domingo, 26 de outubro de 2014

Desmoralização dos princípios éticos

É lamentável que, em pleno século XXI, ainda existam homens públicos com a mentalidade retrógrada, apesar dos significativos e importantes avanços da humanidade, com o iluminismo dos conhecimentos científicos e tecnológicos, que poderiam ser empregados com vantagem em benefício das pessoas.
O que o ex-presidente tucano disse recentemente foi deturpado pelo PT, porque a intenção dele foi muito clara ao dizer que “O PT está fincado nos menos informados, que coincide de serem os mais pobres”, quando fazia alusão aos votos de petista e peessedebista no Nordeste, onde a presidenciável oficial obteve expressiva vantagem de votos, evidentemente motivos por razões próprias dos sertanejos, que em muitos casos são atendidos pelo governo, que não ainda não priorizou o ensino público país e muito menos para o Nordeste.
Na ocasião, o fato mereceu protestos dos petistas, que teriam entendido, por questão de conveniência política, que a aludida declaração era a prova do elitismo e do preconceito tucanos, na tentativa de insultar os nordestinos e os pobres, com o que discordam os peessedebistas, por considerarem injustas as colocações dos petistas, que teriam procurado deturpar a declaração do ex-presidente para transformá-la em fins meramente eleitoreiros.
Diante disso, o PSDB alega que o PT promove divisão preconceituosa do eleitorado e põe a culpa nos peessedebistas, suscitando aí a polêmica que não passa de pura verdade sociológica, tendo em vista que existe inegavelmente o mapa dos mais pobres, que coincidente com os menos educados, e o dos mais ricos, com os mais educados, fato notadamente histórico de longos tempos, que, respectivamente, se situa mais precisamente no Nordeste, no caso dos votos do PT, e no Sudeste, onde o PSDB tem predominância de votos, justamente porque é visível que o Nordeste representa maior índice de pobreza e educados do que no Sudeste, até mesmo por conveniência política, que interessa ao governo, manter essa situação, como forma de se beneficiar eleitoralmente.
Esses fatos, que já causaram e ainda vão causar intermináveis discussões e polêmicas, justificam as conclusões do ex-presidente tucano, no sentido de que “O PT está fincado nos menos informados, que coincide de ser os mais pobres. Não é porque são pobres que apoiam o PT, é porque são menos informados. Essa caminhada do PT dos centros urbanos para os grotões é um sinal preocupante do ponto de vista do PT porque é um sinal de perda de seiva ele estar apoiado em setores da sociedade que são, sobretudo, menos informados”.
Embora o PT não admita, mas o que o tucano disse é verdade irrefutável, haja vista que as pessoas mais bem informadas percebem com clareza - e as menos informadas não - que a incompetência administrativa e a desmoralização dos princípios da ética, dignidade e honorabilidade não condizem com os elevados conceitos que se pretendem para o comando do Brasil, que merece ser administrado por estadista que evite coalizões ou alianças com políticos de reputação questionável; não inche a máquina pública para atender conveniência política interesseira; não permita que seu partido integre esquemas para desvio de dinheiro público, a exemplo do mensalão, petrolão e outras corrupções que dominaram as páginas policiais, nos últimos tempos; não promova obras públicas no exterior, com recursos dos contribuintes, que jamais serão beneficiados por isso; combata a corrupção com atos efetivos e não penas com palavras vazias de conteúdo; não claudique na prestação dos serviços públicos; não conduza o país às dificuldades econômicas, a exemplo do crescimento do país muito próximo de zero, este ano; não seja persistente e resistente às reformas estruturais do Estado; entre outras deformações na administração pública que os maus informados e menos educados, não necessariamente nordestinos, não têm as mínimas condições de saber, porque o marketing governamental somente leva a eles os resultados da bondade do Bolsa Família e dos Mais Médicos.
Aliás, este último programa, que foi tão alardeado e enaltecido pelo governo, é motivo de terríveis críticas por sua açodada organização e na sua implantação, tendo sido objeto de censura e protestos pelas graves irregularidades com relação, em especial, aos profissionais cubanos, que deixaram de receber tratamento e remuneração iguais aos demais médicos, com notória infringência aos princípios constitucionais de isonomia e de legalidade.
Não há dúvida de que a desinformação sobre o desgoverno, que é uma realidade indiscutível, pode perfeitamente influenciar na preferência da população, não apenas do Nordeste, ao PT, que sabe como ninguém fazer propaganda em seu favor, mesmo que seu governo não seja exatamente aquilo que o país já faz por merecer, em razão da modernidade democrática que, infelizmente, se encontra em plagas distantes, justamente pela qualidade dos políticos que insistem em fazer política sob o primado da insinuação, das ilações distorcidas e da desconstrução dos adversários, que, à toda evidência, são práticas nada recomendadas para os homens públicos com princípios éticos salutares, porque essa forma de política deletéria somente contribui para o empobrecimento dos princípios democráticos, à vista da evidente involução da civilidade e da razoabilidade, que jamais deveriam se afastar dos legítimos homens públicos.
É pena que os brasileiros ainda deem crédito a políticos que aproveitam os fatos da vida para tentar se beneficiar mediante ardis absolutamente inverossímeis, mas mesmo assim ainda enchem os pulmões para se vangloriar como verdadeiros heróis da pátria, apesar de os fatos mostrarem a realidade bastante distanciada de seus alardeados perfis.
A sociedade precisa se conscientizar, com urgência, sobre a realidade da administração do país, de modo a perceber que se o país fosse gerenciado com competência, responsabilidade e honestidade, não existiam as sistêmicas e endêmicas corrupções na administração pública e a economia teria condições de crescer em consonância com as potencialidades do país, que são economicamente inaproveitadas, ante as práticas deletérias enraizadas na gestão pública brasileira. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 25 de outubro de 2014

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