sábado, 11 de agosto de 2018

A distância dos eflúvios benfazejos


Diante do impedimento, por decisão judicial, de o principal político petista  participar de debate entre candidatos presidenciáveis, com transmissão pela TV Band, que se encontra preso em Curitiba (PR), pela prática dos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, muitos eleitores de bom senso, como não poderiam ser diferentes, discordam da forma inusitada como são tratadas as  atividades políticas visando à obtenção de objetivos por meios escusos, como a forçação de candidatura absolutamente impossível, em afronta às regras essenciais, considerado que o político se enquadra como fora da lei e não pode sequer se candidatar, por ser considerado “ficha-suja”, estando alijado de qualquer pretensão eleitoral.  
À toda evidência, trata-se de indiscutível e inominável esperteza política, por se chegar ao ponto de ignorar os termos da legislação de regência, a exemplo da Lei da Ficha Limpa, com o exclusivo propósito de se encontrar brechas jurídicas, para o aproveitamento de condições não permitidas ao político, que precisa se conformar com a sua situação de condenado da Justiça, sem qualquer direito ao usufruto da legislação eleitoral de participar livremente das atividades políticas.
Não há a menor dúvida de que as manobras protagonizadas pelo político, na tentativa de se beneficiar de situação que não condiz com a realidade dos fatos, tem o condão de conseguir mostrar, por todos os meios, que a Justiça é que está errada e não ele, de não permitir que o fora da lei usufrua de direito que não faz jus, porque, à toda evidência, o político é indiscutivelmente inelegível e quem está nesta situação não pode participar de campanha eleitoral, por minimamente que seja, ante a necessidade da imperiosa observância da legislação de regência.
A propósito, o prezado amigo João Tebaldi Neto se animou em comentar a última crônica que escrevi, versando sobre o tema em voga, tendo dito o seguinte: “Esse é o PT, desde sempre, cheio de artimanhas, mesmo estando preso, por condenação legal, quer tirar proveito da situação, num ato de desespero, se vitimando, para logo em seguida confirmar Fernando Haddad como o verdadeiro candidato, gerando expectativa e proveito, de um povo cego pela ignorância, e tentar num último ato, a sua eleição. É muito malabarismo de uma esperteza vergonhosa, para atingir seus objetivos espúrios. De burro essa gente não tem é nada. Parabéns amigo Adalmir, pelos excelentes esclarecimentos, expondo o mal caratismo desses espertalhões. Estamos de olho em vocês.”.
Essa é lamentável e trágica realidade, a mostrar que o Brasil ainda seja o terreno fértil para a disseminação de aproveitadores e os brasileiros preferem ser enganados e manipulados, sem o menor interesse de reação, em benefício da verdade própria do ser pensante.
Não se ver ninguém falar e defender, na forma clara e objetiva, a necessidade da reversão desse quadro caótico, mostrando a real versão das maldades maquiavélicas, por meio das quais os lobos tentam se passar por vítimas e injustiçados, imaginando que muitos brasileiros são realmente desmiolados e terminam encontrando ressonância para seus atos, absolutamente interesseiros e prejudiciais ao interesse público.
Pobre Brasil, que em tudo demonstra precariedade e atraso, bem distanciado da modernidade, porque nada funciona com presteza e dinamicidade.
Percebe-se com a maior angústia a monstruosidade da demora e a elasticidade do tempo para a conclusão das investigações e dos julgamentos referentes à indústria da roubalheira que foi grosseiramente montada na Petrobras, em que os processos se arrastam, demoram em dinâmica a tristonhos e inadmissíveis passos das mais vetustas e seculares tartarugas, dando a ideia de que nunca vai haver conclusão, quando os criminosos agiam em uma velocidade espantosa e supersônica, a ponto de porem rapidinho na lona a saudável estrutura financeira da Petrobras.
Nos países sérios, civilizados e evoluídos, em termos jurídicos e administrativos, os casos na Justiça, por mais escabrosos possíveis e imagináveis, levam poucos dias, não mais de mês, para o veredicto e o acusado, se condenado, vai logo e direto tomar sol quadrado, podendo recorrer normalmente da sentença condenatória, mas já estando preso.
Ouve-se falar de processo que investiga caso de propina com relação a um sítio e muitos outros, com o envolvimento da mesma pessoa, mas a sua conclusão já se arrasta há mais de ano e só Deus sabe quando será o seu desfecho, justamente porque são tantos recursos, diligências e outras manobras jurídicas, com objetivos meramente protelatórios e nada de conclusão objetiva sobre os fatos.
Conviria que, caso especial como o trabalho desenvolvido pela Operação Lava-Jato, deveria funcionar em forma de extraordinário e especial mutirão, em que se reuniriam os melhores especialistas da Polícia Federal, do Ministério Público e da Justiça, que seriam convocados para resolver, em “toque-de-caixa”, as investigações e os julgamentos pertinentes aos casos enfocados, em conjunto e com a dinâmica adequada à situação especial, de modo que os fatos pudessem ser resolvidos com a maior rapidez possível, em exclusivo benefício do interesse público.
De outra feita, a experiência da Operação Lava-Jato poderia servir de laboratório para o aperfeiçoamento e a modernização da legislação penal, de modo que fosse possível a conclusão dos trabalhos pertinentes em tempo recorde, com vistas a se atribuírem responsabilidades aos criminosos e puni-los com penas duras e exemplares, inclusive obrigando-os ao ressarcimento dos prejuízos causados ao erário, de modo que isso servisse de verdadeira lição para os aproveitadores dos cofres públicos.
É pena que os homens públicos brasileiros estejam tão somente preocupados em resolver casos estritamente paroquianos, de interesse pessoal ou partidário, em visível detrimento das questões essenciais e prioritárias do Brasil, considerando que é ingente a tarefa que se apresenta para o questionamento e a solução da infinidade das precariedades de um Brasil com estruturas absolutamente obsoletas, arcaicas e completamente despreparadas, em termos de competência, para a revolução que se exigem as enormes mudanças necessárias e urgentes, a se possibilitar que ele possa ser viável e passe a funcionar com a dinâmica administrativa já alcançada pelo mundo civilizado, onde o seu povo, já a algum tempo, usufrui normalmente os eflúvios benfazejos da modernidade e dos instrumentos avançados da ciência e da tecnologia, em seu benefício. Acorda, Brasil!
Brasília, em 11 de agosto de 2018

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