quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Fragilidade dos sistemas de controle

       Na atual conjuntura político-administrativa, o grande problema do Brasil se concentra na democracia capenga, onde a oposição se mostra fragilizada pela incompetência e imaturidade de não cumprir seu principal papel de fiscalizar a gestão governamental, transferindo para os meios de comunicação a incumbência de desempenhar tal importante missão. 
Como nenhuma reforma foi promovida nos últimos anos, houve o progressivo surgimento da corrupção sistêmica e endêmica na administração pública, havendo a sua banalização, a ponto de o governo se vangloriar de ter criado equipe especializada destinada às investigações das irregularidades, quando o normal seria não haver a esculhambação de a todo instante ser preciso apurar mais um caso de corrupção, a exemplo da Petrobras, onde surge um episódio em sequência ao outro.
Os brasileiros já deram suficientes mostras de que são absolutamente comodistas, no que se refere à escolha do estadista para administrar o país. Veja-se a enorme dificuldade que eles têm de entender o que seja gerenciar o país com as potencialidades como o Brasil, cujo governo, de forma populista  e socialista, apenas priorizou a distribuição de renda, sem a menor preocupação com as demais políticas governamentais.
Na verdade, os simpatizantes do socialismo apenas percebem que o governo petista se esforçou, evidentemente sem “segundas” intenções, para fomentar os programas assistencialistas, aproveitando todo tempo para fazer marketing sobre seus feitos, como se isso não tivesse o viés eleitoreiro, como visto no resultado da última eleição, com expressiva votação para a candidata governista, tudo faz para permanecer no poder.
O governo competente e preocupado não somente com o desenvolvimento social, certamente teria priorizado suas políticas para o aperfeiçoamento, o aprimoramento e a modernidade dos demais sistemas político, eleitoral, econômico, tributário, previdenciário, administrativo, trabalhista, tecnológico etc., de modo a promover a reformulação desses sistemas, tendo como objetivo a eliminação dos obstáculos e dos gargalos que contribuíram para dificultar o crescimento econômico do país.
Os exemplos dos entraves são evidenciados nos descontroles das contas públicas, das dívidas públicas, das taxas de juros, da inflação, na injustificável carga tributária, no fisiologismo ideológico predominante na administração pública e nas inumeráveis precariedades que atravancam o progresso do país, a exemplo do custo Brasil, que vem contribuindo positivamente para a desindustrialização e o tangimento do país do capital estrangeiro, cujos investidores já perceberam que a falta de competitividade da produção nacional é prejudicial à aplicação do seu dinheiro no Brasil.
Além dos baixos indicadores de crescimento econômico, conforme evidenciados pelo ridículo desempenho do Produto Interno Bruto, com crescimento negativo no primeiro semestre do corrente ano, o governo padece da pior crise de credibilidade pelos sucessivos escândalos de corrupção batendo à sua porta, como os desastrosos rombos no patrimônio da Petrobras, que o governo insiste em tanger para longe do Palácio do Planalto as sequelas maléficas dos prejuízos decorrentes da malsucedida compra da sucateada e superfaturada refinaria de Pasadena, no Texas, por preço exorbitante e altamente prejudicial aos interesses nacionais, da dos estragos revelados pela Operação Lava-Jato da Polícia Federal.
Não obstante à desmoralização da administração pública, o governo ainda teve a infelicidade de implantar o indigno e condenável sistema  do fisiologismo ideológico no serviço público, mediante o indecente loteamento de ministérios e empresas estatais entre os partidos integrantes da sua base de sustentação no Congresso Nacional, tendo por finalidade o fortalecimento e a consolidação do seu principal projeto de perenidade no poder.
Trata-se, como se vê, de governo que se destacou pela disposição de privilegiar o desenvolvimento social, com a distribuição de renda às famílias carentes, programa esse que poderia ser feito por qualquer governo, não fosse a primorosa consecução, a qualquer custo, dos programas visando à permanência no poder, para a qual todos os esforços foram despendidos, inclusive relegar a planos secundários os projetos e as metas de desenvolvimento do país.
Infelizmente, as pessoas estão radiantes diante do governo populista, que não se cansa de se vangloriar de seu feito, que ainda culpa a classe burguesa  e imprensa tendenciosa de se opor aos grandes legados dele, que ainda considera normal a construção de porto, aeroportos, estradas, hospitais e importantes obras em países governados por ditadores, além do perdão do pagamento de dívidas referentes a empréstimos concedidos a países africanos.
Não se trata de relativizar os avanços do governo, mas sim de se avaliar com sensibilidade e consciência os efeitos perversos das precariedades pela prestação dos serviços públicos, evidenciados na saúde, na educação, na segurança pública, nos transportes, no saneamento básico, na infraestrutura etc., conforme os protestos das ruas, no ano passado, mostrando o desgoverno e as deficiências administrativas.
Compete à sociedade se conscientizar sobre os reais benefícios e malefícios promovidos pela gestão petista para os brasileiros, sem essa de se colocar culpa inexistente no coitadinho do governo, como se ele não tivesse mácula, mas somente bondade, embora as precariedades e as mazelas suplantem sobejamente os programas sociais que, por si sós, são incapazes de justificar a administração do Brasil, ante as potencialidades e riquezas do país, cuja gestão não pode se limitar ao gerenciamento da distribuição de renda, como se só isso, que é importante, fosse motivo suficiente para se dispensar a eficiência e eficácia na execução dos demais programas de governo, que não pode se descurar da estrita observância aos salutares princípios da legalidade, do decoro, da moralidade, da transparência e da dignidade, tendo a responsabilidade de se estruturar para evitar e combater com firmeza as irregularidades e as corrupções com recursos públicos. Acorda, Brasil!
 
         ANTONIO ADALMIR FERNANDES
         Brasília, em 16 de outubro de 2014

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