Depois
da estrondosa repercussão sobre a afirmação de que a continuidade da baixa
popularidade da presidente do Brasil pode ensejar a sua renúncia, a assessoria
do vice-presidente descarta qualquer espécie de conspiração contra a petista,
em evidente tentativa de responder às reportagens e análises publicadas pela
imprensa, dando a entender que ele teria ficado em situação de desconforto no
governo.
O
texto ressalta que o peemedebista "Trabalha
e trabalhará junto à presidente Dilma Rousseff para que o Brasil chegue em 2018
melhor do que está hoje. Todos seus atos e pronunciamentos são nessa direção.
Defende que todos devem se unir para superar a crise. Advoga que a divisão e a
intriga são hoje grandes adversários do Brasil e agravam a crise política e
econômica que enfrentamos.".
Foi
dado destaque para o fato de que "Apesar
de seu zelo, e atento ao cargo que ocupa, não são poucas as teorias divulgadas
de que suas atitudes podem levar à ideia de conspiração. Repudia-a. Seu
compromisso é com a mais absoluta estabilidade das instituições nacionais".
A
assessoria ressalta que o vice-presidente sempre expôs suas posições políticas
de forma aberta e franca, em mais de 30 anos de vida pública, e "Como acadêmico, seus raciocínios têm
premissa e conclusão. Não é frasista. Não se move pelos subterrâneos, pelas
sombras, pela escuridão.".
Não
há dúvida de que, nas circunstâncias, a emenda ficou pior que o soneto, porque
a tentativa de arrumação do estrago põe mais lenha na fogueira e reacende as
disputas pelo poder, para o qual, nos últimos dias, os caciques estão dando
lances cada vez mais estratégicos no tabuleiro político.
Causa
espanto se saber que a desgraça da presidente, na condução das políticas
públicas, acarreta igualmente o infortúnio do próprio vice-presidente, porque
ambos estão atrelados ao mesmo governo, por força da coalizão de
governabilidade, embora ele não tenha a menor autonomia para executar
absolutamente nada, pois a sua contribuição consiste basicamente no apoio ao
governo no Congresso Nacional, em troca de cargos em ministérios e empresas
estatais, com a materialização do espúrio fisiologismo que expõe ao ridículo a
prestação da essencialidade dos serviços públicos, que tem sido de péssima
qualidade, objeto do repúdio e da insatisfação dos brasileiros, da
impopularidade da presidente do país e da frase que se transformou no cerne da celeuma.
Também
causa perplexidade não se mencionar o fato de o PMDB ter patrocinado as peladas
fiscais e outras irregularidades, autorizando, no Congresso Nacional, a
extrapolação dos limites estabelecidos pela Lei de Responsabilidade Fiscal,
cujas irresponsabilidades contribuíram para alimentar e potencializar as crises
que afetam de forma letal a gestão da petista, que tem coparticipação do PMDB,
ante o seu integral apoiou.
É evidente que o vice-presidente não
disse mais do que a pura verdade sobre situação que o bom senso reconhece como
normal, mas, para a infelicidade dele o seu comentário teve por principal alvo
logo a presidente do país, que já demonstrou que não aceita com naturalidade
menções sobre a verdade dos fatos acerca do seu governo, tanto que, nesse caso,
a reação foi instantânea pelo Palácio do Planalto e tratada como ato de conspiração
contra a presidente.
Na
forma como o vice se posicionou, nas circunstâncias, foi mais um alerta a
mandatária do país, no sentido de que a situação não pode permanecer nesse
estado de letargia, mediocridade e tragédia, sob pena de as pressões aumentarem
de maneira insuportável e a alternativa é realmente a saída honrada dela do
Planalto.
No
fundo, o vice-presidente quis tão somente prestar contribuição à presidente
brasileira com seu sincero alerta, para que ela possa diligenciar no sentido de
organizar e estruturar mecanismos com vistas às providências capazes de sanear
as questões e os gargalos que estão sufocando as estruturas do governo, que não
podem continuar como estão ou piorar ainda mais, sob pena de a popularidade dela
despencar a ponto de precipitar a sua inevitável saída pela porta dos fundos do
Palácio do Planalto. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 10 de setembro de 2015
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