sexta-feira, 11 de setembro de 2015

A terrível desclassificação

Embora a situação já se encontre terrível, nada poderia ter sido pior nos últimos tempos para Brasil que a notícia da retirada, pela agência de classificação Standard and Poor's (S&P), do grau de investimento na classificação de crédito, tendo rebaixado o país de "BBB-" para "BB+".
Na verdade, trata-se simplesmente, pasmem, de tragédia anunciada, que poderia a ser adotada a qualquer momento, à vista das perspectivas negativas prevalecentes na administração do país, cujo resultado significa o mesmo que se afirmar que os títulos brasileiros passaram para o nível equivalente a “lixo”, no jargão do mercado financeiro internacional.
O mercado financeiro tem como parâmetro as avaliações das agências de classificação, que se baseiam em critérios de confiabilidade, solidez e garantia de pagamento para o merecimento do "certificado de segurança", atribuído aos países segundo o grau de estabilidade econômica ou o risco de calote dos investimentos.
Para o Brasil, a manutenção do selo de bom pagador significava importante e segura garantia para investidores no país, haja vista que grandes fundos internacionais, por força de regras de mercado, somente investem em títulos de países, no mínimo, com grau de investimento, com classificação de, pelo menos, duas agências especializadas, a exemplo da S&P.
Como não poderia ser diferente, o ambiente no governo, com maior evidência no Ministério da Fazenda, tem sido de extrema irritação, por causa dessa tragédia que se abateu, com antecipação das perspectivas. A visão consolidada entre os técnicos era de que se tratava de questão "evitável" pelo governo, mas uma fonte disse que "As projeções cada vez piores do endividamento público, bruto e líquido, foram um claro sinal para as agências de que algo estava diferente".
A equipe econômica do governo não tem motivo nenhum para se irritar com a previsível perda de grau de investimento, porque essa tragédia já era anunciada e, por pura inapetência, nada foi feito tempestivamente para evitá-la. Essa equipe tem obrigação de se irritar é contra a sua incompetência e falta de habilidade para adotar medidas capazes de colocar a economia brasileira nos trilhos corretos dos sistemas macroeconômicos, do desenvolvimento, da credibilidade e da confiança dos investidores, como forma possível para assegurar o interesse do capital estrangeiro na economia brasileira.
É inacreditável que se trata da mesma equipe que tem a indignidade e a insensatez de encher os pulmões para sugerir a elevação do Imposto de Renda das pessoas físicas, para salvar os rombos das contas do governo, fruto das irresponsabilidades fiscais, que contribuíram para o completo desarranjo da economia e conduziram o país à recessão, com as piores consequências para os interesses da nação e dos brasileiros.
Na verdade, quem deveria estar irritado mesmo era o povo, porque a perda de grau de investimento terá reflexos negativos imensuráveis para diversos fatores da economia, afetando diretamente o desemprego, a redução da renda do trabalhador, o aumento do dólar, a desindustrialização, a diminuição da arrecadação, a falta de investimentos público e privado, além de outras mazelas que têm o condão de infernizar ainda mais a péssima situação dos brasileiros, que precisam se conscientizar sobre os danos causados pelo governo aos interesses nacionais e exigirem competência e responsabilidade por seus atos.
Não há a menor dúvida que o Brasil que se encontra na contramão da história, inclusive econômica, graças às políticas desastradas do governo, permeadas de muita indecisão, divergência, incompetência e bastante distanciadas da realidade dos avanços da modernidade. 
O governo construiu legado de enorme desconstrução do país, por ter ficado alheio às questões que contribuíram para que o país não permanecesse ostentando os níveis de confiança do mercado, justamente por ter fraquejado quanto à fragilidade e à indecisão na adoção das medidas capazes de manter o país em condições de credibilidade.
É inaceitável que o país com a grandeza e as potencialidades do Brasil tenha conseguido ser rebaixado do grau de investimento, com a consequente perda da confiança e da solidez de seus títulos, graças à incapacidade do governo, que demorou uma eternidade para resolver adotar, às pressas, as medidas consideradas necessárias para se evitar naufrágio ainda mais grave da economia.
Como a situação já era trágica antes dessa terrível medida, agora vai piorar ainda mais, tanto pela retirada do capital estrangeiro investido no país, como pela enorme dificuldade para a captação de novos investimentos, fato que agrava sobremodo os problemas econômicos do país, tendo reflexos imediatos em todos os fatores da produção, do consumo e dos investimentos, propiciando grandes estorvos para a economia e o desenvolvimento do país.
É evidente que o governo também não deve assumir a culpa por mais esse gigantesco problema, preferindo, como de costume, imputá-la às inexistentes crises internacionais, entre outras entidades, menos às trapalhadas da sua gestão, que já conseguiu empurrar o país para a terrível recessão econômica e nada, absolutamente nada, tem sido feito para contornar essa dramática situação, deixando a população perplexa com a acefalia que toma conta do Planalto.
Diante da necessidade principalmente de corte de despesas, com destaque para a dispendiosa e ineficiente máquina pública, por tanto tempo funcionando à custa dos tolos dos contribuintes, fica evidente que a redução de dispêndio corresponde exatamente ao tamanho do desperdício mensal e do prejuízo causado ao erário, o qual precisa ser imputado, na sua totalidade, à presidente do país, que permitiu que gastos desnecessários tivessem sido realizados com o seu beneplácito.
Compete aos órgãos de controle e fiscalização, em especial ao Congresso Nacional, promoverem as medidas indispensáveis à responsabilização da mandatária do país pelos prejuízos causados à nação, em face da possível redução da máquina pública, que deve passar a funcionar, a princípio, em harmonia com a real necessidade do Estado, donde se infere que a economia apurada corresponde exatamente ao tamanho do desperdício, que precisa ser reparado por quem tenha dado causa ao dano, segundo preceitua, nesse particular, o ordenamento jurídico do país.  
A presidente da República precisa ter a dignidade de assumir a culpa por tudo de ruim que foi causado ao país, principalmente com as ineficiências e precariedades dos serviços públicos e da condução da economia, cujos resultados levaram o país à recessão, bem assim da desmoralização da administração pública, com a sistematização dos casos de corrupção; a sua falta de habilidade para administrar o país como a grandeza do Brasil e a incapacidade de cumprir seu principal compromisso de campanha de não aplicar remédio amargo para os brasileiros, notadamente no que consiste à garantia de que o seu governo não faria ajustes fiscal e econômico, não retiraria direitos trabalhistas, seria rigoroso com o efetivo controle da inflação, dos juros, das contas públicas e das dívidas públicas, além da promessa de mudanças somente para melhorar as condições de vida dos brasileiros, sob pena de inviabilizar a sua continuidade no comando da nação. Acorda, Brasil!
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          ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 11 de setembro de 2015

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