quarta-feira, 9 de setembro de 2015

A mudança como preferência nacional

Em recente aparição pública, o ex-presidente da República petista declarou que teria voltado a voar, a despeito de que a sua intenção era mesmo de se aposentar, mas seus adversários políticos não deixam que isso aconteça.
Ele lembrou a história de que “Você só consegue matar um pássaro se ele ficar parado no galho olhando para você. Se ele ficar voando ou pulando é difícil. Então é o seguinte: eu voltei a voar outra vez”.
O que isto significa pertence ao reino das ambiguidades que marcam a atividade política em geral. Ao decidir pela volta ao voo, o petista não definiu exatamente qual seja o seu propósito, mas é possível se inferir que pode voar para ajudar aliados em disputas políticas locais, melhorar o ânimo de governistas acuados com a situação político-econômica ou se aproximar de seus eleitores, com vistas à tentativa de retorno ao Planalto.
Conforme pesquisa recente do Ibope, há real evidência de que o petista perdeu muita popularidade, à vista do seu enorme peso político que havia conquistado como o maior influenciador eleitoral, mas, na atualidade, ele não teria tanta preferência, em caso de decisão presidencial, pois perderia facilmente para o senador tucano, pelo placar de 50% contra 31%.
Para quem já foi considerado disparadamente imbatível, são os sinais de que os tempos mudaram e nova mentalidade popular poderá ter reflexo benéfico para o país e os brasileiros, pelo vislumbre de novos horizontes na forma de se fazer política e de se administrar o país na maneira tal qual como deve ser, tendo o interesse público como o fim em si e não com o compadrio como cerne dos interesses políticos, onde se prevalecem os projetos de absoluta dominação e a perenidade no poder.
Não obstante, mesmo com o desgaste da presidente do país, à vista das crises política, econômica e administrativa, que também atingem o PT, por conta das denúncias de corrupção, e o próprio Lula - que apadrinhou a presidente -, o ex-presidente somente venceria o senador tucano no Nordeste, com o placar de 43% a 39% e empataria entre eleitores muito pobres. No entanto, o petista encolheu significativamente na preferência dos demais segmentos e regiões do país, dando a entender que o povo pode ter passado a querer o melhor para o país e os brasileiros.
A pesquisa sugere, em especial, que as bases socioeleitorais e regionais das classes mais pobres, com destaque para as regiões nordestinas, que já garantiram expressivo apoio nas urnas, passam por sensível desgaste de credibilidade, com relação ao governo fraco, à economia fraquejada e à desmoralização dos princípios da administração pública, com o afloramento de corrupções, que contribuíram, de forma expressiva, para a perda de fiéis simpatizantes petistas.
Infelizmente, esse cidadão é fruto do próprio meio, no qual o povo demonstra sentir a necessidade de ter alguém como líder, não importando a sua índole. Não é à toa que cada vez se fortalece o ditado popular segundo o qual o povo tem o governo que merece e esse povo tupiniquim já elegeu o quanto pior na política, melhor na administração do país, como vem acontecendo com o governo petista, com seu arraigado populismo, em desprezo às demais políticas de modernidade e de desenvolvimento das estruturas do Estado, que não podem passar por reformulações para não prejudicar os interesses pessoais e partidários tão bem defendidos pelo status quo.
          Veja-se que, desde o ingresso do PT no poder, não se fala em nada diferente de incompetência na gestão dos recursos públicos, inclusive na depravação dos princípios morais, com a implantação sistêmica e endêmica da corrupção, com a finalidade de financiamento dos projetos de absoluta dominação e de perenidade no poder, em detrimento dos interesses do país e dos brasileiros.
Foi o PT, na liderança do agora voador, que promoveu alianças com a nata dos piores políticos criticados por seus integrantes como ladrões, corruptos, picaretas e outros adjetivos de degeneração social, tudo com a finalidade da formação da coalizão de governabilidade, tendo por base o deprimente sistema do fisiologismo ideológico, que consiste no loteamento de ministérios e empresas estatais entre os partidos da aliança de sustentação do governo.
Além da desgraça consistente na entrega de órgãos públicos à direção de políticos inescrupulosos e despreparados, que contribuiu para a generalização da ineficiência e precariedade da prestação dos serviços públicos, o PT, sob a liderança do agora voador, não promoveu nenhuma reforma das estruturas do Estado, fato que contribuiu, de forma efetiva e decisiva, para atrasar e arcaizar a República, que cada vez mais se envelhece e se distancia dos princípios desenvolvimentistas, justamente pela falta de aperfeiçoamento e modernização dos sistemas capazes de acompanhar os avanços tecnológico e científico, que deixaram de fazer sentido, em razão da falta de vontade politica para a promoção das reformas prometidas pelo PT, que nunca passaram nem por perto do planejamento, fato que evidencia não ser, decisivamente, conveniente para esse partido alterar o status quo da nação, para que a modernidade não possa influenciar nos seus planos políticos de dominação absoluta e de perenidade no poder.
Por seu turno, não passa de falácia que o governo petista tenha se preocupado em acabar com a miséria de brasileiros, com a intensificação da distribuição de renda para as famílias carentes, quando se sabe perfeitamente que esse processo se insere em invencionice maquiavélica e estratégica socialista de amparo à pobreza, com o emprego de substanciais verbas públicas, tendo por nítido viés populista e eleitoreiro, conforme ficou evidenciado, à saciedade, no último pleito eleitoral, que a candidata à reeleição foi majoritariamente apoiada nas urnas, em clara demonstração do peso da maior densidade do programa do Bolsa Família, denotando indiscutível uso de recursos públicos para a satisfação de interesses pessoal e partidário.
Os brasileiros precisam se conscientizar, com a máxima urgência, sobre as formas mesquinhas e oportunistas como determinados homens públicos ainda praticam políticas, fazendo uso de recursos públicos para se manterem em evidência e ainda se passando por verdadeiros salvadores da pátria, quando, na realidade, o pouco que eles fizeram não passaram do cumprimento da incumbência constitucional e legal do Estado e não do partido, porquanto os prejuízos por eles causados aos brasileiros, por força de suas omissões quanto à falta de modernização do Estado, às coalizões espúrias e tantos atos de precariedades praticados na gestão dos recursos públicos certamente não aconselhariam o apoio do povo a quem já demonstrou plena incapacidade administrativa e gerencial para conduzir os interesses nacionais. Acorda, Brasil!
                
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 09 de setembro de 2015

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