Um dos principais coordenadores de campanha da
presidenciável petista elaborou artigo classificando o vazamento dos
depoimentos do ex-diretor da Petrobras e do doleiro envolvidos na Operação
Lava-Jato como tentativa de “manipular” a eleição, porque as acusações foram
feitas sem provas.
Ele afirmou que “Há em curso uma gravíssima tentativa de manipular a eleição
presidencial no Brasil. A quinze dias das eleições, justamente no dia do
primeiro programa eleitoral do segundo turno, um vídeo de um criminoso investigado
é vazado de forma parcial e mal intencionada”.
Em conclusão, o petista ressaltou que “O combate à corrupção é uma marca do governo
Dilma e que é justamente por isso que Paulo Roberto foi demitido e preso.”.
Por sua vez, a candidata petista, em entrevista à
imprensa, considerou “leviana” a divulgação dos depoimentos dos mencionados
corruptos, mas não fez qualquer menção sobre a corrupção que macula a sua gestão,
ou seja, dar transparência aos fatos irregulares é leviandade, mas a anomalia ínsita
no ato administrativo, ao que se pode intuir pelo desconforto presidencial
diante da transparência fora do governo, é considerada normal nesse governo,
pois não há evidência explícita sobre a sua repugnância às irregularidades.
Ao que tudo indica, a descomunal
ganância petista de predominância e dominação absolutas do poder contribui de
forma fragorosa para a sua derrocada, tendo o respaldo do mar das sujeiras da
corrupção acumuladas ao longo da sua desastrada administração, culminando com o
fracassado desempeno da economia, onde os indicadores pertinentes são
indiscutivelmente conspiradores contra os argumentos do governo de que houve possíveis
avanços experimentados pelo povo, que, ao contrário, reclama com insistência da
péssima qualidade da prestação dos serviços públicos, consistentes nas
precariedades da saúde, da educação, da segurança pública, dos transportes, da
infraestrutura, do saneamento básico etc.
Na
verdade, os fatos vindos à tona, com minuciosos detalhes de nomes de corruptos
e corruptores e percentuais de valores, revelam a sordidez e a podridão no seio
do governo, funcionando com muito ardil e as peculiaridades próprias das
articulações no submundo do crime especializado no desvio de recursos públicos,
que teve começo no famigerado mensalão e continuidade no propinoduto da
Petrobras, deixando muito claro que os esquemas engendrados no seio do partido
governista eram sistêmicos e funcionavam de forma maquiavélica e muito bem
arquitetados, com exemplares capacidade e engenhosidade operacionais.
Não
há dúvida sobre a existência das facilitações para que os recursos fossem desviados,
mediante manipulações patrocinadas pelos partidos integrantes da maracutaia,
cujos beneficiários – por terem sido eleitos com o uso do dinheiro sujo, na
campanha de 2010 - ainda tentam, desesperadamente, negar, esconder e impedir
até mesmo a divulgação dos fatos deformadores da regularidade no gerenciamento
das verbas públicas.
Os
esforços do governo para pôr panos quentes nos escândalos, por certo, hão de se
tornar infrutíferos, uma vez que não há argumentos contra os fatos, notadamente
pela sua contundência e consonância com os depoimentos e as audiências, respaldados
pelas já aceitas delações premiadas pelo Supremo Tribunal Federal.
As
corrupções que se banalizaram na administração pública deixaram a deplorável lição
de que o governo não teve competência para combatê-las, fato este que contribuiu
para maior incidência de irregularidades na administração pública, propiciando
seguidos desvios de recursos dos contribuintes bestas, que vêm sendo
administrados sob visível desmoralização dos princípios da administração
pública, notadamente no que diz respeito à frouxidão quanto ao cumprimento das
normas de administração orçamentária, financeira e patrimonial, que exigem
rigoroso controle dos gastos e das contas públicas.
No
entanto, a constância das corrupções denota que o governo não foi competente
para controlar e fiscalizar a aplicação das despesas públicas, ficando refém
dos escândalos e dos desvios de dinheiros públicos.
Impende
se ressaltar que a existência de controles eficientes evita exatamente a ocorrência
de irregularidades e corrupções e, por via de consequência, não há necessidade
de estrutura administrativa especializada para cuidar das investigações que a
presidente da República tanto de vangloria de ter implantado, como forma de não
precisar engavetar nada.
A
mandatária do país não deveria se envaidecer de ser a administradora que foi
obrigada a se especializar na apuração de irregularidades, porque isso significa,
de forma cristalina, que a sua gestão é permeada de corrupções em razão da falta
de controles eficientes para evitar que elas aconteçam, e o pior com incomparável
frequência.
É
de se salientar ainda que o Brasil é um dos países do mundo que lidera a praga
da corrupção, justamente pela fragilidade dos controles e pela formação cultural
dos políticos, que consolidaram a indigna prática do uso de cargos públicos
para a viabilização do usufruto das benesses do poder, inclusive do desvio de
recursos públicos, ante as facilidades propiciadas pela indiscutível falta de
controle dos gastos públicos, em especial, como visto, nas contratações
envolvendo grande aporte de recursos, a exemplo da sangria dos cofres da
estatal do petróleo, que serviu de propinoduto para abastecer os caixas de
partidos do governo e ligados a ele, em completa afronta aos princípios da
dignidade e da honorabilidade que devem imperar na gestão de recursos públicos.
A
sociedade precisa se conscientizar, com urgência, sobre a necessidade de se
exigir competência, dignidade e honestidade na administração do país e em
especial dos recursos públicos, com vistas a acabar com a triste sina de o
Brasil não ser um país sério, justamente pela decadência moral e legal demonstrada
nas atividades político-administrativas e pela absoluta falta de zelo com a res publica. Acorda,
Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 11 de outubro de 2014
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