Estudo inédito coordenado pelo Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) avaliou 20 programas de subsídios do governo
federal, sendo que, em pelo menos em quatro deles, o país gastou, desde o
primeiro mandato do ex-presidente da República petista, R$ 173 bilhões sem que
os objetivos fossem alcançados.
O
valor acumulado com esses gastos equivale a mais do que o déficit primário do
país que, no ano passado, foi do valor de R$ 124 bilhões e está em franca
ascensão com a tramitação no Congresso Nacional de projetos que podem elevar as
despesas em R$ 68 bilhões, em 2019, sem receitas para compensá-los.
O
Ipea, que é vinculado ao Ministério do Planejamento, realizou, pela primeira
vez, estudo para avaliar a efetividade de uma despesa, em harmonia com
determinação do Tribunal de Contas da União, que há quase uma década vem
exigindo que os ministérios avaliem o desempenho dos programas, especialmente
dos benefícios concedidos via fundos setoriais, que ficam à margem do Orçamento
da União.
Até
o presente momento, os incentivos federais foram concedidos sem avaliação sobre
as contrapartidas, que é inadmissível "Diante
de um quadro de aperto fiscal, o Brasil não pode mais fazer gastos sem levar em
conta o retorno", a teor de entendimento do diretor de Estudos e
Políticas Regionais, Urbanas e Ambientais do Ipea.
Segundo
o secretário da Receita Federal, "A
avaliação do efeito dos subsídios precisa estar bastante clara, com uma análise
da sustentabilidade dos benefícios. Vai
trazer benefício de renda, emprego ou vai virar margem para o empresário?".
No
levantamento feito para a Folha de S. Paulo,
foram considerados o Programa de Sustentação do Investimento, o Profrota
Pesqueira, a desoneração da folha de pagamento e o Programa um Computador por
Aluno, porque os demais, na avaliação do Ipea, surtiram algum resultado, porém
há constatação de que muitos recursos foram usados para outras finalidades.
O
bolsa-empresário, o PSI foi um dos principais programas do governo petista, lançado
em 2009, na tentava de tirar a economia do buraco, após a crise de 2008, com a
finalidade de financiar máquinas, equipamentos, caminhões, ônibus e máquinas
agrícolas, mas suas taxas de juros chegaram a ser menores do que as linhas com
juros mais baixos do BNDES.
Esse
programa foi encerrado em 2016, após consumir R$ 54,5 bilhões apenas com
equalizações de financiamentos, embora, para bancar o programa, o Tesouro
emitiu títulos pagando juros mais elevados do que as taxas cobradas pelo BNDES
dos tomadores do programa.
Segundo
os pesquisadores, o PSI não gerou empregos e só serviu para alguns setores,
especialmente grandes empresas, que tinham condições de tomar crédito no
mercado. Para chegar a essa conclusão, criaram um modelo econômico batizado de
sintético, em que simularam a economia de um país com dados de países parecidos
com o Brasil e que não dispuseram de um programa similar.
Na
gestão da petista, o governo ficou sem pagar a equalização dos juros do PSI ao
BNDES por praticamente quatro anos, atraso esse que ganhou extremada notoriedade
pelas pedaladas fiscais, ou seja, o banco implementou política de governo com
capital próprio, o que é legalmente proibido, tanto que esse fato teve reflexo
no dramático e decisivo no processo referente ao impeachment da presidente da
República.
Outra
medida de estímulo à economia, a desoneração da folha de pagamento, consumiu o
expressivo valor da ordem de R$ 106,5 bilhões e, segundo o Ipea, não gerou
empregos, como pretendia o governo, quando a medida foi lançada.
O
secretário da Receita Federal disse que "Esses programas deveriam ter prazo determinado. A cada período, isso deve ser reavaliado.
Vale a pena? É renovado.".
Para
elevar as notas dos alunos da rede pública, foi lançado, em 2010, o Prouca
(Programa um Computador por Aluno), com a compra de notebooks, com a despesa no
valor de R$ 43 milhões, mas muitas escolas nem sequer tinham energia e, em
outras, os equipamentos deixaram de funcionar por falta de manutenção.
O
diretor do Ipea disse que "O
resultado foi que os alunos não tiveram aproveitamento algum", conforme
resultado de avaliação de desempenho de alunos do programa na Prova Brasil, com
um grupo de controle formado por alunos com as mesmas características
socioeconômicas e que não participaram do programa. Com informações da
Folhapress.
O
mais grave do desperdício do dinheiro público, conforme deixa bastante claro a
reportagem em comento, é que há a constatação dos rombos nas contas públicas,
em razão da má gestão, têm a indicação minuciosa das evidências e dos culpados
pela farra com os recursos dos bestas dos contribuintes, mas os envolvidos não
são responsabilizados pela cristalina demonstração de incompetência e gestão deletéria
do patrimônio público, diante dos enormes prejuízos causados ao país e aos brasileiros,
em que pese haver a obrigação dos governantes de estrito zelo da coisa pública,
de modo a se evitar que não haja rombo de nenhuma forma nos orçamentos e que os
recursos dos brasileiros possam ser investidos em políticas públicas exclusivamente
em benefício da população.
O
que se cogita é que sejam apuradas as devidas responsabilidades, principalmente
diante de o fato de que, na prática, os ex-governantes somente terem interesse
em apontar os principais resultados que apresentaram benefícios sociais e
econômicos na sua gestão, enquanto as políticas desastrosas, com resultados
prejudiciais às contas públicas e à população são escondidas debaixo do enorme
tapeta onde as imundícies, as irregularidades com recursos públicos, os
prejuízos decorrentes da execução de programas ineficientes e demais
trapalhadas administrativas são normalmente escondidas ou proibidas de vir à
tona, justamente porque elas seriam as provas da incompetência.
Nas
nações sérias e civilizadas, as políticas prejudiciais ao interesse público são
necessariamente discutidas e debatidas pela sociedade, para haja a devida
avaliação e, se for o caso, seus culpados tenham a dignidade de assumir esse
triste e lamentável legado e bem assim responder por ele, como fazem os homens
públicos dignos, corretos e cônscios sobre a sua responsabilidade cívica, que
sabem muito bem apontar a paternidade pelos acertos e igualmente precisam
assumir seus erros ocorridos na sua administração, porque isso faz parte inerente
à prestação de contas sobre a sua gestão, que nada mais é do que o balanço dos
atos administrativos.
É
preciso sim que esses terríveis fatos deletérios sejam amplamente noticiados,
para que a sociedade tome conhecimento deles e saiba quem são seus reais protagonistas
e que eles sirvam de lição pedagógica, em termos de administração pública
temerária, para que as novas gerações de homens públicos os tenham por modelo
negativo e possam evitar que o patrimônio público volte a ser dilapidado pela
deliberada ação de agentes públicos que, por ação ou omissão, contribuíram para
que políticas públicas perdurassem no tempo causando enormes rombos nas contas
públicas, que poderiam ter sido evitados se tivesse havido alguma forma de
controle, fiscalização e avaliação sobre todos os programas de governo, de modo
a se perceber aqueles que se tornaram ineficientes e prejudiciais aos objetivos
pelos quais eles tenham sido instituídos, mesmo com as melhores intensões, mas
eles precisavam parar a tempo de se evitarem maiores danos ao interesse público.
Acorda, Brasil!
Brasília,
em 3 de agosto de 2018
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