Escrevi
a crônica intitulada “Um pouco de cidadania e civilidade”, onde tentei demonstrar
a necessidade de os brasileiros precisarem ter dignidade para repudiar os
homens públicos que são denunciados na Justiça, sob a acusação da suspeita da
prática de atos irregulares com dinheiro público.
No
texto, ficou bastante claro que a implicação com a Justiça se trata de situação
absolutamente condenável e censurável, por que incompatível com o exercício de
cargo público eletivo, de modo que os envolvidos sejam conscientizados para se
afastarem da vida pública, enquanto não provarem, de moto próprio, a sua
inocência, haja vista que é exatamente assim como agem e atuam os verdadeiros
profissionais da política, pelo menos nas nações com o mínimo de seriedade e
civilidade, onde o povo é respeitado, quanto aos sentimentos de civismo e cidadania.
Não obstante, o senhor Geraldo Moisés de
Andrade, no alto da sua sabedoria, que imagina possuir, disse, certamente
fazendo referência ao seu ídolo político, que “voto com vontade em Lula”, naturalmente debochando daqueles que
defendem a moralização do país, uma vez que declarar que vota em quem se
encontra preso, pela prática de atos contra a dignidade na administração
pública, não condiz com os melhores sentimentos de brasilidade e muito menos
com os princípios ínsitos da moralidade e da civilidade.
Com toda honestidade de avaliação sobre os
fatos da vida real, é muito importante que as pessoas se manifestem sobre o que
pensam acerca de tudo e principalmente de seus ídolos políticos, porque isso, com
toda serenidade, faz parte do seu direito de cidadão do mundo, no contexto de
sociedade pluralista, tendo total liberdade para apoiar quem quer que seja, em estrito
respeito ao salutar princípio democrático.
Como ficou patenteado na minha crônica, a
democracia nada mais é do que a vontade livre do povo e, partido desse
princípio básico de cidadania, as pessoas podem usufruir o direito de escolher
o candidato político que melhor lhe representa, porque é um direito inalienável
do cidadão do mundo.
É induvidoso que os brasileiros precisam
avaliar melhor os políticos e ficar muito à vontade para a escolha de seus
representantes, porque o governo e, de resto, a delegação política, deveriam
ser apenas o retrato fiel do povo, porque, se eles errarem, a culpa é do povo
que não teve condições para selecioná-los com base no devido critério exigido
pelos padrões de competência e eficiência, além dos importantíssimos e
inafastáveis requisitos da idoneidade e da conduta moral.
Se o povo sabe e conhece o homem público que o
quer para representá-lo politicamente, é exatamente assim que deve ser, porque,
repito, o povo tem o governo que merece.
Não obstante, é dever intrínseco do povo criar vergonha
na cara, para se dignar a valorização dos princípios da dignidade e do caráter
moral de seus representantes políticos, para entender que o insensato apoio a homens
públicos que estão implicados com a Justiça, que não conseguem demonstrar sua
inocência quanto às suspeitas sobre a prática de irregularidades com dinheiro
público, não se harmoniza com as atividades políticas de verdade.
É preciso se entender que a comprovação de
inculpabilidade não é simplesmente dizer que não cometeu crime algum, porque,
em termos jurídicos, a inocência se comprova por meio de elementos probantes,
com contraprovas consistentes em elementos com força capaz de demover os fatos
levantados contra é acusado.
O Brasil não merece mais essa esculhambação de
políticos se envolverem em suspeitas e denúncias sobre práticas de atos
irregulares e não conseguirem provar sua inocência, porque as pessoas de bem,
aquelas que nada devem à Justiça, normalmente conseguem provar a sua
inculpabilidade, quando elas são realmente imaculadas, por nada deverem, em
termos de ilicitudes.
Ao contrário disso, em se tratando de
políticos, eles dificilmente se livram das acusações e, quando isso acontece,
procuram usar logo o inevitável recurso de injustiçado, julgamento sem provas e
tantas outras desculpas esfarrapadas e infundadas, que são absolutamente
dissonantes com o espírito ínsito das atividades políticas, que precisam ter por
princípio o regramento da transparência, da decência, do decoro, da
honorabilidade, da dignidade, entre outros que possam confirmar os sentimentos
de idoneidade e de conduta moral sempre retilíneos, porque é exatamente dessa
forma que a democracia se alicerça nos países com o mínimo de seriedade,
civilidade e evolução, em termos políticos e democráticos.
Os brasileiros honrados precisam perder a
virgindade, a vergonha na cara para fazerem exame de consciência sobre suas
vocações políticas e suas ideologias, com vistas a terem a dignidade e a
honradez de entender que a moralização do Brasil somente há de ocorrer um dia se
o povo tiver o mínimo de sentimento de honestidade e decência, para exigir que
seus representantes na política precisam apresentar atestado, passado pela
Justiça ou por quem de direito, de idoneidade e conduta ilibada, acima de
qualquer suspeita, porque isso é o mínimo que o homem público pode fazer em
respeito ao povo dito honrado e de bem, que o apoia, nas urnas.
Ao contrario
sensu, tem-se a verdadeira esculhambação do sistema político-eleitoral
vergonhosamente afrontado com a insistência de político dizendo que é
candidato, logo ao principal cargo da República, em estrondoso desrespeito ao
ordenamento jurídico pátrio, em especial à legislação eleitoral, que estabelece
que condenado por órgão colegiado da Justiça é considerado inelegível, ex-vi do
disposto na Lei da Ficha Limpa, mas nada disso tem sido levado em conta, como
se o Brasil fosse uma republiqueta de milésima categoria, onde é comum se
ganhar as ações e as causas judiciais na base do grito, sob a influência do
poder.
Os brasileiros, repitam-se, precisam ter
vergonha na cara para não apoiar os políticos que se encontram com implicações
na Justiça, mas sim terem coragem e dignidade para exigirem, no âmbito da sua
responsabilidade e do seu dever cívicos, que os políticos que estão nessa
situação se esforcem para limpar seus nomes na Justiça e obterem o devido
atestado de bons antecedentes, como gestores de recursos públicos com o abono
da legalidade, licitude e imaculabilidade.
Ao contrário disso, os brasileiros que não
procedem com a devida responsabilidade cívica, porque isso é o correto, de
exigir que os homens públicos, antes de pensar em representar o povo, tenham o
dever moral e ético de mostrar pureza junto à Justiça do país, incorrem no
crime de cumplicidade, estando em demonstração de plena solidariedade com os
fatos delituosos por eles praticados.
A verdade é que as pessoas que se orgulham de
apoiar políticos enquadrados na ficha-suja ou mesmo estando implicados na
Justiça sob acusações da prática de irregularidades podem e devem ser
consideradas, no mínimo, solidariamente coniventes na aceitação de atos
delituosos, em evidente desmoralização das atividades públicas tão prejudicial
ao interesse público, contribuindo não somente para a vergonha nacional, pelo
indiscutível apoio à prática de atos ilícitos, mas, principalmente, para a
banalização da corrupção e da impunidade.
É possível se imaginar que a defesa da moralização
do país possa dizer com a imperiosidade da necessidade de novo Brasil, que
poderia sim ser bastante diferente do atual se não tivesse gente com
mentalidade que não consegue se envergonhar em apoiar políticos que são
incapazes de provar na Justiça que são inocentes, quanto aos seus atos na vida
pública e ainda achar que isso não fere os saudáveis princípios republicano e
democrático.
À toda evidência, o Brasil tem pressa de
assepsia moral e isso nunca vai acontecer se os brasileiros sentirem-se muito à
vontade e orgulhosos em votar em homens públicos que estão com seus atos na
vida pública sob graves suspeitas na Justiça, quando eles, por questão de
honestidade e honradez pessoal, deveriam pensar no Brasil e exigir que esses
políticos, antes de pensar em representar o povo, limpassem seus nomes na Justiça,
como forma civilizada e de cidadania de se habilitar legitimamente ao exercício
de cargos públicos eletivos, ante a exigência natural de imaculabilidade ínsita
dos políticos cônscios da sua responsabilidade cívica e patriótica. Acorda, Brasil!
Brasília,
em 6 de agosto de 2018
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