticas políticas adotadas na sua gestão, cujos resultados contribuíram para o retrocesso do desenvolvimento.
E não era para menos, diante da falta de criatividade administrativa e de interesse em reformular as retrógradas e obsoletas estruturas do Estado, que têm funcionado com objetivos óbvios de manutenção do status quo, onde a República tem sido modelo de permanentes conchavos e compadrios, a exemplo da composição pretendida pela presidente do país de angariar a confiança do PMDB com a distribuição de mais três ministérios para ele, para garantir o apoio contra o seu possível impeachment, em clara demonstração de indignidade e de desmoralização somente passíveis nas piores republiquetas, onde inexiste a nobreza de caráter dos homens públicos.
Esse fato, por si só, revela, cada vez mais, avidez pelo poder da presidente do país, que não se sensibiliza que a res publica não pode ser confundido com interesses pessoais nem partidários, cujo entendimento em contrário configura ferimento aos princípios da dignidade, moralidade, legalidade e principalmente republicano, que não podem se desvincular das atividades político-administrativas, sob pena do cometimento do crime de responsabilidade.
É indiscutível que a presidente tem sido verdadeiro mar de contradição na vida política. Na campanha eleitoral, ela garantiu que o país teria mudanças para melhor, quando, na ocasião, já não havia certeza quanto ao controle sobre as contas públicas, ante a omissão das pedaladas para maquiar os resultados orçamentário-financeiros.
Na oportunidade, ela disse que aumentar tributo era medida própria de seus adversários, mas já houve o ajuste fiscal e, agora, a CPMF é criação dela. Ela também disse que era favorável à criação de ministérios, mas pensa em diminuir alguns agora, ou seja, fica difícil se acreditar em alguém que tem sido pródigo em se contradizer, não ficando bem para quem exerce o principal cargo do país, que deveria, no mínimo, ser coerente com seus posicionamentos, dando a entender que suas decisões são tomadas ao sabor das conveniências pessoais e partidárias, não merecendo a menor credibilidade.
O Brasil é o país que caminha a passos largos para a ruína e a insolvência, com a continuidade desse governo, em razão das ações e políticas desastrosas e temerárias adotadas por ele, que demonstrou completa incapacidade gerencial e administrativa e não tem a menor sensibilidade para aperfeiçoar e modernizar a máquina pública, assoberbada por enorme quantidade de ministérios e empresas estatais, que estão servindo, em substância, para a acomodação de despreparados aliados que garantem apoio político, em troca das benesses do poder, em demonstração de desprezo aos princípios da legalidade, moralidade e dignidade na gestão dos recursos públicos.
Diante de tantas medidas desastradas e prejudiciais ao interesse do país e dos brasileiros, a presidente brasileira tem motivos relevantes para renunciar ao seu cargo, como demonstração de verdadeiro amor à pátria e certamente como importante contribuição para a reconstrução dos fundamentos da moralidade, política, economia e democracia, de modo que as mudanças possam servir para a eliminação da abominável concepção de que o Brasil pertence à fracção político-partidária e ainda que as atividades políticas devam estar sintonizadas exclusivamente com os princípios republicanos. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 19 de setembro de 2015

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