segunda-feira, 27 de agosto de 2018

O fracasso das autoridades eclesiáticas


Durante visita à Irlanda, o papa reconheceu sua "vergonha e sofrimento" ante o "fracasso" da Igreja Católica, por não haver combatido de forma adequada os casos de abusos sexuais do clero naquele país.
O pontífice declarou que “O fracasso das autoridades eclesiásticas, desde bispos, superiores religiosos, sacerdotes e outros, em lidar de forma apropriada com esses crimes repugnantes, deu motivo justamente à indignação e continua sendo fonte de dor e vergonha para a comunidade católica. Eu mesmo compartilho desses sentimentos".
O papa fez visita de dois dias à Irlanda para o encerramento do Encontro Mundial das Famílias, mas uma das principais questões focadas foi mesmo os abusos sexuais envolvendo o clero local, onde há muitos casos denunciados.
A visita papal à Irlanda acontece em momento muito sensível para a Igreja Católica, que foi abalada recentemente pelas gravíssimas revelações de abusos sexuais cometidos, no passado, nos Estados Unidos e por uma série sem precedentes de recentes renúncias de hierarcas suspeitos de fazer cumprir a lei do silêncio no Chile, na Austrália e nos Estados Unidos.
Durante a visita em causa, o papa quis "lembrar o papel fundamental da família na vida da sociedade e na construção de um futuro melhor para os jovens", segundo foi afirmado em uma mensagem de vídeo divulgada antes de sua chegada à Irlanda.
O porta-voz do Vaticano advertiu que não se pode esperar de uma viagem tão curta uma "mudança cultural" que vai além da Igreja Católica, porque "Há, obviamente, um problema cultural na Igreja, mas não somente nela, vemos muito na sociedade. É um problema cultural e a Igreja vai assumir a sua responsabilidade. São pecados muito graves. Acredito que a primeira coisa que o papa vai fazer é reconhecer o problema. Quanto a agir, isso vai acontecer, mas não será algo de um dia para o outro".
O papa se reuniu com vítimas de abusos sexuais na Irlanda, que, desde 2002, mais de 14.500 pessoas declararam-se vítimas de abusos sexuais por padres na Irlanda, o que demonstra situação alarmante para os padrões ínsitos da religiosidade cristã, fato que é bastante preocupante.
O enorme escândalo de pedofilia somente no estado americano da Pensilvânia, levou o papa a divulgar documento sem precedentes aos 1,3 bilhão de católicos do planeta, no qual ele reconhece que a Igreja Católica não esteve à altura e que "descuidou e abandonou as crianças" e "o que pode ser feito para pedir perdão nunca será suficiente".
O papa disse, verbis: “Muitas vezes são os pais que acobertam os padres que cometem  abusos e se convencem de que isso não é verdade.”, ou seja, com essa afirmação, que é muito elucidativa, o pontífice se permite ser classificado como insensato, porque insinua que os país seriam cúmplices com os padres abusadores, o que não altera em nada a monstruosidade dos criminosos, porque os delitos já teriam ocorrido antes desse infeliz convencimento dos pais.
Essa conclusão do papa é terrível, porque dá a entender que ele estaria transferindo as culpas sobre os crimes ao silêncio dos pais, quando, em hipótese alguma, se pode atenuar a gravidade dos delitos, que precisam ser reconhecidos e condenados desde a sua origem e que a forma errática de possível convencimento dos pais somente contribui para a impunidade no âmbito da igreja, ainda dando asas aos monstros, que passam se considerar vítimas, por até acreditarem que eles são incapazes de agirem como demônios, ante o convencimento “(...) de que isso não é verdade”.   
A diretora da associação One in Four, que ajuda vítimas de abusos sexuais disse que "A visita do papa é muito dolorosa para muitos sobreviventes (de abusos). Desperta velhas emoções. Vergonha, humilhação, desespero, raiva".
O ministro da saúde da Irlanda disse que "É um fim de semana de emoções mistas. Para muitos, o entusiasmo (por ver o papa), para outros, um sentimento de dor".
Em razão dos vergonhosos e injustificáveis abusos sexuais perpetrados por membros da Igreja Católica, justamente contra pessoas indefesas e ingênuas, essa importante e valorosa instituição cristã vem perdendo seus elevados conceito e influência na sociedade mundial, nos últimos anos, principalmente porque as autoridades eclesiásticas foram extremamente condescendentes com a criminalidade, passando a acobertá-los e não punir os culpados, que ficaram à vontade para a prática de seus crimes hediondos.
Não à toa que, desde as revelações dos graves abusos sexuais na Igreja Católica, houve expressiva diminuição da população católica, justamente por não concordarem com a maneira como os criminosos deixam de ser punidos com a severidade que devia, ante a necessidade de duros exemplos àqueles que são ministros da igreja e precisam dar os melhores exemplos de respeito ao ser humano, em consonância com os conceitos de evangelização dos ensinamentos de Jesus Cristo.
Sem dúvida alguma, os abusos sexuais com origem na Igreja Católica não são somente fonte de muita dor, mas também de bastante assombro e sofrimento por parte das pessoas violadas, em nível mundial, em especial porque é um assunto que vem se arrastando de priscas eras e, o pior, com o beneplácito dos mandatários da igreja do passado e da atualidade também, que nunca tiveram a dignidade de aceitar a realidade nua e crua dessa brutal desumanidade, para a devida adoção das medidas saneadoras que os escândalos exigiam, cujo resultado é o conjunto imperdoável da monstruosidade espalhada pelo mundo católico.
A verdade é que a Igreja Católica, a par de sempre abafar os crimes repugnantes e covardes, porque eram protagonizados sob o pálio da religião vil e espúria, travestida sob o submundo da religiosidade criminosa, contribuiu para que o pecado mortal fosse banalizado no seio da própria instituição, que demonstrou total incapacidade para combater o mal e cortar a sua raiz venenosa, como era do seu dever, em se tratando de entidade que deveria somente cuidar da disseminação do Evangelho de Jesus Cristo, sob os princípios do amor, da caridade e do extremo respeito à dignidade cristã.
À toda evidência, a missão do atual papa tem sido visivelmente inglória e tormentosa, diante de quadro alarmante de putrificação dos princípios católicos e da violação dos conceitos sagrados do cristianismo, no que se refere à parte podre da igreja, descambada para os vexaminosos e recrimináveis abusos sexuais praticados, quer queira ou não, em nome Deus, porque os monstros de batina agiam em sedução em nome do amor divino, onde se possa imaginar que a pseudo pureza sacerdotal teria o cordão de inspirar segurança e confiança às vítimas das práticas de crimes horrendos e desumanos, que certamente deixaram marcas indeléveis e se tornaram esquecíveis dores por parte de quem foi molestado pelos verdadeiros demônios da Igreja Católica.
Neste momento de extrema dramaticidade moral que grassa no seio da Igreja Católica, o santo papa precisa mostrar a sua autoridade eclesiástica, tendo a obrigação de, com a devida urgência, reconhecer os graves erros protagonizados por membros da instituição e, em consonância com a devoção ao respeito inspirador de milênios de doutrinação cristã, agir, com a devida energia, para punir com rigor os crimes horrorosos e repugnantes, dando basta a essa tristeza que enegrece e ridiculariza a nobreza da missão evangelizadora da maior importância para os católicos de todo mundo, que reconhecem a premência da separação do joio do trigo, de modo que as adequadas sanções possam servir de saudáveis lições de moralização. Acorda, Brasil!
Brasília, em 27 de agosto de 2018

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