O
último ex-presidente da República, que se encontra nos Estados Unidos da América,
depois de ter fugido para lá, em 30 de dezembro último, apareceu em vídeo para
dizer que pretende “virar a página”, na esperança de que o partido no
qual ele é filiado fará bonito em 2026 e orientou os deputados e senadores da
sigla a concentrarem esforços na criação da CPI mista (na Câmara dos Deputados e
no Senado Federal) sobre os atos antidemocráticos do dia 8 de janeiro.
O
político afirmou que "Temos um sonho, temos um ideal, sofremos
derrotas, mas a gente, acreditando em Deus e na força do nosso povo, nós
atingiremos os nossos objetivos. Por vezes acontecem coisas na nossa vida que a
gente não tem como explicar, mas vamos virar a página, vamos pensar no futuro".
Em
outro trecho, o ex-presidente declarou: "Pessoal federal aí, deputados
e senadores, vamos focar na CPMI [CPI mista], porque vamos fazer valer João
8:32 (Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará). A verdade vai nos
libertar. Tenho certeza de que nosso partido fará muito bonito ano que
vem e mais bonito ainda em 2026".
O
discurso do ex-presidente foi acompanhado com muitos aplausos e gritos de
"mito".
O
discurso do ex-presidente segue rigorosamente a praxe desgastada e demagoga dos
velhos políticos derrotados e desbotados, mas sempre sonhadores, com novos
ideais e novas promessas, como se o passado sombrio não contasse para nada, em
termos de oportunidade para a realização de grande governo, que ficassem na
história de grandes obras e serviços em benefício da população.
Nunca
um presidente do país prometeu tanto e realizou talvez o mínimo necessário,
apenas o indispensável exigido de qualquer governante, uma vez que o seu legado
não contabiliza nenhuma obra de impacto inaugurada, nenhum serviço excepcional criado
ou qualquer reforma estrutural do Estado, com a marca do seu governo que
servisse de exemplo para lembrar a sua passagem no principal cargo da
República.
É
preciso lembrar, a propósito, que o ex-presidente recebeu incumbência especial,
embora por caminho inverso, de cuidar da saúde dos brasileiros, quando surgiu,
no seu governo, a pandemia do coronavírus, em que ele tinha excepcional e maravilhosa
oportunidade para mostrar capacidades naturais de competência, eficiência e
especial sensibilidade humanitária para a condução do processo exigido para o
combate ao mal do século.
Não
obstante, a sua atuação se caracterizou como a mais desastrosa possível, quando,
sem experiência alguma nas áreas de medicina e sanitarismo, ele entendeu de
opinar e se manifestar sobre todos os assuntos inerentes ao combate ao vírus,
cuja horrorosa atuação mereceu, com o devido mérito, o cognome de negacionista,
exatamente porque ele foi muito mais prejudicial do que benéfico ao combate à Covid-19,
conforme os fatos mostrados pela imprensa.
Na
qualidade de estadista sem experiência na área de saúde pública, o ex-presidente
deveria ter se comportado apenas como o cuidadoso administrador que se mostrasse
preocupado com a situação que era realmente gravíssima e tivesse a
sensibilidade de conduzir as medidas de combate da melhor maneira possível,
como a constituição de comissões especiais de alto nível dos participantes, com
os melhores especialistas sobre o assunto, inclusive com a participação das entidades
da federação, mantendo-se a distância em tudo, mas sendo atento às necessidades
da população, mostrando solidariedade com o que fosse necessário para o mais
eficiente possível ao combate da pandemia, sem jamais interferir nem criticar
as medidas em realização por quem de direito.
Ao
contrário disso, como prova de infinita incompetência e irresponsabilidade
públicas, o ex-presidente colocou um especialista em suprimento de materiais dos
quartéis do Exército, sem qualquer experiência em medicina ou sanitarismo, no
auge da crise causada pela pandemia do coronavírus, logo para chefiar, pasmem,
o principal órgão do governo incumbido das políticas de combate à Covid-19, cujo
resultado não poderia ter sido o mais horroroso possível, com estatística estratosfera
de progressivas mortes, que ocorriam incontrolavelmente em razão da inexistência
de medidas capazes e necessárias ao combate eficiente e eficaz da doença.
É
preciso que o povo seja realmente demente para dar crédito às promessas de quem
ainda diz que tem “um sonho”, “um ideal”, quando ele já teve importantes
oportunidades para realizar tanto o sonho como o ideal, se tivesse o mínimo de
racionalidade, bom senso e inteligência política para entender que o destino do
Brasil já esteve sob as suas mãos, quando ele poderia ter contribuído para
evitar que o poder voltasse, sem qualquer resistência, para o domínio da banda
podre da política brasileira, à vista dos terríveis exemplos de desonestidade e
aderência aos esquemas de criminalidade, na gestão dos recursos públicos.
Pois
bem, é inacreditável que político que não teve a mínima percepção para entender
que a falta da decretação da intervenção militar, exigida a despeito da caótica
crise política, demandada, em especial, pela visível e indevida interferência
do sistema na escolha do novo presidente do país, à vista de inúmeras denúncias
de irregularidades na operacionalização da votação pertinente, levaria à
drástica situação pela qual se encontra o Brasil, que poderia ter outro
destino, depois das normais medidas efetivadas pelas Forças Armadas, por força
da incumbência sobre os necessários saneamentos.
A
verdade é que, não fosse essa inaceitável omissão, o Brasil poderia ter sido salvo
do abismo que se encontra, exatamente por culpa dele, porque a incumbência da decretação
das medidas saneadoras era exclusivamente dele, com base no art. 142 da Constituição,
e em especial de ele ter deixado de dizer a verdade sobre a covardia de se
omitir, quando o Brasil mais precisou dele para não ser entregue ao domínio da
maldade, que ele sabia muito bem sobre os riscos da sua inaceitável omissão.
Agora,
à toda evidência, funciona como bastante estranho o ex-presidente vir suscitar o
João 8:32, que se refere precisamente sobre a necessidade da verdade, medida
essa que ele omitiu dos brasileiros quando deixou de decretar a intervenção
militar, tendo ficado em absoluto silêncio até o presente momento, quando ele
tinha a obrigação de esclarecer e justificar perante os verdadeiros brasileiros
os motivos da sua inadmissível omissão, mas mesmo assim ele acha normal exigir a
verdade dos outros, como no caso referentes aos atos antidemocráticos, fato
este que somente mostra a dupla personalidade dele.
Enfim,
é preciso que os brasileiros honrados e dignos se conscientizem de que o último
ex-presidente do Brasil já teve importantes oportunidades para virar a página,
com absoluta grandeza em todos sentidos, se ele tivesse tido o cuidado de ter
dirigido o seu governo com o mínimo de racionalidade, sensibilidade, bom senso,
competência, eficiência e a observância dos demais princípios constantes da cartilha
do verdadeiro estadista, tendo a exclusiva preocupação de zelar das atividades
relacionadas com o interesse público, de forma a atender à integral satisfação
das causas da população.
Brasília, em 19 de março de 2023
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