As torrenciais acusações que pesam sobre o
“magnífico” ex-ministro da Casa Civil e fundador do PT deixaram estarrecidos os
próceres do partido, que preferiram não sair em defesa dele, apenas disseram que
ele tem direito à defesa prévia e ao contraditório constitucionais. Ou seja, a
reação petista foi de absoluta cautela em relação à nova prisão do ex-ministro
e, diante dos fatos alarmantes, o PT somente o saudará em recintos fechados,
como de costume, porque ele será sempre o grande herói, para não dar a ideia de
que defender bandido faz parte da sua índole, embora, no mensalão, onde foi
julgado e condenado, ele mereceu o acolhimento dos correligionários de salvador
da pátria e supremo herói.
Embora as acusações feitas por dois importantes
delatores são assustadoras, à vista da qualidade e quantidade de detalhes, o PT
continuará a desacreditar que ele tenha sido capaz de sujar a dignidade do
partido que se dizia o mais ético da face da terra.
Desta feita, porém, causou preocupação ao governo e
ao PT a diferença de comportamento do ex-ministro, entre os atos imputados a
ele no mensalão e agora no petrolão, quando comparadas as suas condutas, em
que, neste último caso, segundo os investigadores, foram descobertas provas irrefutáveis
de enriquecimento pessoal, o que se trata de algo inacreditável, porque isso
não se harmoniza com a personalidade que ele sempre transmitiu para o partido.
O consolo do PT é de que o ex-ministro nega as
acusações, como se isso fosse o bastante, sob a alegação de que teria prestado
consultorias para empresas brasileiras interessadas em investir no exterior e
que recebeu recursos quando estava preso porque eles seriam resultado de
serviços realizados antes de ir para a cadeia, fato, aliás, que o juiz
responsável pelas investigações não acredita nem um pouco nessa versão, como
deixou consignado, em destaque, no seu despacho para justificar a nova prisão
do ex-ministro da Casa Civil.
O certo é que, no rumoroso caso do mensalão, o PT
cometeu o grave erro de minimizar e contemporizar a gravidade do episódio, tendo
preferido atacar pesadamente a atuação do Supremo Tribunal Federal, acusando-o
de promover julgamento político, quando os fatos de corrupção eram cristalinos
e materializados à luz solar, não deixando a menor dúvida sobre a esculhambação
protagonizada por líderes petistas encastelados dentro do palácio presidencial.
À vista das fortes evidências e das provas
levantadas, no caso da Operação Lava-Jato, fica bastante temerário o PT adotar
comportamento semelhante ao mensalão com relação às investigações que estão em curso
sobre o escândalo na Petrobras, porquanto os fatos apontados nas delações são
previamente checados e confirmados, para, depois, serem adotadas as medidas
pertinentes, com base segura e de difícil contestação.
Diante
disso, o PT ficou sem muito argumento para defender as acusações sobre as
irregularidades que estão vindas à tona a todo instante, cabendo melhor reflexão
bem antes de embarcar em teorias persecutórias ou manobras sem fundamento com
relação às ações decorrentes da Operação Lava-Jato.
Por seu turno, custa compreender, aliás, nem dá para
se entender como o PT pode se preocupar com os depoimentos dos delatores,
quando ele garante, de forma reiterada e peremptória, que as doações recebidas
são legais e chanceladas pela Justiça, fato este que, se verdadeiras as
afirmações, o imuniza sobre qualquer suspeita quanto ao seu envolvimento com as
irregularidades ocorridas na Petrobras, mas somente o partido acredita nessa
fantasiosa versão.
O Brasil precisa urgentemente acabar com tanta
incoerência, prepotência e indignidade, porque isso não condiz com as
verdadeiras atividades políticas, que têm por premissas a exclusiva satisfação
do interesse público.
Diante da falta de sinceridade e de priorização das
políticas públicas, o país foi conduzido a essa situação de terríveis
dificuldades, em que as classes políticas dominantes confundiram, de maneira
maliciosa, o público com o privado, na intencional priorização dos interesses
pessoais ou partidários, em completo detrimento do bem comum e em prejuízo do
primado da nacionalidade.
Compete
ao povo se conscientizar sobre a urgente necessidade de se repensar o Brasil,
exigindo profundas reformulações dos conceitos de políticas partidárias e
principalmente sobre as reais funções dos lídimos representantes do povo, que
não podem se afastar do exclusivo atendimento das necessidades públicas, com
embargo da generalizada defesa de interesses pessoais ou partidários, como
forma de possibilitar o aprimoramento dos princípios democrático e republicano
e a contribuição ao desenvolvimento do país. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 23 de setembro de 2015
Nenhum comentário:
Postar um comentário