Várias pessoas postaram, na internet, o mesmo texto
com a seguinte mensagem bastante tendenciosa, verbis: “Você sabia que 99,9% das pessoas que chamam Lula de ladrão não
sabem explicar o que foi exatamente o que ele roubou?”.
Na mesma página, havia muitas mensagens em forma de
respostas, sendo que muitas em plena concordância com o aludido texto e outras
dizendo exatamente os motivos pelos quais a referida prisão teria ocorrido,
apontando o recebimento de propina por ele, com relação à aquisição do tríplex
e à sua reforma, o que, no mundo civilizado e evoluído, continua sendo grave
crime contra a administração pública.
No meio dessa miscelânea, um senhor postou mensagem
dizendo, ipsis litteris: “eu, ele não roubou nada e no governo dele
comprei um carrinho avistinha porque sobrava dinheiro. Hoje não sobra nada.”.
É lamentável e decepcionante o sentimento da
sociedade que não tem discernimento para separar o joio do trigo e os mistura tão
somente por meras e circunstanciais razões pessoais, desprezando o verdadeiro sentimento
de seu semelhante.
Ao
que tudo indica, pode não haver justas razões para se dizer que alguém fala sem
saber, porque quem sabe e conhece os meandros sobre os fatos fala pelo povo ou
em seu nome e a sua palavra tem o poder e a soberania que prepondera sobre a
palavra do povo menos informado e até iludido, quando se sabe que a Justiça
atuou, no caso em comento, com o devido acerto, porque teve acesso aos fatos
pertinentes à materialidade da autoria dos crimes atribuídos ao político condenado.
Melhor
seria que o mencionado político tivesse a sua absolvição pelo povo, por extremo
dever de justiça, somente depois que ele provasse a sua inocência, porque isso
ainda não foi possível e, em razão exatamente disso, queira ou não, é preciso
que as leis do país sejam respeitadas, porquanto elas deram respaldo jurídico
às sentenças condenatórias das primeira e segunda instâncias, com afirmações
categóricas, acredita-se, com base nas provas pertinentes à autoria sobre a
materialidade dos fatos denunciados, de que, no caso, houve realmente os crimes
de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, de maneira tal inexorável que os
tribunais superiores, compostos por juristas das mais altas competência e
experiência quanto ao conhecimento dos Direitos Criminal e Penal, mantiveram intactos
os referidos veredictos.
Diante
do exposto, fica mais do que explícito de que não cabe a ninguém além dos
magistrados fazer o devido juízo de valor sobre a culpa ou não de pessoa que
dispõe dos mais experimentados advogados do país, mas nem por isso teve
competência para demonstrar a sua inculpabilidade sobre a acusação pertinente ao
recebimento de propina, apenas se defendendo sob o espetacular argumento de que
o imóvel objeto da ação não está registrado no nome dele e, acerca desse fato,
os simpatizantes acreditam piamente.
Na
realidade, os crimes atribuídos ao político estão relacionados não com base do
registro do questionado imóvel em nome dele, mas sim no crime capitulado no
Código Penal Brasileiro de ocultação de patrimônio, o que vale dizer que talvez
nem tivesse havido condenação na intensidade como houve se o imóvel estivesse
registrado no nome dele, por se encontrar regularizada a situação, nesse
particular, mas ele poderia igualmente ter sido condenado pela prática de corrupção
passiva, no caso do recebimento de propina, juridicamente comprovada nos autos,
segundo afirmações da força-tarefa da Operação Lava-Jato.
Conviria,
salvo melhor juízo, que os fatos fossem analisados não apenas à luz dos
sentimentos pessoais, sob os argumentos de que, em algum momento havia mais
oportunidades, porque isso, por si só, já demonstra parcialidade e tendência
protetoral indevida ao caso, dando a entender, de forma lamentável e
irresponsável, que é preciso se recompensar tamanha “magnanimidade” possivelmente
havida no passado, não importando as possíveis questões de criminalidade, moralidade
envolvidas no caso e muito menos os supremos e preponderantes interesses do
Brasil, exatamente porque as causas se circunscrevem em termos pessoais e são
muito mais importantes, levando ao simplista entendimento de que as demais
pessoas, que nem se beneficiaram de tantas alegadas bondades, estão
completamente enganadas e nem deveriam se manifestar sobe algo da maior
relevância nacional.
Ledo
engano, compete sim aos verdadeiros brasileiros, aqueles que anseiam
ardentemente pela moralização do país, dizerem o seu verdadeiro sentimento
sobre os fatos que estão diretamente relacionados à população em geral, como
forma não somente de responsabilidade cívica, mas, sobretudo, de respeito mútuo
e do imprescindível aprimoramento das relações sociais e de contribuição para a
construção de um país mais Brasil, com a firme demonstração de capacidade para
agir em defesa da consolidação dos princípios democráticos, à luz dos
princípios da verdade e da justiça. Acorda, Brasil!
Brasília,
em 31 de agosto de 2018
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