quarta-feira, 29 de outubro de 2014

A perda da dignidade

 
      A reportagem de capa da revista “veja” dá destaque para a notícia de que o doleiro, preso pela Operação Lava Jato, teria dito em depoimento à Justiça, em delação premiada, que a presidente da República e o seu antecessor sabiam dos desvios de dinheiro da Petrobras.
Como não poderia ser diferente, a candidata petista criticou, com veemência, a reportagem, afirmando que ela “e seus cúmplices” terão de responder na Justiça pelo "ato de terrorismo", por não apresentar qualquer prova, visando apenas impactar no resultado das eleições.
A presidente disse que a revista excedeu os limites da decência e da falta de ética, por ter insinuado o seu conhecimento sobre os malfeitos (diga-se irregularidades) na Petrobras, que teriam sido articulados pelo seu antecessor.
A petista classificou como ato de terrorismo eleitoral articulado pela revista e seus parceiros ocultos, por denunciarem o fato sem prova concreta, mas apenas tendo se baseado em supostas declarações de pessoas do submundo do crime, fato que ela considera absurdo e crime, principalmente porque, segundo a presidente, a revista sempre inventa fato semelhante a este em “Todas as eleições, quando candidatos do PT aparecem à frente das pesquisas, a revista tenta desesperadamente influenciar no resultado”.
A candidata petista disse que os brasileiros têm maturidade suficiente para discernir entre a mentira e a verdade e sabe que não compactua com a corrupção, pois fará “o que for necessário, doa a quem doer, toda a vez que houver necessidade de investigar e de punir os que mexem com o patrimônio do povo. Sou uma defensora intransigente da liberdade de imprensa, mas a consciência livre da nação não pode aceitar que mais uma vez se divulgue falsas denúncias no meio de um processo eleitoral em que o que está em jogo é o futuro do Brasil. Os brasileiros darão sua resposta à Veja e a seus cúmplices nas urnas, e eu darei a minha resposta a eles na Justiça.".
Não é verdade que o povo saiba distinguir a mentira da verdade, porque se tivesse esse discernimento jamais apoiaria a candidatura dela, em face de o seu governo ter se baseado em grande inverdade administrativa, tendo em vista os resultados político-administrativos, à vista do desempenho dela, em especial, na condução da economia, na prestação dos serviços públicos, quanto à gestão dos recursos públicos, que não obedeceram necessariamente às priorizações e aos planejamentos que se exigem para a aplicação eficiente dos recursos públicos, de modo a atingirem os objetivos de efetividade e economicidade em estrito atendimento às necessidades básica da sociedade.
Também não é justo se afirmar que a presidente petista mandar investigar os fatos e punir os culpados, visto que ela nunca tomou a iniciativa da determinação da apuração de coisa nenhuma nem se tem conhecimento de alguma punição. Até mesmo as investigações da incumbência do Congresso Nacional, com sede em duas Comissões Parlamentares de Inquérito, que estão paralisadas por força da campanha eleitoral, mereceram a boa vontade do Palácio do Planalto, que promoveu as maiores dificuldades para que elas sequer fossem viabilizadas, justamente para não prejudicarem a imagem do governo, que acusava a oposição de querer destruir o conceito da Petrobras, quando já se sabia que a roubalheira era grossa na empresa.
É induvidoso que esse imbróglio deverá agilizar as medidas de controle da mídia, que tanto o PT vem debatendo para a regulação da imprensa, que certamente terá como modelo os terríveis controles já adotados por países Sul-americanos das correntes bolivariana e socialista, onde a imprensa é simplesmente censurada e impedida de noticiar fatos contrários à cartilha do governo. Não se iludam que a continuidade do governo, logo, mas bem logo mesmo, a lei do ferrolho será aprovada, lamentavelmente.
Não há a menor dúvida de que a candidata não teve a mesma firmeza e bravura em combater os atos de corrupção no seu governo como o fez agora contra a revista, que pode não ter sido a mais ética possível, principalmente por não ter concedido, previamente, o direito de manifestação à petista, para que ela tivesse oportunidade de esclarecer os fatos com a precisão que a sociedade espera que ela o faça, para que possa avaliar a sua postura contra tantas corrupções no seu governo.
O apoio que o povo vem concedendo aos atos de corrupção na administração pública, conforme evidencia o resultado das urnas, demonstra, no mínimo, involução do sentimento de dignidade e moralização que se impõem nos países com o mínimo de seriedade. Nos países evoluídos cultural, social, político, econômico e democraticamente, qualquer sinal de corrupção já é motivo mais do suficiente para a renúncia dos envolvidos, mas, no país tupiniquim, o tsunami da corrupção é normal e apenas passageiro, que ocorre sem qualquer impacto ou abalo na credibilidade do governante, que pode contar com o tranquilo apoio de seus fiéis súditos. 
O Brasil deve ser o único país do mundo onde os atos de corrupção são transformados em virtudes em venefício dos envolvidos, como no caso da própria petista, que já admitiu a roubalheira na Petrobras, cuja precariedade de controle e da gestão administrativa deveria ser atribuída exclusivamente a ela, em demonstração da sua incompetência de continuar no comando da nação, mas, apesar de todo desastre, a presidente ainda conta com significativo apoio da população, que demonstra completa insensibilidade e racionalidade quanto ao ferimento dos princípios da dignidade e da honorabilidade que se impõem na aplicação dos recursos públicos.
 Também fica evidente a irresponsabilidade da presidente, por ter aparelhado ou dado continuidade ao aparelhamento na estatal com as pessoas que causaram a roubalheira, mas não demonstrou capacidade para afastar dela as pessoas indicadas politicamente pelos partidos, dando a certeza de que não haverá limpeza do famigerado aparelhamento da empresa e da gravidade do esquema implantado pelos partidos acusados da rapinagem.
Caso as corrupções ocorressem num país sério, certamente que não tinha mais ninguém no governo, haja vista que a sociedade, nos países desenvolvidos, tem dignidade e maturidade suficientes para entender que governo corrupto não tem condição moral para administrar os negócios do país, porque isso significa a perdição dos princípios da dignidade e honorabilidade. Acorda, Brasil!   
 
           ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
           Brasília, em 28 de outubro de 2014

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