terça-feira, 7 de agosto de 2018

A contradição do dever cívico


Nas minhas crônicas, é visível a defesa da imperiosidade de os brasileiros se despertarem para a prática dos salutares sentimentos de brasilidade, civismo e moralidade, em demonstração de repulsa aos maus e inescrupulosos políticos, principalmente aqueles que estão implicados na Justiça, em especial sob a suspeição da prática  de atos contrários aos princípios da administração pública, de modo que eles possam ser orientados pelo povo a suspenderem suas atividades políticas até a obtenção do indispensável atestado de bons antecedentes, em confirmação da sua habilidade política e administrativa, condizente com o exercício de cargos públicos eletivos, em conformidade com o ordenamento jurídico pátrio.
O que se pretende com isso é apenas tentar mostrar, com clareza, que as atividades políticas exigem que os homens públicos estejam absolutamente no estrito cumprimento das regras jurídicas sobre a comprovação de licitude e imaculabilidade na vida pública, porque é exatamente assim como agem e atuam os verdadeiros profissionais da política, nas nações sérias e civilizadas, onde o povo é tratado com o devido respeito, no que se referem aos princípios de civismo e cidadania.
A propósito disso, o senhor Geraldo Moisés de Andrade, em demonstração de absoluto desprezo à sensatez, disse, em tom de indagação, que “Que medo é este de Lula? Ajude o Brasil a ser feliz de novo! Votando em Lula!”, em nítido acinte às pessoas que pensam diferentemente dele e prezam o verdadeiro sentimento da moralização e dos bons princípios, uma vez que declarar que não tem medo de político que se encontra preso, pela prática de atos contra a dignidade na administração pública, é pura certeza de ser feliz, quando é preciso se ter a plena consciência de que o simples fato do encarceramento já não condiz com os melhores sentimentos de brasilidade e os salutares princípios da moralidade e da civilidade.
Impende se afirmar que a avaliação sobre os fatos da vida real exige o máximo de honestidade e compreensão ao ser humano, sendo muito importante que as pessoas se manifestem sobre o que pensam, porque se trata do direito individual da livre expressão de pensamento, inclusive envolvendo o sentimento pessoal sobre seus ídolos, mas isso não implica juízo de valor quanto ao que pensam os opositores, diante do natural respeito à diversidade e à pluralidade, em harmonia com os saudáveis princípios democráticos.
Ocorre que, quem tem o mínimo de civismo no peito e amor no coração ao Brasil não tem medo de absolutamente nada, mas é normal que tenha enorme temor, na consciência, dos males que podem ser causados aos brasileiros pela gestão incerta e insegura de pessoa que se encontra presa justamente por pesar sobre seus ombros as gravíssimas acusações sobre os crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, sob o currículo nada republicano e incorreto de já ter sido condenado à prisão pela prática de atos desabonadores dos bons costumes na administração do país, o que se exige, no mínimo, prudência, em termos de apoio a quem se encontra sob grave suspeita de ilicitudes.
Não bastasse apenas isso, o referido político ainda responde a mais cinco pesadas denúncias perante a Justiça, igualmente pelas acusações da prática dos  gravíssimos crimes referentes a corrupção passiva, lavagem de dinheiro, organização criminosa e tráfico de influência, os quais são, sob o prisma da moralidade pública imperante nos países sérios e civilizados, notoriamente incompatíveis com a gestão da coisa pública e do patrimônio dos brasileiros, ou seja, dissonante também com o exercício do relevante cargo de presidente da República.
Esses fatos, se acontecidos contra pessoa pública do nível de quem já exerceu o elevado cargo de mandatário da nação, nos aludidos países, seriam mais do que suficientes para as pessoas com o mínimo de sensibilidade política e moral republicana repudiarem e simplesmente mostrarem a dignidade e o princípio de honestidade que todo ser humano precisa honrar dentro de si, porque não passa de grotesca insensatez que o homem correto, honesto sinta felicidade em ser representado, em termos políticos e administrativos, por homens públicos completamente implicados na Justiça, justamente por não terem conseguido demonstrar a sua inculpabilidade acerca de acusações sobre denúncias de irregularidades pertinentes aos seus atos na vida pública, o que é notoriamente natural em existindo inculpabilidade material.
Isso é clara e evidente demonstração de ilicitudes dissonantes com os princípios republicanos e democráticos, que precisam ser evidenciados no cotidiano das atividades político-administrativas, no âmbito das estritas responsabilidades patriótica e cívica, porque, ao contrário disso, as consequências naturais são as esculhambações e as desmoralizações reveladas pelas investigações levadas a efeito, em que, infelizmente, os principais envolvidos não assumem, como devia, as culpas e as responsabilidades pela tragédia causada ao Brasil.
Não fica bem para o povo e muito menos para a nação que homens públicos tenham qualquer suspeita sobre máculas pertinentes às suas atividades na vida pública e de igual modo é da maior demonstração de decadência moral e pessoal que o fato em si seja considerado normal por seus seguidores e representados politicamente, porque isso tem o simbolismo de extrema promiscuidade, quanto aos sentimentos de cidadania e civismo, contribuindo de forma deprimente para a formação cultural do povo, além de ser péssimo exemplo como alicerces moral e ético para a construção e a consolidação da democracia, que é a base para o fortalecimento do sistema político sadio e útil à sociedade.
Não é despiciendo lembrar que os interesses do Brasil, que são permanentes, precisam ser incessantemente valorizados pelos verdadeiros brasileiros, porque, em quaisquer circunstâncias, ele têm supremacia sobre os sentimentos pessoais devotados às lideranças políticas, haja vista que estas são inegavelmente importantes, mas têm caráter de transitoriedade e quase sempre agem em exclusiva defesa de causas pessoais ou partidárias, em claro detrimento dos objetivos nacionais, situação esta que contradiz o dever e a responsabilidade cívicas inerentes à atitude dos brasileiros de bem escolherem os seus representantes políticos.
Em país nenhum, a democracia se sustenta e muito menos tem condições éticas e morais para progredir com base em pensamentos poluídos e fragilizados com a consciência completamente desestruturada política e ideologicamente por parte de seu povo, que é capaz, sem os menores  escrúpulo e prudência, de considerar que a nação possa ser feliz sob o comando de homem público condenado à prisão trancafiado ao cárcere, justamente pela prática de crimes contrários aos princípios da moralidade, honorabilidade, dignidade, entre outros indispensáveis à gestão precavida, confiável, competente, eficiente e segura da coisa pública. Acorda, Brasil!
Brasília, em 7 de agosto de 2018

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