quarta-feira, 22 de outubro de 2014

A verdade irrefutável

Como deve se portar verdadeiro estadista republicano, o candidato tucano vem mostrando na sua campanha que, se eleito, será o presidente da integração nacional, não havendo distinção entre ricos e pobres, pois o seu governo será para todos, cuja promessa significa a garantia de desfazer, em definitivo, a ideia de que o governo petista tenta impingir ao PSDB o partido elitista, que somente tem interesse de cuidar da classe dos bem nascidos, dos mais aquinhoados e dos bem ilustrados, sem ter preocupação com os pobres.
O tucano, ao se declarar o candidato de todos, procura mostrar que houve deturpação pelo PT da declaração do ex-presidente do seu partido, segundo a qual “O PT está fincado nos menos informados, que coincide de serem os mais pobres”, quando fazia alusão aos votos de petista e peessedebista no Nordeste, onde a presidenciável oficial obteve expressiva vantagem de votos.
O fato mereceu protestos dos petistas, que teria entendido que a declaração era a prova do elitismo e do preconceito tucano, na tentativa de insultar os nordestinos e os pobres, com o que discordam os tucanos, por considerarem injustas as colocações dos petistas, que teriam procurado deturpar a declaração do ex-presidente para transformá-la em fins eleitoreiros a seu favor. Diante disso, o PSDB alega que o PT promove divisão preconceituosa do eleitorado e põe a culpa nos peessedebistas.
A polêmica não passa de verdade sociológica, uma vez que existe inegavelmente o mapa coincidente, notoriamente histórico, dos mais pobres com os menos educados e o dos mais ricos, com os mais educados, que, respectivamente, se situa mais precisamente no Nordeste, no caso dos votos do PT, e no Sudeste, onde o PSDB tem predominância de votos, justamente porque é visível que o Nordeste representa maior índice de pobreza e de menos educados do que no Sudeste.
Esses fatos justificam as conclusões do ex-presidente tucano, in verbis: “O PT está fincado nos menos informados, que coincide de ser os mais pobres. Não é porque são pobres que apoiam o PT, é porque são menos informados. Essa caminhada do PT dos centros urbanos para os grotões é um sinal preocupante do ponto de vista do PT porque é um sinal de perda de seiva ele estar apoiado em setores da sociedade que são, sobretudo, menos informados”.
O que o tucano disse é verdade irrefutável, à luz do bom senso, sem que haja no seu nenhuma forma de preconceito, por ser fato irrecusável, tendo em vista que as pessoas mais bem informadas percebem - e as menos informadas não - que a incompetência administrativa e a desmoralização dos princípios da ética, da dignidade e da honorabilidade não condizem com os elevados conceitos que são ansiados para o comando do Brasil, que merece ser administrado por estadista que evite coalizões ou alianças com políticos de reputação questionável; não inche a máquina pública para atender conveniência política interesseira; não permita que seu partido integre esquemas para desvio de dinheiro público, a exemplo do mensalão, petróleo e outros casos de corrupção nos ministérios; não promova obras públicas no exterior, com recursos dos contribuintes; combata a corrupção com atos efetivos e não penas com palavras; não claudique na prestação dos serviços públicos; não conduza o país às dificuldades econômicas, a exemplo do crescimento próximo de zero, este ano, outras deficiências na condução da economia; não resista às reformas estruturais do Estado, com vistas à sua modernização; entre outras deformações na administração pública que os maus informados e menos educados não têm condições de ficar sabendo, porque o marketing governamental somente leva a eles os resultados da bondade do Bolsa Família e dos Mais Médicos. Este último programa foi organizado sob protestos de irregularidades com relação aos profissionais cubanos, que recebem remuneração diferenciada aos demais médicos, com infringência aos princípios constitucionais de igualdade e de legalidade.
O povo nordestino é bastante inteligente e sabe muito bem o que quer, mas ainda não percebeu a sua força política para exigir dos políticos a solução das pletoras questões que, reiteradamente, se avolumam ano a ano, a exemplo das tragédias causadas pelas secas, que são tratadas de forma apenas paliativa e circunstancial, dando azo aos aproveitadores de plantão, em especial os inescrupulosos políticos que transformaram as crises climáticas na indústria mais lucrativa da face da terra.
Os nordestinos têm o dever cívico de se despertar para a realidade e exigir, em forma de mutirão formado por todos da região, não aceitando mais medidas somente adotadas caso a caso, como forma de satisfazer os problemas localizados e emergenciais, sendo que muitos dos quais ficam se arrastando na incompetência administrativa, a exemplo da transposição do Rio São Francisco, com previsão para inauguração para 2012, mas agora foi empurrada para final de 2016.
Compete ao bom e trabalhador povo nordestino exigir mais atenção do governo federal, no sentido de haver investimentos em programas de desenvolvimentos regionais, a título de incentivo fiscal, para atrair o capital para o interior totalmente desprezado e desconhecido pelo governo, que somente toma conhecimento da sua existência no exato momento das apurações das urnas, quando elas, aliás, se lhe tornarem favoráveis, como foi o caso do último turno da eleição, propiciando que a candidata oficial comparecesse a uma cidadezinha do interior do Piauí, que lhe homenageou com a maior votação, em termos percentuais, fato que demonstra a incoerência dos governantes, que jamais teriam sequer imaginado em saber o nome da cidade se não fosse essa proeza de quase cem por cento dos votos a seu favor.
Trata-se de pura demagogia, embora esse fato esteja em harmonia com o governo que se diz populista, sabidamente fazendo uso da ingenuidade da população, porque a sua intenção mesmo se traduz na consecução do seu principal projeto de perenidade no poder, não importando os fins para o atingimento dos meios, inclusive, como se vê, praticando demagogia, que é o poder ou a arte maquiavélico de conduzir o povo, mostrando a atuação política na qual há evidente interesse em manipular ou agradar artificialmente a população, incluindo muitas vezes promessas que muito provavelmente não serão realizadas, a exemplo da solução da falta de água do Nordeste, visando apenas à conquista do poder político.
No caso da presença da candidata àquela cidade teve por objetivo tão somente sensibilizar a população e potencializar a campanha eleitoral do segundo turno, ainda em curso, que não teria sido possível isso acontecer se o pleito já tivesse sido concluído no primeiro turno, quando a aludida cidade jamais teria sido objeto de tamanho destaque da mídia.
É lamentável que o povo do Nordeste ainda aceite essa forma antiquada de politicagem, respaldada por manipulações e palavras soltas ao vento para agradá-lo, posto que são procedimentos antiéticos que não se coadunam com a modernidade democrática e muito menos com as conquistas da humanidade, que somente têm validade com medidas concretas, que possam efetivamente contribuir para o significativa benefício da população, que não é o caso que acontece com os nordestinos, que continuam dependentes das migalhas do governo federal, quando essa situação deprimente já deveria ter sido transformada há muito tempo em amparo substancial e efetivo, em razão do poder e da influência que seu eleitorado dispõe para exigir tratamento digno dos governantes e dos homens públicos. Acorda, Nordeste!
 
         ANTONIO ADALMIR FERNANDES
         Brasília, em 21 de outubro de 2014

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