Na
sua passagem por Cuba, o papa teve demorado encontro com o ditador afastado,
por motivo de doença, do comando do país, tão somente para conversar e trocar
presentes entre ambos.
É
evidente que o papa não deve ter ido visitar o famoso "paredon", onde
milhares de seres humanos foram sacrificados, e orar pelas almas dos que ali
pereceram, de forma cruel, pelo simples fato de não comungar com a mesma cartilha
da ditadura devastadora.
É
lamentável que o papa tenha ido a Cuba para fazer turismo, como no caso de se
encontrar, por mera cortesia, com um dos ditadores mais sanguinários da face da
terra, em demonstração de mui respeito por declarado anticristo.
O
papa deveria ter a sensibilidade de repudiar as atrocidades da ditadura ao povo
cubano, que é privado dos direitos humanos e das liberdades democráticas.
É
inaceitável que o papa, no alto da sua santidade terrena, faça tour a Cuba para
beijar as mãos de cruéis e impiedosos ditadores.
Durante
a permanência do papa em Cuba, ele foi completamente incapaz de mencionar a
situação de escravização do povo cubano, não fazendo a mínima referência ao
coas social e ao atraso econômico que destroçaram por completo aquela nação,
cujos ditadores culpam, por tal desastre, pasmem, o bloqueio econômico dos
Estados Unidos da América, quando a origem do fracasso e derrocada da ilha é
creditada às relações de Cuba à antiga União Soviética e à adoção do comunismo
como regime, em antagonismo ao sistema democrático dos EUA.
Aliás,
para não dizer que o pontífice não foi totalmente omisso, ele ousou mandar
recado para o povo, sim, para o povo cubano, ao dizer que é importante se
derrubar os muros e se construir pontes, dando a entender, de forma
extremamente suavizada, que a culpa pela irracionalidade do regime cubano é do
povo, porquanto os brutamontes e trogloditas tiranos não precisam mudar
absolutamente nada, eis que a transformação havida no comportamento
escravocrata tem o horroroso beneplácito do sumo pontífice, como sendo processo
normalíssimo.
A
omissão do santo padre, na visita a Cuba, foi tão expressiva que ele sequer se
dignou a se reunir com os líderes da oposição, que é tratada naquele país com
rédeas curtas e menos direitos que os dados aos demais cidadãos, que também não
os têm, em razão de não se conformar com a dureza do regime.
Ultimamente,
Cuba tem sido motivo de destaque no noticiário internacional por conta da
normalização das relações diplomáticas com os Estados Unidos da América, cujo
coroamento aconteceu com a reabertura das embaixadas nos dois países, em agosto
último.
Contudo,
Cuba continua tal qual sendo Cuba, ou seja, em que pese a "abertura"
do regime amaldiçoado, a tirania segue reprimindo os opositores, a exemplo da
prisão preventiva de muitos deles, como forma de se evitar a sua aproximação ao
papa.
Há
relatos de que diversas organizações contrárias ao regime castrista passaram a
se reportar a prisões arbitrárias. Em uma dessas ações policiais, vinte
mulheres do movimento "Damas de Blanco" foram presas quando andavam
pelas ruas de Havana. Pelo interior do país, agente da inteligência cubana identificavam
carros e ônibus que seguiam para a capital, transportando oposicionistas.
Não fica nada bem para o representante da Igreja
Católica se dirigir ao papa do comunismo, para simplesmente beijar-lhe as mãos
ensanguentadas das vítimas da revolução cubana. É lamentável que o maior líder
dessa igreja se preste a esse desprezível papel de visitar pessoa responsável
por massacrar milhares de seres humanos, em nome de ditadura arrasadora e
violenta, que somente contribuiu para o retrocesso social, político, econômico
e democrático daquele país.
Em
harmonia com a liturgia do relevante cargo de sumo pontífice, caberia ao papa
repudiar o regime comunista cubano, principalmente o tratamento dispensado
pelos ditadores daquele país ao seu povo, que é absolutamente privado dos
direitos humanos e das liberdades democráticas.
Não
se viu o papa fazer a menor menção sobre essa desagradável situação, como é do
seu dever como conciliador dos direitos humanos e não das relações políticas,
como parece que é o que ele tem feito, sendo até elogiado por seu trabalho
nesse sentido, em menosprezo às condições do ser humano.
Em
que pese o sumo pontífice não ter, inexplicavelmente, se posicionado nem de
passagem à grave e deplorável situação social dos cubanos, ele,
voluntariamente, se esforça, como potencial representante diplomático da
tirania cubana, a defender o fim do embargo econômico imposto ao regime
comunista daquele país.
Esse
esdrúxulo registro nada mais é que página negra escrita na história papal, por
não condizer com a verdadeira missão de representante de Cristo, por se referi
a atividade própria da diplomacia estritamente do país interessado, que jamais
poderia ser invocada pelo líder da Igreja Católica.
Na
verdade, e de se lamentar que o papa ultrapasse os muros do Vaticano para
prestar relevantes serviços ao regime comunista cubano, em hercúleo esforço de
enaltecer ainda mais a reafirmação, de forma veemente, tão somente o prestígio
da autoridade tirânica castrista, sem se atentar, minimamente, para as graves e
cruentes dificuldades do povo ilhéu, que continua sendo massacrado com a
privação dos direitos humanos e das liberdades individuais, em especial o pleno
exercício dos princípios democráticos, em evidente e marcante prejuízo pra a
dignidade e a valorização do ser humano, que poderiam ter sido resgatadas com a
autoridade papal, em nome da sua importância no contexto mundial.
É
pena que ele, nesse particular, não tenha cumprido seu importante papel de
mensageiro de Jesus Cristo, que é de se buscar a felicidade do ser humano.
Com
certeza, como o santo padre tem enorme influência mundial, ele poderia ter voz
ativa em defesa dos indefesos cubanos, no sentido de conseguir abertura para as
liberdades tão ansiadas na ilha caribenha.
A
sua visita a Cuba teria verdadeira importância, em cumprimento à missão de
representante de Jesus Cristo na terra, se ele a tivesse aproveitado para o benfazejo
propósito de convencer os insensíveis ditadores a respeitarem os direitos
humanos e os princípios democráticos, mostrando a eles o verdadeiro sentido da
humanização e da dignidade do ser humano.
Há
comentários de jornalistas que acompanham o Vaticano criticando a atuação do
santo padre em Cuba, por sua evidente demonstração de apatia quanto à obrigação
de cobrar posição firme dele no sentido de exigir do ditador daquele país medidas
verdadeiramente de abertura do regime comunista, como forma de libertar o povo
da submissão à desumanidade, ao atraso e ao ostracismo do desenvolvimento
científico e tecnológico, ao invés da visível complacência papal com a tirania,
que não condiz com os sentimentos e os princípios disseminados por Jesus
Cristo, que não se curvou aos poderosos e demonstrou que o ser humano deve ser
tratado segundo os conceitos de fraternidade, igualdade, liberdade,
independência e plena autonomia dos direitos humanos e democráticos, podendo
usufruir livremente os sentimentos inerentes ao ser humano. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 24 de setembro de 2015
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