domingo, 12 de outubro de 2014

Tentativa de munipulação?

Um dos principais coordenadores de campanha da presidenciável petista elaborou artigo classificando o vazamento dos depoimentos do ex-diretor da Petrobras e do doleiro envolvidos na Operação Lava-Jato como tentativa de “manipular” a eleição, porque as acusações foram feitas sem provas.
Ele afirmou que “Há em curso uma gravíssima tentativa de manipular a eleição presidencial no Brasil. A quinze dias das eleições, justamente no dia do primeiro programa eleitoral do segundo turno, um vídeo de um criminoso investigado é vazado de forma parcial e mal intencionada”.
Em conclusão, o petista ressaltou que “O combate à corrupção é uma marca do governo Dilma e que é justamente por isso que Paulo Roberto foi demitido e preso.”.
Por sua vez, a candidata petista, em entrevista à imprensa, considerou “leviana” a divulgação dos depoimentos dos mencionados corruptos, mas não fez qualquer menção sobre a corrupção que macula a sua gestão, ou seja, dar transparência aos fatos irregulares é leviandade, mas a anomalia ínsita no ato administrativo, ao que se pode intuir pelo desconforto presidencial diante da transparência fora do governo, é considerada normal nesse governo, pois não há evidência explícita sobre a sua repugnância às irregularidades.
Ao que tudo indica, a descomunal ganância petista de predominância e dominação absolutas do poder contribui de forma fragorosa para a sua derrocada, tendo o respaldo do mar das sujeiras da corrupção acumuladas ao longo da sua desastrada administração, culminando com o fracassado desempeno da economia, onde os indicadores pertinentes são indiscutivelmente conspiradores contra os argumentos do governo de que houve possíveis avanços experimentados pelo povo, que, ao contrário, reclama com insistência da péssima qualidade da prestação dos serviços públicos, consistentes nas precariedades da saúde, da educação, da segurança pública, dos transportes, da infraestrutura, do saneamento básico etc.
Na verdade, os fatos vindos à tona, com minuciosos detalhes de nomes de corruptos e corruptores e percentuais de valores, revelam a sordidez e a podridão no seio do governo, funcionando com muito ardil e as peculiaridades próprias das articulações no submundo do crime especializado no desvio de recursos públicos, que teve começo no famigerado mensalão e continuidade no propinoduto da Petrobras, deixando muito claro que os esquemas engendrados no seio do partido governista eram sistêmicos e funcionavam de forma maquiavélica e muito bem arquitetados, com exemplares capacidade e engenhosidade operacionais.
Não há dúvida sobre a existência das facilitações para que os recursos fossem desviados, mediante manipulações patrocinadas pelos partidos integrantes da maracutaia, cujos beneficiários – por terem sido eleitos com o uso do dinheiro sujo, na campanha de 2010 - ainda tentam, desesperadamente, negar, esconder e impedir até mesmo a divulgação dos fatos deformadores da regularidade no gerenciamento das verbas públicas.
Os esforços do governo para pôr panos quentes nos escândalos, por certo, hão de se tornar infrutíferos, uma vez que não há argumentos contra os fatos, notadamente pela sua contundência e consonância com os depoimentos e as audiências, respaldados pelas já aceitas delações premiadas pelo Supremo Tribunal Federal.
As corrupções que se banalizaram na administração pública deixaram a deplorável lição de que o governo não teve competência para combatê-las, fato este que contribuiu para maior incidência de irregularidades na administração pública, propiciando seguidos desvios de recursos dos contribuintes bestas, que vêm sendo administrados sob visível desmoralização dos princípios da administração pública, notadamente no que diz respeito à frouxidão quanto ao cumprimento das normas de administração orçamentária, financeira e patrimonial, que exigem rigoroso controle dos gastos e das contas públicas.
          No entanto, a constância das corrupções denota que o governo não foi competente para controlar e fiscalizar a aplicação das despesas públicas, ficando refém dos escândalos e dos desvios de dinheiros públicos.
          Impende se ressaltar que a existência de controles eficientes evita exatamente a ocorrência de irregularidades e corrupções e, por via de consequência, não há necessidade de estrutura administrativa especializada para cuidar das investigações que a presidente da República tanto de vangloria de ter implantado, como forma de não precisar engavetar nada.
          A mandatária do país não deveria se envaidecer de ser a administradora que foi obrigada a se especializar na apuração de irregularidades, porque isso significa, de forma cristalina, que a sua gestão é permeada de corrupções em razão da falta de controles eficientes para evitar que elas aconteçam, e o pior com incomparável frequência.
É de se salientar ainda que o Brasil é um dos países do mundo que lidera a praga da corrupção, justamente pela fragilidade dos controles e pela formação cultural dos políticos, que consolidaram a indigna prática do uso de cargos públicos para a viabilização do usufruto das benesses do poder, inclusive do desvio de recursos públicos, ante as facilidades propiciadas pela indiscutível falta de controle dos gastos públicos, em especial, como visto, nas contratações envolvendo grande aporte de recursos, a exemplo da sangria dos cofres da estatal do petróleo, que serviu de propinoduto para abastecer os caixas de partidos do governo e ligados a ele, em completa afronta aos princípios da dignidade e da honorabilidade que devem imperar na gestão de recursos públicos.
          A sociedade precisa se conscientizar, com urgência, sobre a necessidade de se exigir competência, dignidade e honestidade na administração do país e em especial dos recursos públicos, com vistas a acabar com a triste sina de o Brasil não ser um país sério, justamente pela decadência moral e legal demonstrada nas atividades político-administrativas e pela absoluta falta de zelo com a res publica. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 11 de outubro de 2014

Nenhum comentário:

Postar um comentário