Como deve se portar verdadeiro estadista
republicano, o candidato tucano vem mostrando na sua campanha que, se eleito,
será o presidente da integração nacional, não havendo distinção entre ricos e
pobres, pois o seu governo será para todos, cuja promessa significa a garantia
de desfazer, em definitivo, a ideia de que o governo petista tenta impingir ao
PSDB o partido elitista, que somente tem interesse de cuidar da classe dos bem
nascidos, dos mais aquinhoados e dos bem ilustrados, sem ter preocupação com os
pobres.
O tucano, ao se declarar o candidato de todos, procura
mostrar que houve deturpação pelo PT da declaração do ex-presidente do seu
partido, segundo a qual “O PT está
fincado nos menos informados, que coincide de serem os mais pobres”, quando
fazia alusão aos votos de petista e peessedebista no Nordeste, onde a
presidenciável oficial obteve expressiva vantagem de votos.
O fato mereceu protestos dos petistas, que teria
entendido que a declaração era a prova do elitismo e do preconceito tucano, na
tentativa de insultar os nordestinos e os pobres, com o que discordam os
tucanos, por considerarem injustas as colocações dos petistas, que teriam
procurado deturpar a declaração do ex-presidente para transformá-la em fins eleitoreiros
a seu favor. Diante disso, o PSDB alega que o PT promove divisão preconceituosa
do eleitorado e põe a culpa nos peessedebistas.
A polêmica não passa de verdade sociológica, uma
vez que existe inegavelmente o mapa coincidente, notoriamente histórico, dos
mais pobres com os menos educados e o dos mais ricos, com os mais educados, que,
respectivamente, se situa mais precisamente no Nordeste, no caso dos votos do
PT, e no Sudeste, onde o PSDB tem predominância de votos, justamente porque é
visível que o Nordeste representa maior índice de pobreza e de menos educados
do que no Sudeste.
Esses fatos justificam as conclusões do
ex-presidente tucano, in verbis: “O PT está fincado nos menos informados, que
coincide de ser os mais pobres. Não é porque são pobres que apoiam o PT, é
porque são menos informados. Essa caminhada do PT dos centros urbanos para os
grotões é um sinal preocupante do ponto de vista do PT porque é um sinal de
perda de seiva ele estar apoiado em setores da sociedade que são, sobretudo,
menos informados”.
O que o tucano disse é
verdade irrefutável, à luz do bom senso, sem que haja no seu nenhuma forma de
preconceito, por ser fato irrecusável, tendo em vista que as pessoas mais bem
informadas percebem - e as menos informadas não - que a incompetência
administrativa e a desmoralização dos princípios da ética, da dignidade e da
honorabilidade não condizem com os elevados conceitos que são ansiados para o
comando do Brasil, que merece ser administrado por estadista que evite
coalizões ou alianças com políticos de reputação questionável; não inche a
máquina pública para atender conveniência política interesseira; não permita
que seu partido integre esquemas para desvio de dinheiro público, a exemplo do
mensalão, petróleo e outros casos de corrupção nos ministérios; não promova
obras públicas no exterior, com recursos dos contribuintes; combata a corrupção
com atos efetivos e não penas com palavras; não claudique na prestação dos
serviços públicos; não conduza o país às dificuldades econômicas, a exemplo do
crescimento próximo de zero, este ano, outras deficiências na condução da
economia; não resista às reformas estruturais do Estado, com vistas à sua
modernização; entre outras deformações na administração pública que os maus
informados e menos educados não têm condições de ficar sabendo, porque o
marketing governamental somente leva a eles os resultados da bondade do Bolsa
Família e dos Mais Médicos. Este último programa foi organizado sob protestos
de irregularidades com relação aos profissionais cubanos, que recebem
remuneração diferenciada aos demais médicos, com infringência aos princípios
constitucionais de igualdade e de legalidade.
O povo nordestino é bastante inteligente e sabe
muito bem o que quer, mas ainda não percebeu a sua força política para exigir
dos políticos a solução das pletoras questões que, reiteradamente, se avolumam
ano a ano, a exemplo das tragédias causadas pelas secas, que são tratadas de
forma apenas paliativa e circunstancial, dando azo aos aproveitadores de
plantão, em especial os inescrupulosos políticos que transformaram as crises
climáticas na indústria mais lucrativa da face da terra.
Os nordestinos têm o dever cívico de se despertar
para a realidade e exigir, em forma de mutirão formado por todos da região, não
aceitando mais medidas somente adotadas caso a caso, como forma de satisfazer
os problemas localizados e emergenciais, sendo que muitos dos quais ficam se
arrastando na incompetência administrativa, a exemplo da transposição do Rio
São Francisco, com previsão para inauguração para 2012, mas agora foi empurrada
para final de 2016.
Compete ao bom e trabalhador povo nordestino exigir
mais atenção do governo federal, no sentido de haver investimentos em programas
de desenvolvimentos regionais, a título de incentivo fiscal, para atrair o
capital para o interior totalmente desprezado e desconhecido pelo governo, que
somente toma conhecimento da sua existência no exato momento das apurações das
urnas, quando elas, aliás, se lhe tornarem favoráveis, como foi o caso do
último turno da eleição, propiciando que a candidata oficial comparecesse a uma
cidadezinha do interior do Piauí, que lhe homenageou com a maior votação, em
termos percentuais, fato que demonstra a incoerência dos governantes, que
jamais teriam sequer imaginado em saber o nome da cidade se não fosse essa
proeza de quase cem por cento dos votos a seu favor.
Trata-se de pura demagogia, embora esse fato esteja
em harmonia com o governo que se diz populista, sabidamente fazendo uso da
ingenuidade da população, porque a sua intenção mesmo se traduz na consecução
do seu principal projeto de perenidade no poder, não importando os fins para o
atingimento dos meios, inclusive, como se vê, praticando demagogia, que é o
poder ou a arte maquiavélico de conduzir o povo, mostrando a atuação política
na qual há evidente interesse em manipular ou agradar artificialmente a
população, incluindo muitas vezes promessas que muito provavelmente não serão
realizadas, a exemplo da solução da falta de água do Nordeste, visando apenas à
conquista do poder político.
No caso da presença da candidata àquela cidade teve
por objetivo tão somente sensibilizar a população e potencializar a campanha
eleitoral do segundo turno, ainda em curso, que não teria sido possível isso
acontecer se o pleito já tivesse sido concluído no primeiro turno, quando a
aludida cidade jamais teria sido objeto de tamanho destaque da mídia.
É lamentável que o povo do Nordeste ainda aceite
essa forma antiquada de politicagem, respaldada por manipulações e palavras
soltas ao vento para agradá-lo, posto que são procedimentos antiéticos que não
se coadunam com a modernidade democrática e muito menos com as conquistas da
humanidade, que somente têm validade com medidas concretas, que possam
efetivamente contribuir para o significativa benefício da população, que não é
o caso que acontece com os nordestinos, que continuam dependentes das migalhas
do governo federal, quando essa situação deprimente já deveria ter sido
transformada há muito tempo em amparo substancial e efetivo, em razão do poder
e da influência que seu eleitorado dispõe para exigir tratamento digno dos governantes
e dos homens públicos. Acorda, Nordeste!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 21 de outubro de 2014
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