terça-feira, 21 de outubro de 2014

Urgente mudança de mentalidade

Analistas econômicos dizem que o principal motivo das frequentes instabilidades no mercado financeiro decorre do crescimento pela preferência do eleitorado à candidata petista, conforme anunciam as pesquisas.
Há fatores externos que podem gerar instabilidade na bolsa, mas as fortes quedas são derivadas sem dúvida do efeito presidente da República, que está colhendo exatamente o que ela plantou de ruim na sua política econômica, que vem seguidamente apresentando resultados nada alentadores para atrair os investidores, que já perderam as esperanças quanto à sua capacidade para mirar o alvo e os rumos certeiros da economia.
Diante das críticas sobre os rumos das políticas econômicas, a presidente se reuniu com o seu antecessor e o então ministro da Fazenda dele, que disseram a ela, de forma categórica, que os erros do seu governo foram responsáveis pelo afastamento do apoio dos empresários ao PT e esse fato sinalizaria para possíveis mudanças, no futuro, na área econômica.
Os interlocutores disseram à presidente que os ajustes na economia não precisam apenas de decisões corretas, porque elas devem parecer corretas. Nessa nova corrente, os petistas entendem que o Ministério da Fazenda precisa recuperar a credibilidade da política econômica e o Banco Central carece de menos interferência política do que no primeiro mandato, fato este que, em tese, contradiz as duras críticas que a presidenciável petista fez à ambientalista, que preconizava a autonomia desse órgão.
É incontestável que a política econômica do governo deu errado, conforme mostram os indicadores pertinentes, com a inflação superando a meta prevista, o Produto Interno Bruto beirando o ridículo crescimento zero, os juros subindo e se estabilizando em 11%, bem acima daquele encontrado no início do governo etc.
Enfim, o crescimento da economia é baixíssimo durante todo governo, dando a impressão de que o país cresceu como rabo de cavalo, ou seja, para baixo, fato que não se justifica diante das naturais potencialidades brasileiras, que, sendo bem exploradas nos meandros das políticas públicas e econômicas, o país jamais poderia ter chegado ao notório estágio de estagnação econômica.
É extremamente difícil o governo ser exitoso tendo como orientadores o ex-presidente da República petista, que disse que teria sido traído e que o país merecia desculpas, tão logo surgiram as denúncias do lamentável mensalão, que era administrado ao lado do seu gabinete, mas logo negou tudo e garante que esse escândalo nunca existiu, e o ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil, por ter sido, em duas ocasiões, defenestrado de importantes cargos da Esplanada dos Ministérios, por envolvimento com irregularidades insustentáveis.
Enquanto esse governo continuar executando receita prescrita por políticos com passado cheio de mácula, o país terá enormes dificuldades para retomar o ritmo do desenvolvimento, que foi perdido justamente quando o governo resolveu se coligar com os políticos de ideologias nitidamente fisiologistas, cuja formalização das alianças com os maus políticos envolvia a entrega a eles de ministérios e empresas estatais em troca de apoio político, como forma de selar a fidelidade ao espúrio acordo conhecido como "toma lá, dá cá", em verdadeiro balcão de troca envolvendo recursos públicos, inclusive havendo necessidade da ampliação dos ministérios para a acomodação de muitos partidos aliados.
É bastante curioso que os defensores da continuidade do governo só têm olhos para alguns casos executados normais e prioritariamente por ele, consistentes na transferência de renda, que é importante, mas qualquer gestor público mediano, independentemente de partido, faria de igual modo, por ser imposição constitucional de amparo e assistência às famílias extremamente carentes de recursos financeiros.
Não obstante, a responsabilidade do administrador do país não deve se prender tão somente à execução de apenas programas assistencialistas, notoriamente com viés eleitoreiro, quando estão sendo relegadas a planos secundários políticas prioritárias, essenciais ao desenvolvimento do país, que dizem respeito a outras questões fundamentais, em especial a eficiência na execução das políticas econômicas, a reformulação das estruturas do Estado, com destaque para a pesada carga tributária, os elevados encargos previdenciários, as altas taxas de juros, o descontrole das contas públicas e das dívidas públicas, a falta de investimentos em obras de impacto e de infraestrutura, a ridícula e deficiente prestação dos serviços públicos, tão reclamados nas manifestações de protestos do ano passado, posto que não houve melhorias de absolutamente nada desde aquelas pressões de insatisfação.
Além dessas mazelas e precariedades, ainda existem inumeráveis pendências insolúveis sob a responsabilidade do governo, a exemplo das questões relacionadas com as graves corrupções na Petrobras, que certamente impossibilitaram que a administração do país se voltasse para outros assuntos imprescindíveis à pulsação dos sistemas e das estruturas do Estado, que devem funcionar igualmente de forma harmônica em benefício da melhoria de vida dos brasileiros e não somente de determinada camada social, para que o princípio republicano possa ser valorizado na sua essência, exatamente na medida da sua importância para o desenvolvimento social, econômico, político, cultural e democrático.
Urge que os brasileiros se conscientizem sobre a necessidade de mudança da mentalidade retrógrada de administração do país, com viés erroneamente direcionado para transferência de renda, que se trata apenas de uma das finalidades do Estado – que não deveria servir de escopo eleitoreiro, como na prática foi erigido assim -, que deve ser gerenciado de forma harmônica em conjunto com as políticas e ações da administração pública, como forma de se atingir o desenvolvimento integrado da nação. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
       Brasília, em 20 de outubro de 2014

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