quinta-feira, 9 de agosto de 2018

Inexistência de qualificações morais


O senador tucano por Minas Gerais anunciou que vai disputar a eleição para deputado federal, por seu estado. 
O parlamentar ponderou, por longo tempo, se tentaria a reeleição ao Senado Federal, se disputaria vaga à Câmara dos Deputados ou mesmo se ficaria de fora da eleição deste ano.
Com a decisão de se candidatar à Câmara dos Deputados, o tucano opta por caminho que imagina ser mais seguro do que a disputa à eleição majoritária ao Senado. 
A intenção do tucano era de não deixar a vida pública em meio às acusações sobre a sua nebulosa participação no imbróglio revelado pelas delações da JBS, em que ele teria recebido propina, fazendo uso do cargo de senador.
O senador tucano disse que irá disputar uma vaga na Câmara com o objetivo de ampliar o campo de apoio à candidatura do governo tucano em Minas Gerais.
O tucano afirmou que "Não foi, como podem imaginar, uma decisão fácil. Por um lado, porque todas as pesquisas realizadas até aqui apontam meu nome entre os mais bem avaliados na disputa para o Senado. Por outro, porque estão vivas na minha memória as inúmeras manifestações de estímulo que tenho recebido de lideranças dos mais variados setores e de todas as regiões de Minas". 
Em documento, o senador tucano disse ainda ser alvo de “ataques violentos e covardes” e que está seguro de que vai provar a correção de seus atos.
Ele disse que "Farei isso, em respeito à minha trajetória política, à minha família e a todos que me levaram a conduzir o que muitos consideram o mais exitoso governo da nossa história recente”. 
A Procuradoria Geral da República garante que a participação do senador visava à negociata de propina, mas ele acredita que foi apenas uma operação de empréstimo, para o pagamento de advogados e ainda envolvia o negócio de um apartamento.
A verdade é que os fatos mostraram que não havia, entre ele o empresário, qualquer conversa lícita, sobressaindo ali o fedor pútrido da lama da corrupção, própria das negociatas políticas e isso não condiz com o exercício de qualquer cargo público, muito menos com relação ao Parlamento, onde se exige a participação de homens públicos de conduta e idoneidade comprovadas e acima de quaisquer suspeitas.
A tentativa da conquista do mandato de deputado federal pode ser mais fácil, exigir menos votos, por meio da combinação dos coeficientes eleitorais, e assim ter a garantia da continuidade do foro privilegiado, caso os eleitores mineiros sejam condescendentes com a desgraça da corrupção e ainda cúmplices com a indignidade na política, para apoiar homem público absolutamente desmoralizado e sem caráter.
O melhor sentimento que se permite projetar, no momento, é o de que o tucano seja fragorosamente derrotado nas urnas e obrigado a se despedir melancolicamente da vida pública, em definitivo, caso os eleitores mineiros tenham o mínimo de dignidade, tendo em vista que a explícita demonstração de indecência moral não poderia ter sido melhor caracterizada no vídeo que foi escancarado à saciedade.
É de se lamentar ainda que a legislação eleitoral não contemple a proibição de homens públicos notoriamente sem moral, como no caso do tucano, serem impedidos peremptoriamente de se candidatar a cargo público eletivo, enquanto não se encerrar a ação na Justiça, caso em que isso poderia contribuir para a moralização do sistema político-eleitoral e a assepsia da administração pública.
Só em pensar que Minas Gerais é berço de plêiade da melhor cepa de ilustres homens públicos brasileiros, que dignificaram na vida pública com competência, sabedoria e responsabilidade patriótica, da estirpe do brilhante e honrado Juscelino Kubitscheck, passando por Tancredo Neves, que deve ter perdido o juízo, se é que fantasma o tenha, depois da inconcebível e monstruosa desmoralização protagonizada por seu netinho, os mineiros têm motivos generosos para mostrarem ao mundo o que realmente merece o homem público que foi capaz de se prostituir e se enlamear em troca de algumas malas de dinheiro sujo, naturalmente com o pagamento da influência advinda do poder da República.
É preciso que os mineiros mostrem o seu caráter e a sua dignidade, para negarem seu apoio, nas urnas, a homem público que não deveria sequer se candidatar, em respeito à honradez dos mineiros, caso ele tivesse um tantinho de sensibilidade e dignidade, porque a sua melhor escolha, em termos políticos, teria sido deixar a vida pública logo imediatamente à exposição do famigerado vídeo, na imprensa, dando conta do seu vexaminoso envolvimento com a sujeira da corrupção.
A verdade é que, se o político mineiro tivesse o mínimo respeito para com o seu semelhante nem mesmo seria capaz de aparecer em público, tendo em vista que a sua atitude não condiz com os princípios próprios de ser humano, que jamais seria capaz de usar o relevante cargo público de senador da República, honradamente delegado pelos respeitáveis mineiros, para negociar propina, evidentemente de forma espúria.
Conforme mostram os fatos, o senador mineiro responde a vários processos no Supremo Tribunal Federal, sob suspeita do seu envolvimento em episódios escusos, mas ele aproveita o benefício do foro privilegiado para se livrar dos processos, na esperança de que tudo fique no mesmo, numa boa, considerando a falta de caráter que vem imperando na classe política tupiniquim.
À toda evidência, é extremamente desonroso político aprontar, se envolvendo em casos escabrosos, e ainda se apresentar aos eleitores, com a cara mais deslavada do mundo e alegando, pasmem, ser alvo de “ataques violentos e covardes e que está seguro de que vai provar a correção de seus atos”, dando a entender ainda que ele passou a ser vítima, ou seja, ele teria agido de forma absolutamente lícita e não é merecedor de qualquer suspeita de irregularidade.
Sob o  prisma da moralidade e da dignidade, os mineiros precisariam ser extremamente ingênuos e imbecis para acreditarem em argumentações indecentes, desonestas e agressivas como essas, por evidenciarem exatamente o contrário dos fatos tristes e deprimentes mostrados no vídeo, cujas imagens e legendas retratam com inexorável fidelidade o nível de quem não teve a mínima consideração para com aqueles que o conduziram ao Parlamento, que foi  igualmente desonrado como instituição pública, que não merece ser integrada por quem demonstrou extrema fraqueza moral, no exercício de cargo da maior relevância da República.
Esperam-se que os mineiros demonstrem seus verdadeiros princípios de dignidade e caráter, bem assim de responsabilidades cívica e patriótica, para promoverem a devida justiça nas urnas, eliminando da vida pública pessoa que já demonstrou, de forma cabal e definitiva, não ter as necessárias condições e qualificações morais para representar o povo de Minas Gerais, já que o Poder Judiciário foi absolutamente omisso, por permitir que criminoso, antes de ser julgado, possa se candidatar a cargo público eletivo. Acorda, Brasil!
Brasília, em 9 de agosto de 2018

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