domingo, 19 de agosto de 2018

É imperiosa a moralização do país


Um advogado entrou com pedido no Tribunal Superior Eleitoral para que o registro da candidatura do representante do PSL à Presidência da República seja impugnado, barrado em razão de falta de condições morais, diante da existência de processos em tramitação na Justiça contra ele.
Segundo foi apurado pelo jornal o Estado de S. Paulo, na petição, o advogado destaca que o presidenciável já é réu em ações penais no Supremo Tribunal Federal, por suspeita do crime de apologia ao estupro e à injúria.
O advogado disse que réus em ações penais não podem ser candidatos ao Palácio do Planalto, tendo por base, que foi citado por ele, que a Constituição brasileira prevê que o presidente ficará suspenso de suas funções nas infrações penais comuns, se recebida a denúncia ou queixa-crime pelo Supremo.
O referido presidenciável é réu em duas ações penais, sendo que uma delas é da autoria de uma deputada federal pelo PT-RS, sobre quem ele teria declarado que “não estupraria a deputada porque ela não mereceria”, enquanto a outra denúncia é originária do Ministério Público Federal, em que ele é acusado de incitar o crime de estupro com sua conduta indicada logo acima.
Na verdade, a relevância e o simbolismo do cargo de presidente da República exigem que qualquer postulante a ocupá-lo esteja realmente em condições morais e éticas acima de quaisquer suspeitas, porque não faz o menor sentido que alguém que represente o país com as grandezas sociais e econômicas do Brasil possa comandá-lo estando implicado com a Justiça, respondendo a processos, na qualidade de réu, conquanto isso não condiz, em absoluto, com a dignidade e a liturgia supremas do mandatário da nação.
O presidente do país, acima de tudo, precisa mostrar as melhores condições e qualidades ínsitas dos verdadeiros homens públicos e, é de se convir que ser réu, por qualquer que seja o motivo, salvo por comprovada legítima defesa, não seria a melhor reafirmação capaz de superar essa mácula processual.
Não importa que o homem público tenha ou apresente outras importantes qualidades políticas e/ou administrativas no seu currículo, hauridas nas atividades públicas, mas não é de bom tom, por não ser construtivo e edificante para a nação que ela seja comandada por alguém que corre o risco de, a qualquer momento, ser declarado culpado e condenado à prisão pelo crime de que se trata, estando ele já no exercício do mandato presidencial.
Ademais, é do princípio democrático que os homens públicos precisam não somente ser honestos e dignos na vida pública, mas, em especial, devem também comprovar isso no exercício de suas funções públicas, em razão da nobre delegação recebida do povo.
O sentimento de moralização da administração do país, largamente ansiado pelos brasileiros, tem muito a ver com a necessidade de se evitar que alguém (no sentido mais abrangente possível) implicado na Justiça, por qualquer circunstância que seja, possa querer representar o povo honrado, que estaria tão somente sendo cúmplice com os atos sob suspeita, em exame na Justiça, mesmo que esse cidadão seja posteriormente declarado inocente, porque é somente a partir de então que ele adquire reais condições e qualidades morais e políticas para ser lídimo representante do povo.
É exatamente assim e nessas condições que se procedem nos países sérios, civilizados e evoluídos, em termos políticos e democráticos, como forma do aperfeiçoamento dos princípios democráticos.
Afora disso, não há remédio que possibilite a recuperação e a cura moral de nação apodrecida nas suas entranhas pelo câncer maléfico e corrosivo da corrupção, que tem sido, em essência, a principal causa do subdesenvolvimento moral do povo, que termina se acostumando com os gigantescos desvios de recursos públicos, sob a alegação de que tanta bondade do homem público que ele também tem plenos direitos de se beneficiar do poder e do dinheiro dos cidadãos ao seu alcance e assim o cancro da imoralidade vai se alastrando, se enraizando e se perpetuando no tempo, em todos os setores da administração do país, evidentemente para o infortúnio da nação e do seu povo.
Urge que os brasileiros tenham a real dimensão sobre a imperiosa necessidade da moralização do país, sob pena de a impunidade aos delitos, por menores que sejam, banalize-se na administração do país e tudo continue a ser considerado normal, passando até mesmo a justificarem a prática de gigantescas e incontroláveis roubalheiras como as que, por milagre, foram detectadas na maior petrolífera brasileira. Acorda, Brasil!
Brasília, em 19 de agosto de 2018

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