É
lamentável que o governo demonstre enorme indignação contra o vazamento dos
depoimentos do ex-diretor da Petrobras e do doleiro envolvidos na Operação Lava
Jato, onde eles mostraram com irreparável competência e coerência a forma
espúria do descaminho de recursos públicos para os cofres de partidos
governistas, em especial o PT, PMDB e PP, inclusive dando detalhes sobre os percentuais
das propinas para seus destinatários a ainda apontando alguns nomes, como o
tesoureiro do PT. Todavia, a presidenciável não teve a idêntica firmeza para condenar
a corrupção propriamente dita, que até podia não ser do seu conhecimento, mas era
da sua obrigação moral ser incisiva em repudia ao caso em si, fato que
evidencia total inversão de valores.
O
governo probo e cônscio da sua relevante responsabilidade de representar importante
nação como o Brasil teria o dever de saber, por seus próprios meios de
apuração, os detalhes sobre as propinas e as falcatruas consistentes nos desvios
de dinheiros da Petrobras, por meio de contratos com preços manipulados, com a
finalidade da destinação de valores para partidos políticos, e não passar a
conhecer sobre os fatos, de forma surpreendente, apenas pela divulgação dos depoimentos
dos envolvidos pela imprensa.
O
governo competente tem o dever constitucional de apurar na própria estatal a
regularidade das contratações havidas, como forma de atestar a regularidade e a
efetividade dos objetos contratados, mas, ao contrário disso, nenhuma medida
foi adotada, no caso da estatal, em demonstração de inépcia, incúria e incompetência,
possibilitando com isso enorme dano ao patrimônio da empresa.
No
caso da Petrobras, é muito bom que os fatos tenham vindo o quanto antes ao conhecimento
da sociedade, com bastante antecipação da eleição do segundo turno, com vistas
a possibilitar melhor avaliação pelo povo sobre eles, para se saber se a
população realmente quer promover efetiva faxina nas velhas e antiquadas
práticas político-administrativas, que contribuíram para banalizar a corrupção
na administração pública, com abrangência nas empresas estatais, a exemplo
claro da empresa petrolífera, ou, ao contrário, se ela pretende tentar novo
governo que possa vislumbrar novos horizontes, com a realização de abrangente assepsia
da imundície que foi disseminada sem piedade na administração do país e se
encontra encalacrada na gestão dos recursos públicos, de forma absolutamente
deletéria.
Não
é novidade alguma se ressaltar que o povo tem o governo que merece, porquanto,
se ele, o povo, se satisfaz com as práticas comprovadamente degenerativas e
prejudiciais aos interesses nacionais, como vem sendo gerenciado o país, não há
dúvida de que ele deve dar seu apoio a esse governo que tem sido bastante
pródigo e leniente com a corrupção e a impunidade, a exemplo, entre tantos, do
famigerado escândalo do mensalão.
Os
envolvidos no aludido esquema de corrupção, todos integrantes da cúpula
petista, foram condenados pelo Supremo Tribunal Federal, com base em robustas
provas periciais, testemunhais e documentais, legalmente válidas, pelos crimes
de corrupção ativa, corrupção passiva, peculato e lavagem de dinheiro, mas a
liderança petista, entre os quais a presidente da República e o ex-presidente
da República petista, garante que o mensalão sequer existiu, sendo este o
pensamento prevalecente no partido, que não teve a dignidade de punir os
corruptos, com a expulsão de seus quadros, como previsto nas normas insculpidas
no seu estatuto. Ao contrário de punição, os corruptos foram exaltados e
considerados verdadeiros heróis nacionais, por terem, certamente, praticado
atos de "bravura" em benefício da agremiação, em cristalina
demonstração de desprezo aos princípios da ética, da moralidade e do decoro,
que devem imperar na administração pública.
Não
há dúvida de que o país somente tem condições de se desenvolver social,
política, econômica e democraticamente, se seu povo tiver sensibilidade e
conscientização cívicas sobre a imperiosa necessidade da purificação das
atividades político-administrativas, em que os governantes sejam obrigados a
exercem os cargos públicos eletivos com a primacial e exclusiva finalidade de
atender ao interesse público, em harmonia com os princípios da administração
pública, firmados sob o primado da dignidade, probidade e honorabilidade, sem o
que a nação, por certo, continuará acéfala e desgovernada, ficando à mercê dos
corruptos e dos maus políticos, que somente têm projeto para a conquista do
poder e da perenidade nele, com vistas ao usufruto das benesses para si e seus
apaniguados, em verdadeiro conluio para a dilapidação do patrimônio da
sociedade. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
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