O deputado federal carioca, presidenciável pelo PSL,
questionado no programa Roda Vida, da TV Cultura, sobre a política de cotas
raciais, declarou-se contra essa política, dizendo que ela tinha o viés de
"dividir o Brasil entre brancos e
negros".
O candidato seguiu questionando que dívida seria
aquela, dizendo que "somos
misturados no Brasil. O negro não é
melhor do que eu e nem eu sou melhor do que o negro. Na academia militar das
agulhas negras, vários negros se formaram comigo, alguns abaixo de mim e outros
acima de mim. Para quê cotas?".
O
candidato disse que proporá a redução das cotas para negros em instituições de
educação, tendo afirmado que “Eu não
posso falar que vou terminar porque depende do Parlamento. Pelo menos diminuir
o percentual. Vou propor, quem sabe a diminuição do percentual”.
Quanto
ao questionamento sobre se as cotas não seriam forma de reduzir desigualdades
históricas e de que maneira ele pretendia reparar a dívida histórica, o
deputado respondeu: ”Que dívida? Eu nunca
escravizei ninguém na minha vida. É justo a minha filha ser cotista? O negro
não é melhor do que eu, e nem eu sou melhor do que o negro”. Com informações da Folhapress.
Essa
questão de cotas raciais exige ser melhor discutida e ainda sob vários matizes,
a começar pelo principal aspecto que diz respeito ao envolvimento do princípio
constitucional que precisa ser respeitado, quando ali consta expresso em
português com as letras claras de que os brasileiros são iguais em direitos e
obrigações, não se permitindo ser feita distinção entre as raças brancas,
negras, amarelas, indígenas etc.
Sob
esse enfoque, a concessão de cotas exclusivamente para a raça negra fica muito
claro que o princípio fundamental da Constituição é ignorado de forma clamorosa
na sua origem, em prejuízo para as demais raças que sentem na pele e na alma as
mesmas agruras, precariedades e mazelas em decorrência do ensino público de
péssima qualidade, não permitindo o necessário aprendizado e muito menos a
competitividade, sendo prejudicados pela estrutura deficiente e anacrônica da
educação.
Vejam-se,
em contraposição, que o sistema de cotas sociais se apresenta em absoluta forma
de justiça, diante do sentimento de igualdade de condições para os brasileiros,
não importando a cor do beneficiário, mas sim a avaliação sobre o seu estado financeiro
ou o que for empregado , quando se estabelece, por exemplo, que o pagamento de
determinada taxa é dispensável, se for o caso, quando houver a comprovação da carência
de recursos e, nesse caso, todos são igualmente beneficiados por critério justo
e sem a odiosa e abominável discriminação.
Nesse
caso, há tratamento isonômico em absoluta consonância com o primado justo
imposto pelo princípio da constitucionalidade, ou seja, a cota social atende sob
o mesmo critério e nas mesmas condições todos aqueles que comprovarem
igualmente limitações de recursos ou o critério que for previsto para
beneficiar igualmente todos os brasileiros, independentemente de raças.
Agora
essa aberração de cotas raciais somente resolve a questão do afrodescendente
que tão somente comprovar pigmentação negra na pele, enquanto os demais
brasileiros, muitas das vezes até mesmo em piores condições socioeconômicas do
que os negros são injustamente alijados dos benefícios das cotas raciais.
Ainda
tem alguns insensatos intelectualizados que se adiantam em justificar o
pagamento de dívida histórica, como se fosse herança transferida pelos
maus-tratos no passado aos negros atuais, como se estes negros permanecessem
nas mesmas condições de precariedades das senzalas do passado, sendo submetidos
aos mesmos tratamentos dados pelos métodos cruéis da escravidão.
Além
do mais, o pagamento de dívida, como forma de herança histórica, precisaria,
por dever de justiça, ser feito tão somente para os negros do passado que
sofreram na pele e na carne os efeitos perversos e desumanos da escravidão, mas
eles já não mais existem entre nós para se beneficiarem, o que vale dizer que
não passa de desculpa esfarrapado essa história de pagamento em forma da
quitação de dívida de herança, quando os pseudos herdeiros não sofreram
absolutamente nada e não têm direito a coisa alguma como dívida remanescente
inexistente.
Isso
não tem o mínimo de fundamento jurídico e não passa de ridículo argumento, em
se considerando as condições de vida da atualidade, em que é apenas preciso que
as políticas sejam feitas sob a ótica da responsabilidade cívica e do verdadeiro
compromisso com a eficiência e a efetividade das políticas de Estado, sem
necessidade senão de privilegiar os brasileiros exclusivamente em igualdade de
condições, nos termos da Lei Maior do país.
Nesse
lastimável quadro de desigualdade social, nem se pode ignorar que a Suprema
Corte de Justiça, sabe-se lá por quais motivações, houve por bem considerar
constitucional a lei assegurando a cota racial para os negros, em decisão histórica
que até agora ressoa como ruído estridente e insuportável nos ouvidos de muitos
juristas de boa cepa, que não entenderam como princípio basilar constitucional
para se evitarem gritantes e intoleráveis discriminações e injustiças entre os
brasileiros tivesse o beneplácito do Supremo para interpretação diferenciada e
absurda.
Na
atualidade, o que precisa ser feito é correr, de forma desesperada, para
melhorar a qualidade do sistema de educação, desde a base até onde for o ensino
da incumbência constitucional do Estado, dando condições de efetividade para
que o branco, o negro, o amarelo, o índio, a pele que for tenham as mesmas
condições de ensino de qualidade e mereçam tratamento em igualdade, nos termos
previstos na Constituição e na medida das prioridades e dos recursos do Estado.
A
verdade é que não existe nada mais deprimente e desumano, diante dos avanços da
humanidade, em termos das conquistas científicas e tecnológicas, do que o país
com as grandezas sociais e econômicas do Brasil, do que o entendimento segundo qual
determinada raça precisa ser privilegiada, em gritante e desrespeitoso detrimento
de outras raças, somente porque o ensino público se encontra mergulhada em
eterna negritude de atraso e igualmente inadmissível distanciamento da educação
do primeiro mundo, quando comparado aos sistemas modernos colocados em prática
nos países que decidiram priorizar e investir maciços recursos na educação, em
todos os níveis do ensino.
Na
verdade, as cotas raciais no ensino público, somente contribuem para a ilação
de que é evidente o desprezo dos governos, tanto daquele que as institucionalizou
como aqueloutro que as mantém, à educação, que sabem que ela é de péssima
qualidade, mas mesmo assim nada fazem para mudar o status quo, preferindo arranjar essa perversa fórmula “mágica” de
agradar determinada parcela da sociedade e dos defensores e incentivadores do eterno
atraso da educação, em claro detrimento de outras raças igualmente carentes de
atenção, quando o dever do Estado é prestar serviços públicos de qualidade, em
contraprestação à escorchante carga tributária imposta aos sacrificados
contribuintes.
Os
brasileiros precisam se conscientizar de que urge o reconhecimento no sentido
de que esse abominável e discriminatório sistema de cotas raciais tem o modelo
estruturado de governos insensíveis às mazelas e incapazes de reestruturar o
sistema de educação do país, por terem preferido adotar medidas meramente
paliativas para, lamentavelmente, beneficiar, momentânea e até definitivamente,
como parece ser este último caso, parcela de brasileiros, permitindo com isso
que o ensino público continue na vala da desprezível precariedade somente
comparável aos dos piores ministrados no mundo subdesenvolvido.
Esse
fato é extremamente deplorável, por se caracterizar como propósito de inadmissível
irresponsabilidade cívica de omissão administrativa, diante da falta de iniciativa
governamental de se permitir que serviço público da importância prioritária da
educação seja deixado em total desprezo, a ponto de se reconhecer a falha e
ainda se permitir a continuidade das precariedades, visivelmente prejudiciais à
formação intelectual de gerações.
Convém
que o governo cônscio das suas responsabilidades de estadista de vanguarda resolva,
com o máximo de urgência, revolucionar, em forma de prioridade governamental, o
sistema de educação pública, com vistas à melhoria da sua qualidade, mediante a
reformação generalizada do que é considerado imprestável, para que sejam
implantados no Brasil os melhores padrões internacionais de ensino, em
condições de oferecer formação intelectual de excelência e competitividade, fazendo
com que a tristeza das cotas raciais passe a ser, o mais rapidamente possível, melancólica
política pública do passado, tendo por finalidade a imprescindível recuperação da
unidade do sentimento de brasilidade, fundamentada na salutar prática das autênticas
ações definidas sob a égide do princípio da isonomia constitucional, em que os
brasileiros sejam realmente tratados nas mesmas condições de direitos e
obrigações. Acorda, Brasil!
Brasília,
em 1º de agosto de 2018
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