É lamentável que, em pleno século XXI, ainda
existam homens públicos com a mentalidade retrógrada, apesar dos significativos
e importantes avanços da humanidade, com o iluminismo dos conhecimentos científicos
e tecnológicos, que poderiam ser empregados com vantagem em benefício das
pessoas.
O que o ex-presidente tucano disse recentemente foi
deturpado pelo PT, porque a intenção dele foi muito clara ao dizer que “O PT está fincado nos menos informados, que
coincide de serem os mais pobres”, quando fazia alusão aos votos de petista
e peessedebista no Nordeste, onde a presidenciável oficial obteve expressiva
vantagem de votos, evidentemente motivos por razões próprias dos sertanejos,
que em muitos casos são atendidos pelo governo, que não ainda não priorizou o
ensino público país e muito menos para o Nordeste.
Na ocasião, o fato mereceu protestos dos petistas,
que teriam entendido, por questão de conveniência política, que a aludida declaração
era a prova do elitismo e do preconceito tucanos, na tentativa de insultar os
nordestinos e os pobres, com o que discordam os peessedebistas, por
considerarem injustas as colocações dos petistas, que teriam procurado deturpar
a declaração do ex-presidente para transformá-la em fins meramente eleitoreiros.
Diante disso, o PSDB alega que o PT promove divisão
preconceituosa do eleitorado e põe a culpa nos peessedebistas, suscitando aí a
polêmica que não passa de pura verdade sociológica, tendo em vista que existe
inegavelmente o mapa dos mais pobres, que coincidente com os menos educados, e
o dos mais ricos, com os mais educados, fato notadamente histórico de longos
tempos, que, respectivamente, se situa mais precisamente no Nordeste, no caso
dos votos do PT, e no Sudeste, onde o PSDB tem predominância de votos,
justamente porque é visível que o Nordeste representa maior índice de pobreza e
educados do que no Sudeste, até mesmo por conveniência política, que interessa
ao governo, manter essa situação, como forma de se beneficiar eleitoralmente.
Esses fatos, que já causaram e ainda vão causar
intermináveis discussões e polêmicas, justificam as conclusões do ex-presidente
tucano, no sentido de que “O PT está
fincado nos menos informados, que coincide de ser os mais pobres. Não é porque
são pobres que apoiam o PT, é porque são menos informados. Essa caminhada do PT
dos centros urbanos para os grotões é um sinal preocupante do ponto de vista do
PT porque é um sinal de perda de seiva ele estar apoiado em setores da
sociedade que são, sobretudo, menos informados”.
Embora o PT não admita, mas o que o tucano disse é
verdade irrefutável, haja vista que as pessoas mais bem informadas percebem com
clareza - e as menos informadas não - que a incompetência administrativa e a
desmoralização dos princípios da ética, dignidade e honorabilidade não condizem
com os elevados conceitos que se pretendem para o comando do Brasil, que merece
ser administrado por estadista que evite coalizões ou alianças com políticos de
reputação questionável; não inche a máquina pública para atender conveniência
política interesseira; não permita que seu partido integre esquemas para desvio
de dinheiro público, a exemplo do mensalão, petrolão e outras corrupções que
dominaram as páginas policiais, nos últimos tempos; não promova obras públicas
no exterior, com recursos dos contribuintes, que jamais serão beneficiados por
isso; combata a corrupção com atos efetivos e não penas com palavras vazias de
conteúdo; não claudique na prestação dos serviços públicos; não conduza o país
às dificuldades econômicas, a exemplo do crescimento do país muito próximo de
zero, este ano; não seja persistente e resistente às reformas estruturais do
Estado; entre outras deformações na administração pública que os maus
informados e menos educados, não necessariamente nordestinos, não têm as mínimas
condições de saber, porque o marketing governamental somente leva a eles os
resultados da bondade do Bolsa Família e dos Mais Médicos.
Aliás, este último programa, que foi tão alardeado
e enaltecido pelo governo, é motivo de terríveis críticas por sua açodada
organização e na sua implantação, tendo sido objeto de censura e protestos pelas
graves irregularidades com relação, em especial, aos profissionais cubanos, que
deixaram de receber tratamento e remuneração iguais aos demais médicos, com notória
infringência aos princípios constitucionais de isonomia e de legalidade.
Não há dúvida de que a desinformação sobre o
desgoverno, que é uma realidade indiscutível, pode perfeitamente influenciar na
preferência da população, não apenas do Nordeste, ao PT, que sabe como ninguém
fazer propaganda em seu favor, mesmo que seu governo não seja exatamente aquilo
que o país já faz por merecer, em razão da modernidade democrática que,
infelizmente, se encontra em plagas distantes, justamente pela qualidade dos
políticos que insistem em fazer política sob o primado da insinuação, das
ilações distorcidas e da desconstrução dos adversários, que, à toda evidência,
são práticas nada recomendadas para os homens públicos com princípios éticos
salutares, porque essa forma de política deletéria somente contribui para o
empobrecimento dos princípios democráticos, à vista da evidente involução da
civilidade e da razoabilidade, que jamais deveriam se afastar dos legítimos homens
públicos.
É pena que os brasileiros ainda deem crédito a
políticos que aproveitam os fatos da vida para tentar se beneficiar mediante
ardis absolutamente inverossímeis, mas mesmo assim ainda enchem os pulmões para
se vangloriar como verdadeiros heróis da pátria, apesar de os fatos mostrarem a
realidade bastante distanciada de seus alardeados perfis.
A sociedade precisa se conscientizar, com urgência,
sobre a realidade da administração do país, de modo a perceber que se o país
fosse gerenciado com competência, responsabilidade e honestidade, não existiam
as sistêmicas e endêmicas corrupções na administração pública e a economia
teria condições de crescer em consonância com as potencialidades do país, que
são economicamente inaproveitadas, ante as práticas deletérias enraizadas na
gestão pública brasileira. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 25 de outubro de 2014
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