terça-feira, 21 de outubro de 2014

Conformismo com a precariedade


A última pesquisa de intensões de voto divulgada pelo Datafolha indica, pela primeira vez, que a candidata petista lidera a disputa eleitoral, com 52% contra 48% do candidato tucano, cujo resultado revela que os dois presidenciáveis estão tecnicamente empatados.

Não constitui nenhuma surpresa a presidenciável petista despontar agora na dianteira do senador mineiro, pois o resultado da pesquisa pode refletir o tanto de elementos arranjados que foram levantados e veiculados nos programas e nos debates entre ambos, com o propósito de desconstruir a imagem do tucano, nos moldes da deselegância já utilizada pelo PT contra a ambientalista, o que mostra a face perversa de partido que não tem o menor escrúpulo nem ética para se apoderar de meios indignos para tirar proveito político, quando, em se tratando de campanha eleitoral, o mais apropriado teria sido a utilização do resultado da sua gestão, para mostrar, caso houvesse, as realizações em benefício da população, como forma até mesmo de justificar a aplicação dos recursos públicos.

É incrível como a sociedade demonstra gigantesco menosprezo à evolução da humanidade e a modernidade política, por aceitar essa forma esdrúxula da prática de politicagem, por mera tentativa de liquidar o adversário, a qualquer custo, com inverdades, mentiras e acusações sabidamente incompatíveis com o embate político-democrático, demonstrando evidente involução dos princípios de civilidade e de dignidade, que não são usuais nem mesmo nas piores republiquetas, que já se encontram em estágio avançado cultural, político e democraticamente.

A vontade do brasileiro é incontestável, apenas é inconcebível que a sociedade não atente para a falta de qualidade e competência do homem público, ante os resultados político-administrativos, que não deixam dúvidas quanto à nítida falta de benefício para a população e o país.

Nunca na história deste país um ditado popular pode ser tão adequado ao momento político, segundo o qual o povo tem o governo que merece.

Ou seja, o povo demonstra conformidade com a precariedade da situação atual e ainda considera normal e excelente o governo que foi capaz de se aliar aos piores políticos tidos por picaretas, corruptos e outros deprimentes adjetivos pelo PT; de transformar a administração pública numa verdadeira estupidez de 39 ministérios, muitos dos quais sem a menor utilidade senão pela importância de manter no governo os aliados com a mesma ideologia fisiológica, em troca de alguns minutos no horário eleitoral e de apoio aos projetos do governo no Congresso Nacional, em conformidade com o espúrio sistema do toma lá, dá cá; de permitir a banalização da corrupção na administração pública, justamente pela incapacidade de implantar sistemas eficientes de controle e fiscalização sobre a aplicação dos recursos públicos; de não controlar as contas públicas, as dívidas públicas, as taxas de juros e a inflação; de administrar a economia da pior forma possível, a ponto de o crescimento econômico se aproximar, este ano, de zero, apesar das potencialidades e pujantes riquezas brasileiras, que certamente seriam transformadas em progresso caso elas fossem gerenciadas com competência e eficiência; de resistir às reformas estruturais que tanto o país precisa, de modo a possibilitar a racionalização da carga tributária, a modernização e o aperfeiçoamento do arcaico e perverso sistema político, e, de resto, dos outros ultrapassados sistemas previdenciário, trabalhista, fiscal, econômico, administrativo, de planejamento, de infraestrutura etc., que estão servindo como adjunto ao fortalecimento do subdesenvolvimento do país, principalmente para robustecer o custo Brasil, que tem sido verdadeiro entrave à ampliação e à modernização do parque industrial, além de contribuir para aumentar a falta de competitividade da produção nacional.

Na verdade, os fatos mostram a real incapacidade de o governo promover qualquer medida que leve à modernização do país, porque quem deseja enganar o povo e governá-lo em proveito próprio tem interesse em mantê-lo na ignorância e nos padrões de retrocesso e de atraso, para que não seja possível identificar facilmente as mazelas e as deficiências administrativas.

A sociedade tem o dever cívico e patriótico de se conscientizar e se sensibilizar para o importante momento da história do país, que precisa com urgência de verdadeiras e saudáveis mudanças, como forma de possibilitar a transformação do marasmo político-administrativo de priorização apenas e tão somente de questões sociais e mesmo assim de forma deficiente, em detrimento das demais políticas de governo, como economia, serviços públicos de qualidade, maciços investimentos em obras de impacto e infraestrutura e outras ações igualmente importantes e prioritárias para o desenvolvimento do país.

Não há a menor dúvida que causa a maior perplexidade se verificar que parcela significativa da sociedade ou dos eleitores não tenha condições de perceber as distorções existentes entre o governo que vem administrando o país com o exclusivo propósito de dominação das classes políticas e massa menos aquinhoada, tendo por objetivo exclusivo a perenidade no poder, e o governo que deve se preocupar tão somente com a consecução das políticas públicas visando ao atendimento do interesse público e do progresso da nação. Acorda, Brasil!

 
           ANTONIO ADALMIR FERNANDES

 
           Brasília, em 21 de outubro de 2014

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