terça-feira, 28 de março de 2023

Impura religiosidade?

 

          Em mensagem que circula nas redes sociais, conta-se que uma criança precisava de ajuda e se encontrou com um policial, que foi indagado onde poderia encontrá-la.

O policial o orientou sobre a existência de casarão branco, que, ao encontrá-lo dissesse apenas o seguinte: "João 3:16 ".

Ao encontrar o casarão, o garoto foi atendido por uma senhora, a quem disse o aludido anunciado e, por conta disso, ele foi prontamente atendido, tendo merecido asseio pessoal, alimento e dormida.

Segundo a mensagem, a senhora perguntou ao garoto se ele sabia o significado de versículo “João 3:16?", que respondeu que o desconhecia.

Então, a senhora explicou o significado dessa citação bíblica, aproveitando para dizer que “DEUS amou o mundo de tal maneira, que deu seu único Filho para que todo aquele que nele crê, não pereça, mas tenha a vida eterna (João 3:16).”.  

Causa estranheza que a mensagem em causa aconselhar que se faça oração pela pessoa que a mandou, da seguinte forma: “Pai, abençoe a pessoa que me enviou esta mensagem e lhe dê o que o Senhor sabe que ela precisa pra hoje.”.

 Em conclusão, a mensagem diz que a compartilhe, mas, se não puder repassar, apenas a pessoa deixará de melhorar um pouco o dia dos seus amigos, como se isso fosse algo maravilhoso.

Em análise ao sentido da mencionada mensagem, eu disse que tenho procurado ser muito cético quando vejo história como essa, do puro imaginário, com o aproveitamento ou o envolvimento da ingenuidade de uma criança, em narrativa sobre situação que dificilmente acontece, na vida real, porque todo cenário só há um menino, um policial e uma generosa senhora, sem mais ninguém, como se o ensinamento bíblico do “João 3:16”somente servisse para esse caso específico, quando ficaria melhor se, na história, o casarão estivesse lotada de gente, com mais crianças, velhos, homens, mulheres, que se enquadrassem realmente em “João 3:16”.

Isso, por si só, sob a minha ótica, quebra o élan da parábola, que é, sem dúvida fantástica, mas termina em fumaça, como se o “João 3:16” só se prestasse para a situação do garoto, mas o fato em si demonstra forma inadequada de aproveitamento da religiosidade vazia, uma vez que as pessoas esperam por orações, por força do compartilhamento de mensagem.

A outra parte que sempre acho muito esquisito é se aproveitar de história fantasiosa, como essa, para tentar se beneficiar de pensamentos benéficos, como se o mero repasse de mensagem tivesse o condão de forjar o merecimento celestial, em que Deus haveria de reconhecer atitudes cristãs dignas de louvores, diante do simples compartilhamento, uma vez que o Criador recompensa as ações efetivamente realizadas.

Vejo aqui muito mais sentimento de ingenuidade e tentativa aproveitamento de situação meramente ilustrativa, para se acreditar em construção positiva em cima de gestos completamente destituídos de substancialidades, para se acreditar em benefícios celestiais.

É aconselhável que as pessoas de boa vontade, que acreditam nas graças divinais, aproveitem essa interessante história, mas tendo visível intenção interesseira, para aprender a verdadeira lição deixada pelo importante ensinamento bíblico, nos precisos termos de “João 3:16”, que nem precisa de se valer do sacrifício do repasse de mensagem duvidosa como essa, para o merecimento das graças enganosas, porque Deus, espontaneamente, ou seja, sem necessidade de se pedir, ver o seu gesto de amor e magnanimidade cristão e contabiliza, na caderneta celestial, todos os gestos de caridade e bondade dedicados ao próximo.

Brasília, em 28 de março de 2023

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