A
guerra entre Rússia e Ucrânia completou um ano, no dia 24 último, cujo
resultado, como não poderia ser diferente, é simplesmente aterrorizante, com a contabilização
de mais de 300 mil mortes, mais de 18 milhões de ucranianos migrantes, entre
milhares de mutilados e atingidos pelos efeitos trágicos causados pelo conflito
absolutamente desnecessário.
Vejam-se
que a motivação de guerra que somente vem causando generalizada destruição foi,
pasmem, a inacreditável aproximação do governo ucraniano do leste europeu e a
sua firme intenção de integrar a Organização do Tratado do Atlântico Norte
(Otan), que vinha em expansão desde a Segunda Guerra Mundial em direção ao
Oriente.
O presidente russo teria avisado que, se a Otan não parasse as conversações com a Ucrânia, haveria fatalmente o conflito, uma vez que ele se sentia "cercado" pela adesão de nações àquela organização.
A aludida absurda ameaça foi cumprida, já assim motivada, já depois, por interesses territoriais, políticos, econômicos e até culturais, cuja estratégia inicial era somente atacar Kiev, capital da Ucrânia, e depor o presidente do país, no máximo, em curtíssimo praza de apenas uma semana ou 10 dias.
Não obstante, a meta foi frustrada pela pronta reação dos militares ucranianos que impediram a dominação da capital da Ucrânia, fazendo com que a guerra se prolongasse e de maneira selvagem, em que o mundo foi estarrecido com ataques russos a residências, hospitais, escolas e espaços ocupados por civis, matando gente inocente, como crianças, mulheres, jovens e idosos, aos milhares.
Como era de se esperar, desde o início da guerra, muitas nações a condenaram, em esforço completamente inútil para dissuadir o mostro russo de prosseguir na insana e injustificável escalada bélica contra a Ucrânia.
O
certo é que todos os apelos de paz foram ignorados pelo presidente russo, tendo,
ao contrário, a iniciativa de ameaçar o uso do arsenal atômico para conquistar
a vitória.
Diante da incontrolável obstinação do presidente russo, tendo como objetivo frear o impulso doentio do presidente russo, Estados Unidos e países da União Europeia impuseram sanções econômicas contra a Rússia e concederam ajuda bélica e financeira ao governo ucraniano, como forma de facilitar melhor enfrentamento dos embates da guerra sangrenta.
Agora, depois da consumação da tragédia humanitária, os presidentes da Rússia e da Ucrânias mostraram-se simpáticos à proposta de solução para o conflito apresentada pelo presidente do Brasil, que propõe a criação de grupo de representantes de nações neutras, que cuidaria de discutir os termos de acordo de paz.
Conforme
declaração do governo chinês, ele encampa a ideia oferecida pelo presidente brasileiro,
tendo divulgado opinião também favorável ao fim do conflito, por condenar o uso
de armas atômicas, e aconselhando a retomada das negociações de paz.
O governo chinês entende que a guerra não beneficia ninguém, sendo preciso que haja racionalidade e moderação, para se evitar que a crise fique cada vez mais acirrada ou saia do controle, embora esse controle nunca existiu, conforme mostram os próprios conflitos bélicos.
A verdade é que conflitos bélicos são apenas terríveis e monstruosos exemplos de destruição da humanidade, que são completamente ignorados pelo ditador russo, que deveria perceber que as guerras somente constroem derrotados e o saldo triste de horrores que nunca mais haverá saneamento.
Enfim,
a guerra é a transformação da sensatez, da sensibilidade, da racionalidade
humanas em sentimentos de ódio, vingança e destruição do próprio homem, cujos maléficos
resultados não podem satisfazer a honra do ser humano, porque toda conquista é
apenas fruto da ruína, da morte, enfim, do horror generalizado, conforme mostra
o rastro deixado no seu caminho.
O
apelo que se faz pela paz tem a precípua finalidade de ressuscitar no coração
dos mandatários a importância suprema da vida humana, cuja grandeza de valores
tem prevalência sobre todos e quaisquer interesses terrenos.
Convém
que realmente haja a iniciativa para o diálogo diplomático de tolerância, para que
possa coexistir a convergência de sentimentos de racionalidade entre seres
verdadeiramente humanos, de modo que seja possível a solução dos conflitos, da
melhor maneira possível, em benefício da humanidade, com a prevalência dos princípios
do bom senso, da compreensão e da civilidade, especialmente levando-se em conta
que nem havia motivação para a guerra.
Brasília, em 1º de março
de 2023
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