Com o maior esforço para salvar o já fracassado e
agonizante governo petista, o sempre oportunista presidente do Senado Federal
aproveitou o ensejo para arquitetar seu pacote constituído de 27 projetos, que
os aliados classificam-no como salvadores da pátria, mas, ao que tudo indica,
ele não passa de mera tentativa de preservar o mandato da presidente, que se
abate em agonia nunca vista na história republicana.
É muito estranho que, antes de o presidente do
Senado apresentar o seu pacote de “bondade”, ele disputava com o presidente da
Câmara dos Deputados quem dos dois provocaria mais a paciência da ocupante do Palácio
Planalto, quem poderia protagonizar mais problemas e quem seria capaz de dirigir
os maiores desaforos à petista, tendo o presidente do Senado chegado ao ponto
de dizer que o governo era “adolescente”,
ora “envelheceu”, ora vivia “uma paralisia”, tudo estava sendo feito
para realmente provocar a petista e tirá-la do sério.
O auge da intolerância do senador alagoano
aconteceu quando ele mandou de volta para o Palácio do Planalto, de forma autoritária
e inapelável, a medida provisória referente à desoneração da folha de pagamento
das empresas, que integrava o ajuste fiscal e era considerada peça essencial
para os interesses do governo.
Depois de aprontar contra os interesses do governo,
o senador alagoano se apresenta como alguém com a autoridade capaz de
contribuir para possíveis reorganização e soerguimento do governo que até então
se mostrava destroçado e asfixiado pela incompetência e ineficiência gerenciais,
incapaz de vislumbrar qualquer horizonte para sair das crises política,
econômica e administrativa.
Embora a maioria das medidas propostas pelo senador
alagoano já esteja tramitando no Congresso Nacional, o fato se torna auspicioso
simplesmente por tentar reacender um pouco a motivação política, com fatos
relevantes em prol da presidente, que se mostrava apagada e cambaleante.
Agora, a guinada do presidente do Senado em socorro
à petista suscitou inevitável questionamento sobre o que realmente está por
trás dessa generosa ajuda. Para os entendidos, a presidente petista e o
alagoano se entenderem como de costume, negociando, com o aproveitamento dos
meios do velho e surrado esquema do “toma lá, dá cá”, envolvendo algo politicamente
incorreto, com a participação da máquina pública e de recursos dos bestas dos
contribuintes, tudo em consonância com a tradicional cartilha petista, bem
apropriada ao estilo das espúrias conveniências pessoais e partidárias, que
tanto apequenam as práticas político-administrativas.
No caso em questão, não chega a ser muito difícil entender
os lances dados no tabuleiro político, porquanto o senador alagoano está sendo
investigado na Operação Lava-Jato e a presidente tem o cargo ameaçado, em razão
das pedaladas fiscais e possíveis irregularidades nas contas de campanha,
estando ambos carentes de apoios mútuos, no sentido de que ajudas são
imprescindíveis para a salvação deles, não importando de que lado elas apareçam,
desde que venham para a salvação de seus relevantes cargos.
Os fatos mostram com muita transparência que nada
se faz na política sem haver razão plausível para tanto e é justamente o que se
pode perceber no caso em comento, em que um politico, com histórico nefasto e
arruinado por seu passado de falcatruas e até de denúncia de improbidade
administrativa, apresenta-se com autoridade para tirar a presidente petista
praticamente do limbo político, ao entregar ao governo pacote contendo projetos
que, se aprovados, poderão contribuir para melhorar a situação política dela.
É muito provável que nem nas republiquetas
as manobras políticas sejam tão explícitas como no país tupiniquim, onde as
negociatas são feitas às claras, como ficam muito evidentes os fatos políticos da
atualidade, cujos envolvidos normalmente agem visando à satisfação de
interesses pessoais ou partidários.
Urge
a reformulação completa do sistema político-eleitoral, de modo que possibilite a
imediata eliminação da vida pública dos maus políticos, quando muitos deles,
mesmo sendo réus em processo tramitando na Justiça ou investigados sob suspeita
de irregularidades com dinheiros públicos, ainda permanecem exercendo importantes
cargos no Executivo ou Legislativo, quando deveriam ser, por força da lei, imediatamente
afastados deles, como forma de moralização das atividades
político-administrativas, em respeito à legitimidade dos mandatos delegados
pelos votos dos cidadãos, na convicção de que deveriam ser respeitados com o
indispensável rigor, à luz dos princípios da dignidade e da nobreza no
exercício dos cargos públicos eletivos.
Os
brasileiros precisam se conscientizar sobre a necessidade de o país tupiniquim
poder conquistar, com urgência, a evolução e o desenvolvimento já alcançados
pelas nações verdadeiramente civilizadas e democráticas, quanto ao aprimoramento
e à modernidade inerentes às atividades políticas, de modo que os
representantes do povo, envolvidos em negociatas oportunistas, possam ser
imediata e rigorosamente punidos, inclusive com a perda em definitivo dos
respectivos cargos, além da responsabilização pelos prejuízos causados ao
patrimônio da sociedade. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
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