A
ambientalista derrotada na última eleição decidiu que seu apoio ao candidato
tucano vai depender da aceitação dele às suas propostas que serão apresentadas a
ele.
Com
essa finalidade, foi marcado encontro do grupo dela com o candidato do PSDB, em
cuja ocasião serão entregues as propostas programáticas, que foram eleitas por
consenso pela Rede de Sustentabilidade, por entender que elas satisfazem as
pretensões básicas para o desenvolvimento político-administrativo do país.
Entre
os compromissos que a Rede considera “fundamentais” para o fechamento do apoio à
candidatura do tucano figuram a reforma agrária, a manutenção dos direitos dos
trabalhadores, as demarcações de terras indígenas e de unidades de conservação,
a adoção de política “progressista” em relação ao clima, a implantação de
escola em tempo integral, o passe livre para estudantes e a revisão do fator
previdenciário.
Traduzindo
os assuntos organizados pelo grupo da ex-senadora, tem-se que, basicamente, ele
pretende o fim da reeleição, com mandato de cinco anos; a adoção de visão mais
abrangente do desenvolvimento; a implantação de educação de qualidade; a
introdução da sustentabilidade nas decisões sobre políticas públicas; a
descarbonização da economia; a priorização à economia sustentável; a
sustentabilidade no campo e na cidade; o fortalecimento da agricultura
familiar; a defesa dos territórios, de seus recursos naturais e de suas
populações; a garantia inegociável dos direitos humanos e a expansão dos
direitos sociais e dos trabalhadores, com o aumento e a qualificação dos
empregos; se ouvir os movimentos sociais; a melhoria dos serviços públicos; a
disponibilização de mais recursos para a saúde; a garantia da segurança da
população; a não-flexibilização das leis trabalhistas; e o assentamento de
cerca de 85 mil famílias pela reforma agrária.
Não
obstante, entre as principais demandas, pasmem, encontra-se a retida do
programa de governo do tucano da redução da maioridade penal, que, sem dúvida,
trata-se de medida tão ansiada por maioria absoluta dos brasileiros sensatos,
que não suportam mais nem ouvir das barbaridades praticadas pelos menores de 18
anos, que cometem crimes mais selvagens do que os protagonizados por adultos,
mas mesmo assim, quando apreendidos (nem presos são), passam apenas pelo
elegante termo da ressocialização, limitada à tão somente três anos.
O
porta-voz da ex-senadora disse que será uma “boa iniciativa” se o senador
mineiro se comprometer publicamente com as bandeiras do seu grupo político, em
forma de carta ou documento público. Ele disse que “Cartas redigidas que simbolizem contrato de trabalho do futuro governo
serão extremamente positivas. O Brasil precisa resgatar a confiança nos
políticos”.
Na forma
da proposta preparada pelo grupo político da ambientalista, há clara declaração
no sentido de que a adesão dele à campanha do tucano fica condicionada,
necessariamente, à anuência do candidato sobre os assuntos elencados na
proposta dos adesistas.
Trata-se
de demandas visivelmente inaceitáveis, não que a sua maioria não seja viável,
mas, a uma, porque de proposta mesmo não tem absolutamente nada, quando o seu
arcabouço diz respeito a verdadeiro ultimato: ou aceita nossa imposição ou nada
feito, e, a duas, porque não é de bom tom se apelar por imposição nessas horas,
quando as regras do já foram estabelecidas e qualquer mudança pode causar
transtornos insanáveis.
A evidente
esquisitice protagonizada pela Rede fica patente em diferenciação ao
procedimento de vários partidos, inclusive do PSB - este que acomodou a
candidatura da ex-senadora -, que não fizeram nenhuma exigência para participar
da candidatura tucana, que até podiam, mas preferiram respeitar as regras do
jogo democrático.
Diante
desse fato, de certa forma, inusitado, é induvidoso que a democracia brasileira
precisa se aperfeiçoar e evoluir, com indispensável urgência, por se verificar,
no caso em comento, que o apoio da candidata derrotada ao candidato
peessedebista ainda dependa da aceitação dele sobre as exigências para a
reformulação de programa de governo que já tem ampla aceitação da sociedade.
Seria
muito mais elegante para a ambientalista já ter declarado que não pretende
participar do processo eleitoral, do que ficar fazendo exigências absurdas, à
vista de não ter conseguido a adesão dos brasileiros ao seu programa de governo,
mas pretende impô-lo agora ao candidato tucano.
A
racionalidade e a modernidade democráticas aconselham que quem realmente pretenda
apoiar alguém não tem direito de impor condições, mais sim de apenas, quando
muito, levar subsídios para o aperfeiçoamento e o enriquecimento do programa do
candidato, por ser normal que aquele que adere não pode fazer exigência senão
se associar para o engajamento de objetivos comuns, na forma já delineada pelo
candidato, cujo programa já foi aprovado pelas urnas, na primeira etapa dessa
importante jornada democrática. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 09 de outubro de 2014
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