terça-feira, 22 de setembro de 2015

Apelo ao golpe

Para os entendidos especialmente em marketing político, as insistentes menções da presidente da República às tentativas de golpe para tirá-la do governo têm, na verdade, a finalidade da invocação subliminar no sentido de que a oposição seja benevolente e tenha compaixão com o terrível sofrimento do governo e do PT e pratique, de vez, sem mais delonga, essa boa ação do impeachment, para minimizar o calvário da presidente e a dramática situação de governança.
Em razão de suas derrapadas e desastradas na administração do país, com os sofríveis resultados das contas públicas, que sobressaem pelos crescentes déficits e rombos insanáveis em curto prazo, e das políticas econômicas, com o país em cáustica recessão, com suas consequências extremamente maléficas para os brasileiros, o governo e seu partido passam por situação aflitiva e demonstram total incapacidade para contornar seus malfeitos, em evidente situação de desespero, que somente seria interrompida com o golpe de misericórdia, i.e., com o afastamento forçado da presidente do cargo.
Como consequência, a presidente acumula o pior registro de impopularidade da história recente da República, o que recomendaria a renúncia do cargo por qualquer homem público com um pouco de sensibilidade e consciente sobre os males que tenha praticado contra o país, mas a prepotência e a arrogância da petista impedem-na de atitude de tamanha importância e magnitude, que funcionaria como a salvação da pátria e quiçá do próprio partido, porque a tendência é de haver agravamento das crises de governabilidade e de piorar ainda mais o quadro político da presidente e do seu partido, podendo complicar a preferência do eleitorado, no próximo pleito, que há de sopesar sobremaneira os danos já causados ao país e aos brasileiros.
Não obstante, essa fórmula tão simples e eficiente não agrada nem um pouco aos propósitos do governo nem do partido, porque significaria o seu atestado de incompetência e de incapacidade de gestão pública, assumindo a culpa pela desarrumação e pelo desarranjo das estruturas do país, algo que jamais será feito, em que pesem as evidências dos fatos irrefutáveis nesse sentido.
A simples renúncia seria verdadeiro desastre, porque o ato em si fica marcado de forma indelével e nunca será apagado da história brasileira.
O objetivo do governo e do PT é muito claro e depende de medida salvadora da sua “dignidade”, que se resolveria com o simples golpe perpetrado por exclusiva iniciativa da oposição, para que eles, logo em seguida, pudessem se colocar como vítimas indefesas e se colocariam como verdadeiros heróis, por terem sido afastados do governo por ato ilegítimo protagonizado pela “elite” que não se conforma com a ascensão ao poder da classe trabalhadora e outras adjetivações absurdas e desconexas próprios dos petistas.
É evidente que, de situação de impopularidade, incompetência, destruidores do Brasil, repúdio e ódio, o PT colocaria imediatamente em prática seu eficiente marketing para funcionar, no sentido de denunciar, em bom tom, que a burguesia derrubou o governo, justamente porque não gosta de pobres como ele, que foi o partido que mais defendeu as condições de vida das famílias pobres, de modo que governo atrapalhado, incompetente e corrupto, entre outras deficiências, tudo faria para mostrar que a culpa por seu fracasso deve ser creditada exclusivamente às elites e jamais às suas deficiências de gestão.
Com isso, o PT iria tentar transferir a responsabilidade para sanar as questões nacionais e da Petrobras ao governo sucessor, que herdará a pior herança maldita de todos os tempos.
Caso não haja o impeachment da presidente, que o governo denomina de golpe, o PT ficará em insolúveis dificuldades para encontrar melhor alternativa para sair do atoleiro que ele se meteu, principalmente porque não terá qualquer álibi para justificar seus governos desastrosos e prejudiciais aos interesses do país e dos brasileiros, salvo a distribuição de renda, como o programa Bolsa Família, que não passa de atividade de incumbência constitucional do Estado, que o PT, muito espertamente, transformou em projeto populista e eleitoreiro, como se os recursos pertencessem ao próprio partido e não aos tolos dos contribuintes.
O governo petista também passará para a história como aquele que foi completamente avesso às reformas das estruturas do Estado, que poderiam ter contribuído para o aperfeiçoamento e a modernização dos instrumentos capazes de transformar o arcaísmo, o obsoletismo e os atrasos dogmáticos que tanto ajudaram a emperrar a dinâmica da República, que perdeu o liame com os avanços benfazejos da humanidade, que foram dissipados no espaço sideral por governo indiscutivelmente mais interessado em investir na dominação absoluta da classe política e na perenidade no poder, à custa do retrocesso do país e de seu povo.
Urge que a sociedade fique atenta às infundadas e injustificáveis provocações vindas de quem foi capaz de protagonizar enormes danos ao patrimônio dos brasileiros, mas, mesmo assim, ainda espera por ato de benevolência e pela oportunidade para se passar de vítima e de herói da pátria, como se os brasileiros fossem um bando de imbecis, ingênuos e abestados, que não tivessem capacidade para enxergar as maldades e as impropriedades de governo inconsequente e irresponsável, à vista dos rombos causados às contas públicas e dos estragos à economia nacional. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 22 de setembro de 2015

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