Com a meta de
aumentar a bancada de deputados na Câmara dos Deputados e, por via de consequência,
ter mais tempo de TV nas próximas eleições, o PRB centrou os esforços para
atrair estrelas e celebridades em atividade na televisão para participar da
eleição do próximo ano. Com essa finalidade, o partido resolveu pela criação
de programa de treinamento para os novos filiados, com a participação de assessoria
especializada para a montagem de projetos políticos, antes do início da campanha.
Deverão ser criados núcleos específicos para tratar dessa matéria. Nos quadros
da agremiação, já figuram importantes figuras do mundo artístico e a tendência
é que outras se juntem a elas. Os futuros candidatos vão se especializar nas
suas áreas de atuação, como estilismo, transporte, saúde, educação, esporte,
direito do consumidor e outras com as afinidades dos novos políticos. Não há dúvida
de que a mais visível tendência deste país é se afundar cada vez mais na mediocridade
das ideias políticas, em clara demonstração de quem está se dirigindo em
contramão da história contemporânea, que registra conquistas em benefício da
humanidade, conquanto os partidos políticos organizam-se em busca de seu
crescimento, objetivando aumentar posições políticas, sem nenhuma intenção de
melhoria social. A medida destinada a atrair celebridades para o partido é
manifestação mais evidente de que não há nisso nenhuma preocupação com a competência
e a responsabilidade sobre os verdadeiros destinos do país, que não pode progredir
se seus políticos não se esforçam para que as atividades públicas, desempenhadas
pelos homens políticos, sejam purificadas e aperfeiçoadas, como instrumento indispensável
ao fortalecimento democrático. A notória crise política, patenteada com a
indignidade do desempenho dos políticos em atividade, exige, ao contrário do
adotado pelo PRB, rigorosa seleção de bons cidadãos, com disposição para fazer
política em benefício da sociedade. O momento é mais do que oportuno para o
aparecimento de homens públicos devotados exclusivamente às causas da população,
em firme disposição para lutar contra a vergonhosa avalanche das causas
puramente eleitoreiras, que contradizem os salutares fins democráticos e contribuem
tão somente para o aprofundamento da inferioridade e ruindade das práticas
políticas, em explícito desserviço aos interesses do país. Enquanto no resto do
mundo os países primam para a implantação de medidas em consonância com as
conquistas e os avanços científicos, tecnológicos e democráticos, nas terras
tupiniquins os homens públicos se inspiram em iniciativas de retrocesso, com o
objetivo de atrair para suas hostes artistas e profissionais de destaque na sociedade,
que não têm afinidade com a política, em contraposição aos princípios
essenciais da democracia, que deveriam ser usados para o aprimoramento e a
modernidade das atividades políticas. Os partidos políticos deveriam se preocupar
com o fortalecimento do seu ideário programático, que só tem serventia para
criação do partido, mas, depois de aprovado, se transforma em agremiação de
aluguel e de instituição interessada nas cotas do fundo partidário e nos
minutos do horário eleitoral, estes como forma de barganha nas alianças
destinadas à obtenção das benesses proporcionadas pelo poder, em manobras
espúrias e degradantes, à luz dos princípios democráticos. Dificilmente os
partidos defendem com exclusividade os princípios da sua fundação, porquanto
eles não se sustentam e passam a funcionar como letra morta diante de outros
interesses totalmente contrários à prescrição original. Não há dúvida de que,
via de regra, os partidos manejam seus interesses para a satisfação pessoal da
sua cúpula, sem nenhuma preocupação com as atividades políticas para as quais,
em princípio, a agremiação foi criada. É muito provável que, nem mesmo nas
piores republiquetas, os partidos políticos atuem com tamanha indignidade e tanto
desvirtuamento de suas características programáticas como se expõem no Brasil.
A sociedade precisa se despertar dessa lamentável letargia para exigir que as
atividades político-partidárias sejam exercidas em estrita observância aos princípios
da moralidade, do decoro e da integridade aos ideários programáticos, de modo que
a democracia seja respeitada e dignificada, como forma de contribuir para o desenvolvimento
do país. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES