Um ex-governador de São Paulo afirmou que o Brasil precisa,
urgentemente, virar a página das eleições presidenciais, por não se justificar
elas ainda serem fonte de tensão no país.
O político disse que, em se tratando de governo eleito, há
que se respeitar a decisão das urnas.
Segundo o político, a “A eleição foi encerrada. Há um
governo eleito e há que se respeitar a decisão das urnas democraticamente. Há
que se respeitar, também, a oportunidade para que esse governo, que não tem 100
dias, possa exercitar corretamente suas práticas e seus compromissos
estabelecidos durante a campanha”.
Ele acredita que a calmaria será vital para o reforço da
democracia.
O ex-governador também destacou que a preservação do
diálogo é vital e ressaltou o papel exercido, até agora, pelo ministro da
Fazenda, em especial nas discussões sobre o novo arcabouço fiscal.
Como se pode ver, essa conversa do político tem toda pertinência
com o regime que colocou na Presidência da República homem público que não
consegue provar a sua conduta de imaculabilidade, na vida pública, porque ele é
incapaz de apresentar atestado de conduta ilibada e idoneidade, em razão do seu
envolvimento com esquemas criminosos de desvios de dinheiros públicos.
Esse fato combina com o sigilo das urnas eletrônicas, como
feito propositadamente pelo Tribunal eleitoral brasileiro, que se opôs à
transparência das urnas eletrônicas, deixando de se permitir acesso ao “código-fonte”,
apenas com base na injustificável alegação, sem prova alguma, de que elas estão
corretas, em total proteção de sigilo absolutamente desnecessário se realmente
a propalada decisão delas tenha sido em consonância com os princípios
democráticos, onde predomina a total transparência, em sintonia com os conceitos
evoluídos de civilidade.
É evidente que as declarações do político estão em absoluta
consonância com o resultado do pleito eleitoral quando ele estiver absolutamente
sob a garantia da normalidade, quando inexiste qualquer suspeita de irregularidade
que não haja necessidade de confirmação sobre a sua legitimidade.
Não obstante, não é o caso das últimas eleições brasileiras,
em que inúmeras foram as denúncias feitas sobre suspeitas de interferências
indevidas na operacionalização das urnas eletrônicas, foto este que não se coaduna,
em hipótese alguma, com essa ingênua ideia de se “virar a página das eleições
presidenciais”, quando há graves suspeitas de irregularidades, em se
tratando de casos que exigem a devida transparência sobre os procedimentos
havidos no sistema eleitoral, segundo os princípios republicanos, que são próprios
dos países evoluídos, em termos políticos e democráticos.
A verdade é que, se pensar diferentemente disso não
contribui para o aperfeiçoamento dos princípios democráticos, uma vez que se
trata de defesa de algo suspeito de irregularidades, que não custa absolutamente
nada em se provar que elas são inexistentes, ou seja, sob a premissa do resultado
regular e normal, tudo se aconselharia que as próprias autoridades incumbidas e
responsáveis pela operacionalização das urnas se encarregassem de mostrar aos
brasileiros a forma transparente essa regularidade, porque é exatamente assim que
procedem as nações sérias e civilizadas.
Não obstante, fica evidente que a falta de transparência, mediada
por meio da normal auditoria das urnas eletrônicas, promovida por terceiros,
que podem ser as Forças Armadas ou os partidos políticos ou quem mais se
habilitar legalmente, somente aumenta as suspeitas sobre a possível existência de
irregularidades, enquanto se manter o indevido e injustificável sigilo, que tem
o condão de esconder e acomodar algo ruim que somente conspira contra a
seriedade que precisa imperar na administração pública, à luz do disposto no
artigo 37 da Constituição, que obriga a transparência dos seus atos, algo que
foi negado, de forma peremptória, pelo Superior Tribunal Eleitoral, por não permitir
acesso ao “código-fonte” das urnas eletrônicas.
Enfim, por fazer parte dos princípios civilizatórios e
democráticos, não há a menor dúvida de que é preciso sim “se respeitar
a decisão das urnas democraticamente”, especialmente quando inexistem
suspeitas sobre possíveis irregularidades no processo eleitoral, a despeito do
que aconteceu com as últimas eleições brasileiras, em que a mídia garante que a
proclamação dos vitoriosos carece de confirmação, por meio de auditoria nas
urnas eletrônicas.
A verdade é que, havendo suspeitas de fraudes na votação, como
houve, na forma de inúmeras suspeitas de irregularidades, há o normal
entendimento segundo o qual pode ter sido maculado o sistema eleitoral, ferimento
legal que não se compadece com os princípios democráticos e civilizatórios, que
têm como pressuposto a quebra da vontade soberana do povo, em processo que exige
a absoluta transparência, com a imunidade à suspeição de qualquer forma.
Ante o exposto, os brasileiros honrados e dignos nutrem a
esperança de puder respeitar, na forma dos princípios democráticos, o resultado
das últimas eleições, sob o respaldo da desejável transparência das urnas eletrônicas,
que permita afastar qualquer forma de suspeita de irregularidade, em absoluta
conformidade com os princípios civilizatórios e de cidadania modernos.
Brasília, em 3 de março de 2023
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