Em
razão da expressiva votação dos nordestinos na candidata petista, houve, na
internet, onda de postagens ofensivas ao povo dessa região, que resultaram em
troa de xingamentos e acusações de cunho preconceituoso e discriminatório,
abrangendo os povos do Norte e Nordeste, com afirmações estereotipando-os como
pobres e incultos, cuja votação teria sido reflexo dos programas sociais e
assistencialistas do governo.
É evidente que qualquer forma de discriminação é demonstração
de terrível retrocesso ao desenvolvimento da humanidade, que não teria atingido
o estágio atual com o emprego da separação de classes, em subproduto humano.
No caso do preconceito contra os nordestinos, nada,
mas nada mesmo, tem o poder de justificar tratamento tão desumano em pleno
século XXI, em que as conquistas da modernidade exigem, no mínimo, compreensão
em termos da evolução da civilidade, porquanto é consabido que o pensamento de
expressão e de opinião é livre para se manifestar senão para a construção e o
fortalecimento das relações sociais, onde cada indivíduo tem o direito de se
expressar segundo a sua vontade e consciência.
Parece muito claro que os nordestinos, em especial,
preferiram, no primeiro turno da eleição prestigiar, o que é muito natural, a
candidata petista, possivelmente por algo que seu governo deve ter feito de
razoável e benéfico para aquele povo maravilhoso, que, aliás, há de se
reconhecer que as obras porventura realizadas e algum benefício levado para a
região não ultrapassaram senão dos limites da obrigação do governo federal de
assistir às famílias mais carentes e desassistidas.
Contudo, apesar do apoio maciço da população
nordestina à candidata governista, que deve ter suas razões, percebe-se o
enorme desprezo que o governo dela para com o terrível caso da seca, para a
qual são injetadas suntuosas somas de recursos apenas em projetos de cunho
meramente paliativo e circunstancial, todos incapazes de solucionar em
definitivo, com medidas efetivas, as graves e tormentosas situações que vêm
sacrificando pesada e permanentemente, em especial, os nordestinos do alto
sertão, onde os recursos chegam a conta-gotas, quando ainda aparecem, porque
ainda é visível a participação dos políticos inescrupulosos e atravessadores,
que demonstram enorme interesse para solucionar essa tragédia que apenas se
avoluma ano após ano, numa sequência infindável que somente beneficia aqueles
que se dizem muito “interessados” em solucionar esse gigantesco imbróglio, mas,
para o qual, não há a mínima pressa para terminar, enquanto não houve interesse
político e competência administrativa para pôr termo a essa pouca-vergonha
secular.
Quem sabe se os aludidos atos de preconceito indevidos
e injustificáveis, aflorados no final do primeiro turno da eleição em curso,
possam contribuir para oferecer luzes aos nordestinos para refletirem melhor
com a consciência capaz de entender que a mudança de mentalidade política possa
suscitar caminhos que os levem para lugares que possibilitem nova visão do
futuro estadista, agora com outra capacidade gerencial não somente para
perceber as graves e gritantes questões que afetam impiedosamente a tão amada
região nordestina, mas, principalmente, de solucioná-las com medidas efetivas e
responsáveis, visando ao desenvolvimento da região e da sua população.
A alusão acima não tem relação somente com o
crônico e trágico caso da seca, mas também com a criação de polos de
desenvolvimento regionais, que possam levar para a proximidade dos sertanejos
os saudáveis fluidos dos investimentos, que teriam o condão de levar recursos e
progresso para localidades abandonadas, desprezadas e totalmente esquecidas
pelo governo federal, que somente aparece lá por ocasião das eleições, como é o
caso da presidente petista, que não compareceu às regiões afetadas pelas secas
senão na proximidade do pleito eleitoral.
Não há dúvida de que o povo nordestino mostrou,
nesta eleição, que tem peso, poder e cacife político para exigir que o governo
federal se comprometa a priorizar programas governamentais indispensáveis à
solução das tormentosas questões que ainda contribuem para o subdesenvolvimento
da região, como a grave e permanente falta de água, devido à constância das
tormentosas secas, aliadas à notória escassez de investimentos nos rincões dos
sertões.
Os nordestinos precisam pensar, com urgência, sobre
a possibilidade de mudança de governo, para que ele, com nova concepção político-administrativa
acerca das agruras existentes na sofrida e castigada região, possa demonstrar, em
conjunto com nova equipe devidamente qualificada e melhor conhecedora dessas
graves questões, real interesse em transformar o caos predominante em novas
perspectivas de efetivas melhoras, com a implantação de programas adequadamente
destinados à equação e à solução desses problemas, com vistas a possibilitar a
verdadeira mudança do inadmissível quadro de descaso e de desprezo do governo
federal para com o maravilhoso e abençoado povo do Nordeste. Acorda, Nordeste!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 16 de outubro de 2014
Nenhum comentário:
Postar um comentário