terça-feira, 14 de agosto de 2018

A viabilidade das metas e dos programas


O presidenciável ultradireitista vai apresentar aos brasileiros a primeira versão de seu plano de governo, sob o formato de carta de princípios, que terá, como não poderia ser diferente, a segurança pública como prioridade entre as principais metas do seu governo, caso seja eleito.
A ideia do deputado federal carioca é apresentar o documento em uma versão enxuta, para que isso possa servir para que o eleitor conheça, desde logo, os principais valores por meio dos quais ele pretende governar o país, caso seja eleito.
O presidenciável disse que planos de governo externos são peças de ficção, que candidatos apresentam, ninguém lê e nem cumpre.
O candidato pediu à sua equipe que o documento a ser entregue em breve ao Tribunal Superior Eleitoral possa primar pela síntese, fazendo alusão, em tom de brincadeira, que ele deverá ter apenas duas páginas.
No que se refere à segurança pública, que é citada com frequência pelo deputado, em seus discursos, a ideia é defender o endurecimento de pena para crimes graves.
Outras questões que deverão ser mais detalhadas dizem respeito às propostas para a área econômica, para a qual o presidenciável vem contando com o aconselhamento de laureado economista, notadamente no que diz respeito às privações de empresas estatais, por exemplo.
Um dos participantes da elaboração do documento adiantou, sem reservas, que as propostas têm como referência a gestão de um ex-presidente dos Estados Unidos da América, que foi um dos expoentes do liberalismo, sistema que teria obtido bastante sucesso, à época.
Quanto à ideia sobre a estrutura de governo, o presidenciável sinaliza para a existência de, no máximo, 14 ou 15 ministérios, caso seja eleito, ou seja, ele pensa na possibilidade da redução da quantidade dos atuais 29 para a metade.
Entre os temas em discussão, o Bolsa Família tem proposta para reformulação, programa de transferência de renda turbinado no governo do ex-presidente petista.
A campanha pretende discutir a implantação de ideias como a de que os pobres deixem de pagar impostos e ainda recebam complemento de renda do governo, mas os detalhes desse miraculoso plano somente serão conhecidos por meio do documento em referência.
O candidato quer ainda fazer menções claras sobre o combate à corrupção, de modo a assegurar aos brasileiros que ele se apresenta como o único candidato à Presidência da República que manterá o funcionamento da Operação Lava-Jato.
A carta de princípios deverá expor metas em defesa do direito da família e conterá visão conservadora em relação às questões morais.
Por princípios pessoais, o candidato não deve listar programas específicos para as minorias, porque ele tem defendido que os direitos são iguais para todos e não é necessário diferenciar propostas.
A equipe do candidato planeja, em fase seguinte, fazer apresentações detalhadas sobre cada área de governo, de modo que os esclarecimentos possam escoimar possíveis dúvidas e ainda facilitar o entendimento sobre o seu conteúdo. Com informações da Folhapress.
É preciso que o programa do candidato presidencial reflita não somente o seu pensamento político, que deve elencar as principais e prioritárias metas de governo, a espinha dorsal da sua gestão, os projetos, em especial, de impacto nacional, que precisam servir de norte para toda administração competente, eficiente e responsável, tendo por base, necessariamente, elementos suficientes e capazes para torná-los viáveis, em termos técnicos e econômicos, além de se apresentar, principalmente, para refletir o pensamento central do futuro governante.
O candidato precisa ter a sensibilidade e a inteligência de estabelecer metas que realmente possam satisfazer o interesse público, evitando mencionar programas com cunho demagógico e absolutamente impossível de implementação, porque o estrago do governo pode começar por projetos que possam criar enormes expectativas para a população e depois não passarem de algo meramente fantasioso e frustrante para a sociedade.
É preferível que as metas de governo se limitem àquelas com maior possibilidade de consecução e que o seu objetivo possa contribuir para marcar a administração, como, por exemplo, essa assertiva sobre a alardeada redução de ministérios e concomitantemente a privatização de dezenas e até centena de empresas estatais, que não passam, conforme mostram os fatos, de vergonhosos cabides de empregos para apaniguados e outros assemelhados, sem a menor competência profissional, cuja existência serve tão somente para eternos e gigantescos repositórios de déficits e prejuízos causados ao patrimônio dos brasileiros.
Agora, é importante que as medidas de racionalização administrativa tenham definitiva efetividade, porque não adianta cortar, no início da gestão, ministérios e privatizar empresas estatais e logo em seguida serem criados outros órgãos e entidades para a mesma finalidade, apenas mudando os rótulos, de modo que a volta deles tenha por exclusivo objetivo ao atendimento das vergonhosas alianças e coalizões políticas, destinadas à formalização de apoio nada republicano aos projetos do governo no Congresso Nacional, no âmbito dos sebosos acordos consistentes no "toma lá, dá cá", tão próprios dos inescrupulosos, espúrios e recrimináveis governos que transformaram o Estado em indecente e deplorável balcão de negociatas, em nome da sua sobrevivência.
Convém que os candidatos também tenham inteligência para auscultar a sociedade, a fim de ouvir dela quais são as suas prioridades, em termos de políticas públicas, que podem e precisam merecer cuidados especiais de seus programas de governo, porque isso já serve de segura sinalização perante o Congresso Nacional de que se trata de medida indicada pelo povo e a casa dele tem a obrigação de, se for o caso, aprovar a proposta pertinente, por ser indiscutivelmente de interesse público.
No mais e no geral, o que se pode vislumbrar, por princípios de bom senso e razoabilidade, é que qualquer candidato sensato e prudente não pode anunciar metas ou programas que sejam extravagantes, que possam extrapolar os limites passíveis da sua execução, em especial sob a ótica financeira, e depois se sentir na obrigação de apresentar justificativas à sociedade as mais absurdas e indelicadas, que não mereçam a aceitação nem o convencimento de ninguém, porque elas jamais deveriam ter sido suscitadas, diante da sua impraticabilidade, principalmente em termos da viabilidade de execução, diante da notória escassez de recursos. Acorda, Brasil!
Brasília, em 14 de agosto de 2018

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