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depois que a Polícia Federal indiciou o ex-ministro da Casa Civil e o
ex-tesoureiro do PT, por envolvimento no esquema de corrupção investigado pela
Operação Lava-Jato, o ex-presidente da República petista admitiu que alguns
petistas cometeram “erros” e disse ainda
que “na vida a gente paga pelo erro”.
Não
obstante, segundo o petista, as impropriedades cometidas pelos companheiros não
podem contaminar o partido, porque “O PT
tem um milhão e não sei quantos mil filiados. É evidente que em uma família
deste tamanho existe o risco de alguns companheiros terem cometido erros. Na
vida, quando a gente comete erro a gente paga pelo erro. Temos defeitos, mas
ninguém fez mais do que nós fizemos por este país.”.
O
ex-presidente classificou o momento como “delicadíssimo”,
notadamente porque as manifestações contra o PT e o governo da sua afilhada evidenciam
“irracionalidade emocional da sociedade”.
Ele, porém, fez distinção entre dois tipos de manifestantes e disse que o
partido não pode reclamar de quem vai às ruas, para cobrar melhorias.
O
petista disse que “A única coisa é que
temos que medir as consequências, se estamos fazendo aquilo que nós nos propusemos
a fazer. E a gente tem que medir a pressão para saber por que eles estão se
manifestando”. A frase foi interpretada como um recado para a presidente.
O
ex-presidente se opôs aos manifestantes que saem às ruas para pedir a volta dos
militares ao poder, o fim das cotas nas universidades públicas e outros
“retrocessos”.
O
petista ainda fez um ataque indireto ao ex-presidente tucano, possivelmente por
ele rechaçar encontro entre os dois, afirmando que “Tem presidente que fez reunião enquanto era presidente com empresário
para arrecadação. A imprensa finge que não ouve”, fazendo referência ao
fato de o tucano ter reunido empresários no Palácio da Alvorada, no fim de seu
mandato, para colher contribuições para o seu Instituto. Enquanto o petista tem
sido alvo de ataques após o Conselho de Controle de Atividades Financeiras
(Coaf) ter enviado aos investigadores da Operação Lava-Jato informações sobre
doações de empreiteiras investigadas ao seu instituto, ou seja, o petista
pretende, com isso, justificar seu erro com a falta que teria sido praticada pelo
tucano.
A
expressão “Temos defeitos, mas ninguém
fez mais do que nós fizemos por este país.” transparece com extrema
patetice e enorme imaturidade de estadista, por dar a entender que a população
deve ser compreensiva com os graves defeitos dos governantes, por conta do que
eles tenham feito pelo país, como se não fosse obrigação dos homens públicos fazerem
o melhor, com regularidade, em benefício do interesse público.
No
caso específico do governo petista, já está mais do que comprovado que a distribuição
de renda, por meio do programa Bolsa Família, tão ressaltado pelos petistas,
não constitui nada de extraordinário, por ser medida estritamente de
competência do Estado, realizada com recursos dos brasileiros, que visa amparar
as pessoas carentes de recursos materiais e financeiros e que o governo petista
se aproveitou muito, com competência nesse particular, da ingenuidade de
brasileiros para transformar algo que era para ser apenas institucional do
Estado em atividade com fins populista e eleitoreiro em beneficio de seus
candidatos.
Essa
assertiva é confirmada com o resultado da última eleição presidencial, onde a
candidata à reeleição foi indiscutivelmente beneficiada com os votos dos
eleitores que integram o programa em apreço, que teria sido manipulado pelo
governo, no sentido de que seus adversários, se eleitos, iriam acabar com o
beneficio, em clara demonstração de extrema violação dos princípios
democráticos e civilizatórios, que deveriam ter sido objeto de sanção pelos
órgãos de controle e fiscalização sobre os procedimentos eleitorais e as normas
aplicáveis à espécie.
A
malandragem do ex-presidente é exuberante, que enaltece, como legado, os bons
resultados do governo petista – “... ninguém
fez mais do que nós fizemos por este país.” – mas, inteligentemente, omite
a desastrada gestão da sua afilhada, que simplesmente conseguiu quebrar o
Brasil e empurrá-lo para o poço sem fundo da recessão, em tremendo desastre da
gestão pública da história do país, em que pese ter prometido melhorar as
condições de vida dos brasileiros.
É
sintomático que o petista, ainda com enorme sacrifício, venha admitir que
alguns companheiros tenham cometido erros, porque até pouco tempo essa forma de
compreensão sobre a participação de correligionários em falcatrua jamais seria
aceita pelo todo-poderoso, ante o pensamento predominante do partido de que
eles estavam acima de tudo e da lei, sendo que qualquer suspeição não passava
de intriga da oposição e da imprensa, que não admitiam que os metalúrgicos, os
sindicalistas e os trabalhadores pudessem administrar o país.
Também
impressiona bastante a maneira habilidosa e maquiavélica como o petista
consegue manipular e distorcer os fatos a seu favor, sempre na tentativa de se
livrar dos males por ele causados ao país e aos brasileiros, em clara demonstração
do poder de verdadeiro golpista de mão cheia e profissional de altíssima
perspicácia para o atingimento de seus objetivos, sempre conseguindo que seus
fanáticos simpatizantes acreditem piamente nas suas façanhas e histórias mirabolantes.
Na
verdade, foi graça somente às investigações da Operação Lava-Jato, e não do
mensalão, que tem as mesmas características de esquema de desvio de recursos
públicos, para prevalecer a presença sobranceira da verdade para incomodar
terrivelmente os todo-poderosos e prepotentes petistas, porquanto, para eles,
tudo não passava de acusações levianas e infundadas, com viés golpista contra seu
projeto hegemônico de absoluta dominação e de perenidade no poder.
Conforme
mostram os fatos, os erros de poucos companheiros terminaram beneficiando os
próprios protagonistas e principalmente o PT, a presidente da República e o seu
antecessor, uma vez que o dinheiro da propina serviu para comprar a consciência
de parlamentares, no caso do mensalão, e, entre outros, para alimentar os
cofres do partido e custear as campanhas absolutamente dispendiosas e
perdulárias petistas, no caso do petrolão.
Ou
seja, tudo indica que os erros dos correligionários contribuíram de alguma
forma para beneficiar o ilustre petista que, inexplicavelmente, ainda não foi interpelado
como envolvido nesse verdadeiro mar de lama resultante das reiteradas
corrupções no governo petista, cujas investigações dos fatos irregulares pela
Operação Lava-Jato apenas se multiplicam com o passar dos dias, como verdadeira
teia de aranha que parece não ter fim.
A sociedade precisa se conscientizar, com urgência,
sobre a necessidade de serem exigidos dos homens públicos competência, sinceridade,
dignidade, honestidade, moralidade, abnegação e dedicação à exclusiva satisfação
do interesse público, com embargo das vergonhosas e indignas defesas das causas
pessoais e partidárias, com o emprego de recursos públicos, que têm sido
indecentemente objetivadas para absoluta dominação e perenidade no poder, em
cristalina infringência aos princípios democráticos e da administração pública.
Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
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