A presidente da República deixou escapar que pretende negociar
com o PMDB a indicação de, pelo menos, três nomes para compor seu novo
ministério, como forma de atender, em especial, os grupos do Senado Federal, da
Câmara dos Deputados e do vice-presidente da República.
Segundo foi apurado pela Folha de S.Paulo, a ministra da Agricultura, que é senadora pelo
PMDB, teria transmitido aos peemedebistas o desejo da presidente de negociar a
indicação de nomes ligados ao vice-presidente, ao presidente do Senado e ao
líder do partido na Câmara.
Em se tratando de principal partido aliado ao governo,
o PMDB é assediado sob forte pressão para liderar o movimento de impeachment da
petista, com o que o Palácio do Planalto teme que possa haver o rompimento do
partido com a presidente, possibilitando facilidades para a abertura do
processo de impeachment dela pela Câmara.
Com o agravamento das crises política e
econômica, a presidente tenta aproximação com lideranças do PMDB, em harmonia
com orientação do seu padrinho político, por considerar que o presidente do Senado
tem papel relevante na votação da chamada Agenda Brasil, lista de propostas
para a retomada do crescimento econômico do país. Enquanto na Câmara, a maior
bancada é do PMDB, onde eventual processo de impeachment pode ter início, o que
será dificultado sem o apoio do partidão.
A presidente, que até então não tinha o menor pudor para
distribuir ministérios e empresas estatais em troca de apoio aos seus projetos
políticos, agora perdeu de vez a prudencial cerimônia que se exige na liturgia
do cargo presidencial, ao deixar escapar que pretende negociar, ao menos, três
ministérios com o PMDB, para ter a garantia do apoio dele, em caso de se tornar
possível o processo de seu impeachment.
Ou seja, a petista escancarou a falta de dignidade no
exercício do mais importante cargo do país, na tentativa de ficar a salvo do
afastamento dele por incompetência gerencial e administrativa, depois de ter
quebrado a economia nacional e torrado o patrimônio da Petrobras, com a ingerência
do Palácio do Planalto, i.e., ela quer leiloar o Brasil para se manter no poder,
apesar da cabal demonstração de incapacidade para governar e/ou administrar o
país, conforme evidenciam os fatos, que são substanciosos e palpáveis.
Na falta de condições para a governabilidade do país,
a presidente se vale do poder de barganha dos ministérios, de forma bisonha e
melancólica, como moeda de troca, em lastimável exemplo de indignidade que a
vil política transmite para a população, que, incrédula, infelizmente assiste,
de forma passiva, à decadência da cada vez mais velha e ultrapassada República.
Alguém precisa informar à presidente e à classe
política que não é para atos indignos que servem os ministérios, quais sejam, meros
instrumentos de compra de apoio politico para se conseguir aprovar projetos de
interesse pessoal, do governo ou de partido, à custa do erário, cujas
consequências são a completa ineficiência da máquina pública e a péssima
qualificação dos serviços públicos prestado à população, com o beneplácito de
quem deveria dar o exemplo de preparo, qualificação e dignidade.
À toda evidência, caso se concretize a sua intenção, trata-se
de mais um ato de indignidade praticado pela presidente do país, que pretende
negociar o loteamento de cargos públicos entre o principal partido da coalização
em troca de apoio político, ou seja, ela demonstra não ter o menor pudor para barganhar
apoio político em troca da fidelidade de aliados à permanência dela no cargo,
que nunca esteve tão fragilizado, depois de suas graves derrapadas na condução
das ações e políticas públicas.
A precipitação demonstrada pela petista, no presente
caso, pode ser fruto do estrondoso estouro das contas públicas e da inserção da
recessão econômica no país, cujas consequências são de enormes dificuldades
para os brasileiros, em face do aumento do desemprego, da redução da renda dos
trabalhadores, da desindustrialização, da retirada e do afugentamento do país do
capital estrangeiro, da drástica diminuição da arrecadação, da inexistência de
investimentos público e privado, além de tantas outras mazelas prejudiciais ao
desenvolvimento da nação.
Na realidade, tudo isso ocorre em dissonância com as
promessas pra lá de generosas disseminadas pela candidata à reeleição, na
campanha eleitoral, segundo as quais o Brasil, que já se encontrava, no seu
dizer, às mil maravilhas, deveria passar, no seu segundo mandato, por mudanças
benfazejas para a população, mas as trágicas e terríveis situações política,
econômica e administrativa simplesmente deflagraram o pior quadro possível para
a reputação da presidente, que vislumbra como medida passível o loteamento de ministérios
em troca de apoio político.
Ela pretende se salvar no cargo, driblando o seu
impeachment, mediante a implementação do deplorável e recriminável toma lá, dá
cá, em evidente privilégio ao igualmente condenável ideologismo ideológico de
que é dando que se apoia, em harmonia com a politicagem retrógrada e
ultrapassada que nem as republiquetas a praticam mais, por haver nisso
explícito ferimento aos princípios da ética, moralidade, legalidade e dignidade,
os quais devem necessariamente imperar na administração do país.
Impende
se ressaltar que a prática censurável de se negociar cargos em troca de apoio
político não apequena somente a moralidade e a dignidade da presidente da
República, mas igualmente do partido e de seus integrantes, por se submeterem à
formalização de maracutaia exclusivamente em atendimento à indiscutível
conveniência política, embora em completo menosprezo aos salutares princípios
da moralidade, dignidade e nobreza que jamais deveriam ser inobservados em
pleno século XXI, quando as nações sérias e evoluídas somente dão exemplos de
civilidade e de humanização dos procedimentos político-administrativos.
Compete, em especial, aos brasileiros imbuídos dos
princípios cívicos e patrióticos demonstrarem indignação e repúdio, com o
máximo de veemência, contra mais esse possível vil procedimento administrativo que
poderá ser implementado pelo governo, de promover a troca de cargos públicos
por apoio político, em evidente contrariedade aos saudáveis princípios que
regem a administração pública e em total desaprovação dos conceitos democrático
e republicano. Acorda, Brasil!
ANTONIO
ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 20 de setembro de 2015
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