sexta-feira, 10 de março de 2023

Quem é o culpado?

         Em mensagem que circula nas redes sociais, alguém houve por bem atribuir aos brasileiros a decadência político-administrativa do Brasil, por ter decidido eleger político desprovido dos atributos de competência, dignidade e moralidade, na vida pública.

Infelizmente, tudo que consta do texto, que evidencia indiscutível decadência da avaliação política de um povo, reflete o preciso contexto da história político-contemporânea.

Na minha modesta opinião, não basta, por não ser corretamente justo, apenas se atribuir o completo desmazelo à consciência cívico-político do povo, que realmente não teve a menor sensibilidade para perceber os riscos expostos à grandeza do Brasil, com a entrega do poder à parte apodrecida da política brasileira, com a sua índole de desonestidade e aderência aos escândalos e aos esquemas criminosos, a exemplo, em especial, do mensalão e do petrolão, onde a evidência de vergonhosos desvios de recursos públicos para fins escusos de pura promiscuidade, na vida pública.

Pois bem, nada mais cômodo do que simplificar os fatos, como foi escrito no presente texto, em que o seu autor foi pródigo em creditar somente à ingenuidade do povo  a retomada do poder pela esquerda, quando também é preciso se fazer justiça à história republicana, tendo como destaque a inconsequente atuação do último ex-presidente da República, que não foi o verdadeiro estadista que deveria se dedicar exclusivamente às questões relacionadas com o interesse público.

Nesse contexto, o caso mais grave evidenciado aconteceu na condução do combate à pandemia do coronavírus, em que ele se colocou como autêntico negacionista, se opondo, em muitas situações, às próprias orientações do seu governo, além de lhe faltar firmeza quanto às decisões referentes à compra das vacinas, cuja imunização somente começou quase um mês depois de muitos países.

É preciso que seja ressaltado o deplorável envolvimento do ex-presidente com integrantes do poder Judiciário, como se ele não tivesse nada importante para cuidar, cujo resultado foi o mais terrível e trágico possível, uma vez que isso só evidenciou discussão infrutífera e desgastante, onde o único objetivo dos debates era apenas mostrar quem tinha maior poder na República tupiniquim, posto que nunca o interesse público se fez presente nas ingênuas e desnecessárias discussões.

Ou seja, esses fatos e muitos casos absolutamente inconvenientes às funções estritamente presidenciais tiveram o condão de potencializar a rejeição à pessoa do ex-presidente do país, que não teve capacidade para demover esse terrível sentimento arraigado de muitos brasileiros, que preferiram desqualificá-lo como habilitado ao relevante cargo presidencial, conforme mostra o resultado das eleições proclamado pela Justiça eleitoral.

Muitos brasileiros preferiram, no seu lugar, segundo a Justiça eleitoral, outra pessoa ainda mais desqualificada do que ele, mesmo sendo o autêntico símbolo da desonestidade da gestão pública brasileira, à vista dos fatos irregulares e dos esquemas criminosos investigados pela Polícia Federal e julgados pela Justiça brasileira.

Enfim, é preciso, por dever de justiça, que a desgraça imposta ao Brasil não possa ser atribuída somente a quem tenha preferido aderir à esculhambação da gestão pública, porque a pessoa que se desviou das suas funções básicas do cargo contribuiu, de forma decisiva, para esse monstruoso desastre contra a nação e os brasileiros.

Brasília, em 10 de março de 2023

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