Nunca
na história republicana, o presidente do país foi tão subserviente à
bandalheira e à roubalheira na administração pública, à luz dos fatos revelados
por ex-integrantes do governo ou por agentes relacionados com o interesse dele,
a exemplo do doleiro preso pela Operação Lava Jato da Polícia Federal, que
teria dito em depoimento à Justiça que o ex-presidente da República petista foi
obrigado a ceder à pressão de agentes políticos para nomear o ex-diretor da
Petrobras, que também se encontra preso na aludida operação, por ter sido
acusado de participar do tenebroso esquema de corrupção na estatal.
Segundo
consta no áudio do depoimento do doleiro ao juiz federal, responsável pelo
processo da citada operação, ainda com tramitação na primeira instância, que “notáveis”
e “poderosos” políticos trancaram a pauta do Congresso Nacional com o expressa propósito
de pressionar o ex-presidente da República para nomear aquele que seria o
grande operador do petrolão.
O
doleiro disse que "Eu tenho
conhecimento que, para que Paulo Roberto Costa assumisse a cadeira de diretor
da Diretoria de Abastecimento, esses agentes políticos trancaram a pauta no
Congresso durante 90 dias. Na época, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
ficou louco, teve que ceder e realmente empossar o Paulo Roberto Costa na
Diretoria de Abastecimento".
O
doleiro também afirmou que se reunia com o ex-diretor da empresa e os políticos
envolvidos no esquema, para a discussão de cada ponto que estava posto à
deliberação e que "Todo mundo sabia
o que estava acontecendo", deixando claro que toda empresa que fechava
contrato com a Petrobras tinha que pagar porcentagem para as áreas de
Abastecimento e de Serviço.
Ele
foi categórico em afirmar que "O
conhecimento que eu tenho é que toda empresa que tinha uma obra com a Petrobras
– algumas delas realmente pagavam, algumas não pagavam – mas é que todas elas
tinham que pagar um por cento pra área de Abastecimento e um por cento pra área
de Serviço. Se ela não pagasse, tinha
a ingerência política do próprio diretor, que ela não fazia a obra se ela não
pagasse. Toda empresa desse porte
maior, já sabia que qualquer obra que ela fosse fazer na área de abastecimento
da Petrobras, ela tinha que pagar um pedágio de 1%. E 1% também para a área de
serviço e de engenharia".
Apesar
de ser apontado como um dos comandantes do esquema na denúncia oferecida pelo
Ministério Público, o doleiro afirmou à Justiça que era apenas uma "engrenagem" e que os mandantes eram
"gente mais elevada",
"inclusive agentes públicos".
O
doleiro garantiu que ele apenas fazia parte, como um dos operadores, da
engrenagem comandada por gente pública muito elevada do governo, que se
encarregou de cuidar do esquema, no período entre meados de 2005 até o final de
2012.
Em
comunicado, o PT garante que o depoimento em apreço “Está carregado de afirmações distorcidas e mentirosas. Essas acusações, difundidas insistentemente
por meio de notícias na imprensa, sem possibilidade de acesso de nossos
advogados aos depoimentos, impedem o direito ao exercício constitucional da
ampla defesa. Reiteramos que as contribuições financeiras recebidas pelo PT são
transparentes e realizadas sempre de acordo com a legislação em vigor".
Esses
desmentidos praticamente perderam validade depois que a candidata petista tratou
de reconhecer a existência da roubalheira na estatal, como estratégia de
estancar a sangria que corria sem parar nas veias da corrupção do seu governo,
que estavam respingando perigosamente na sua candidatura.
Apesar
de admitir as irregularidades com o envolvimento de recursos da estatal,
consistente no desvio de montanhas de dinheiros, protagonizadas por integrantes
do seu partido e políticos aliados do governo, a presidente do país nada fez de
efetivo para demonstrar qualquer forma de repúdio com a dilapidação do
patrimônio da sociedade, por simplesmente deixar tudo como estava, inclusive
mantendo os corruptos nos cargos, como se nada tivesse acontecido de irregular
e de grave no reino petista.
Causa
enorme perplexidade e indignação se verificar que parcela significativa de
brasileiros faz questão de ignorar completamente esse estado de degeneração e
de desmoralização dos princípios da administração pública, por ainda ter a
indignidade de respaldar com seu apoio situação que representa a forma mais
deprimente de desmoralização dos princípios da dignidade e da honorabilidade,
que tanto se exigem da gestão dos recursos dos brasileiros.
É
inacreditável ainda se perceber que, mesmo tendo a humanidade conseguido dar gigantescos
passos em busca da conquista da elevação dos conceitos de civilidade e de
dignidade, muitos brasileiros, até mesmo com alguma formação cultura, ainda
estejam com a mente na idade paleolítica, não conseguindo enxergar a realidade
translúcida sobre o que significa conduta ética e a falta dela, como forma de
contribuição para o aperfeiçoamento social.
Não
há dúvida de que a esculhambação e as falcatruas descobertas na Petrobras, caso
tivessem sido constatadas num país com o mínimo de seriedade, seria, pelo
menos, capaz de enxotar dos cargos públicos eletivos os componentes do governo,
do mais alto ao menor grau de envolvimento, como forma de extirpação do câncer
acometido na administração pública.
Não
obstante, de forma absurda e incompreensível, a magnitude da repercussão das
irregularidades dos atos de corrupção é transformada, em proporção inversa, em
ato de virtude em benefício do governo, que poderá ser contemplado com a
continuidade no poder, em bizarra demonstração de patética involução da
humanidade, que reconhece e aceita pacificamente a patifaria na gestão pública,
mediante rapinagem serenamente admitida pela mandatária do país, que, a par
disso, teria o dever constitucional de frear as roubalheiras na sua gestão,
mas, mesmo assim, concorda que isso tenha continuidade, por nada fazer de efetivo
para barrar em definitivo a deformidade crônica na administração pública.
Compete
à sociedade, diante do aleijão imposto à administração do país, com nítidos
prejuízos ao interesse público, se conscientizar e se sensibilizar sobre a
urgente necessidade de mudança da gestão dos recursos dos brasileiros, como
forma de possibilitar perspectivas para a retomada da moralização dos conceitos
de dignidade e de honorabilidade, que são basilares para o afeiçoamento democrático
e o desenvolvimento do país. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 24 de outubro de 2014
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