Em recente aparição pública, o ex-presidente da
República petista declarou que teria voltado a voar, a despeito de que a sua
intenção era mesmo de se aposentar, mas seus adversários políticos não deixam
que isso aconteça.
Ele lembrou a história de que “Você só consegue matar um pássaro se ele ficar parado no galho olhando
para você. Se ele ficar voando ou pulando é difícil. Então é o seguinte: eu
voltei a voar outra vez”.
O que isto significa pertence ao reino das
ambiguidades que marcam a atividade política em geral. Ao decidir pela volta ao
voo, o petista não definiu exatamente qual seja o seu propósito, mas é possível
se inferir que pode voar para ajudar aliados em disputas políticas locais,
melhorar o ânimo de governistas acuados com a situação político-econômica ou se
aproximar de seus eleitores, com vistas à tentativa de retorno ao Planalto.
Conforme pesquisa recente do Ibope, há real
evidência de que o petista perdeu muita popularidade, à vista do seu enorme
peso político que havia conquistado como o maior influenciador eleitoral, mas,
na atualidade, ele não teria tanta preferência, em caso de decisão
presidencial, pois perderia facilmente para o senador tucano, pelo placar de
50% contra 31%.
Para quem já foi considerado disparadamente
imbatível, são os sinais de que os tempos mudaram e nova mentalidade popular
poderá ter reflexo benéfico para o país e os brasileiros, pelo vislumbre de
novos horizontes na forma de se fazer política e de se administrar o país na
maneira tal qual como deve ser, tendo o interesse público como o fim em si e
não com o compadrio como cerne dos interesses políticos, onde se prevalecem os
projetos de absoluta dominação e a perenidade no poder.
Não obstante, mesmo com o desgaste da presidente do
país, à vista das crises política, econômica e administrativa, que também atingem
o PT, por conta das denúncias de corrupção, e o próprio Lula - que apadrinhou a
presidente -, o ex-presidente somente venceria o senador tucano no Nordeste, com
o placar de 43% a 39% e empataria entre eleitores muito pobres. No entanto, o
petista encolheu significativamente na preferência dos demais segmentos e
regiões do país, dando a entender que o povo pode ter passado a querer o melhor
para o país e os brasileiros.
A pesquisa sugere, em especial, que as bases socioeleitorais
e regionais das classes mais pobres, com destaque para as regiões nordestinas,
que já garantiram expressivo apoio nas urnas, passam por sensível desgaste de
credibilidade, com relação ao governo fraco, à economia fraquejada e à
desmoralização dos princípios da administração pública, com o afloramento de
corrupções, que contribuíram, de forma expressiva, para a perda de fiéis
simpatizantes petistas.
Infelizmente, esse cidadão é fruto do próprio meio, no
qual o povo demonstra sentir a necessidade de ter alguém como líder, não
importando a sua índole. Não é à toa que cada vez se fortalece o ditado popular
segundo o qual o povo tem o governo que merece e esse povo tupiniquim já elegeu
o quanto pior na política, melhor na administração do país, como vem
acontecendo com o governo petista, com seu arraigado populismo, em desprezo às
demais políticas de modernidade e de desenvolvimento das estruturas do Estado,
que não podem passar por reformulações para não prejudicar os interesses
pessoais e partidários tão bem defendidos pelo status quo.
Veja-se
que, desde o ingresso do PT no poder, não se fala em nada diferente de
incompetência na gestão dos recursos públicos, inclusive na depravação dos
princípios morais, com a implantação sistêmica e endêmica da corrupção, com a
finalidade de financiamento dos projetos de absoluta dominação e de perenidade
no poder, em detrimento dos interesses do país e dos brasileiros.
Foi o PT, na liderança do agora voador, que promoveu
alianças com a nata dos piores políticos criticados por seus integrantes como
ladrões, corruptos, picaretas e outros adjetivos de degeneração social, tudo
com a finalidade da formação da coalizão de governabilidade, tendo por base o
deprimente sistema do fisiologismo ideológico, que consiste no loteamento de
ministérios e empresas estatais entre os partidos da aliança de sustentação do
governo.
Além da desgraça consistente na entrega de órgãos
públicos à direção de políticos inescrupulosos e despreparados, que contribuiu
para a generalização da ineficiência e precariedade da prestação dos serviços
públicos, o PT, sob a liderança do agora voador, não promoveu nenhuma reforma
das estruturas do Estado, fato que contribuiu, de forma efetiva e decisiva,
para atrasar e arcaizar a República, que cada vez mais se envelhece e se
distancia dos princípios desenvolvimentistas, justamente pela falta de
aperfeiçoamento e modernização dos sistemas capazes de acompanhar os avanços
tecnológico e científico, que deixaram de fazer sentido, em razão da falta de
vontade politica para a promoção das reformas prometidas pelo PT, que nunca
passaram nem por perto do planejamento, fato que evidencia não ser,
decisivamente, conveniente para esse partido alterar o status quo da nação, para que a modernidade não possa influenciar nos
seus planos políticos de dominação absoluta e de perenidade no poder.
Por seu turno, não passa de falácia que o governo
petista tenha se preocupado em acabar com a miséria de brasileiros, com a
intensificação da distribuição de renda para as famílias carentes, quando se
sabe perfeitamente que esse processo se insere em invencionice maquiavélica e
estratégica socialista de amparo à pobreza, com o emprego de substanciais
verbas públicas, tendo por nítido viés populista e eleitoreiro, conforme ficou
evidenciado, à saciedade, no último pleito eleitoral, que a candidata à
reeleição foi majoritariamente apoiada nas urnas, em clara demonstração do peso
da maior densidade do programa do Bolsa Família, denotando indiscutível uso de
recursos públicos para a satisfação de interesses pessoal e partidário.
Os brasileiros precisam se conscientizar, com a
máxima urgência, sobre as formas mesquinhas e oportunistas como determinados
homens públicos ainda praticam políticas, fazendo uso de recursos públicos para
se manterem em evidência e ainda se passando por verdadeiros salvadores da
pátria, quando, na realidade, o pouco que eles fizeram não passaram do
cumprimento da incumbência constitucional e legal do Estado e não do partido,
porquanto os prejuízos por eles causados aos brasileiros, por força de suas
omissões quanto à falta de modernização do Estado, às coalizões espúrias e tantos
atos de precariedades praticados na gestão dos recursos públicos certamente não
aconselhariam o apoio do povo a quem já demonstrou plena incapacidade
administrativa e gerencial para conduzir os interesses nacionais. Acorda,
Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 09 de setembro de 2015
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