sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Indecência e indignidade

No momento em que se aproxima o importante dia da votação do segundo turno para a escolha do presidente da República, salvo a última revelação da revista “Veja” de que o ex-presidente da República petista e a sua sucessora sabiam das tenebrosas falcatruas na Petrobras, mas, no seio da imprensa e dos eleitores, quase não se houve mais falar sobre as graves irregularidades constatadas na estatal, que envergonharam as pessoas honestas deste país e nodoaram de negro a imagem que já não era muito limpa do Brasil no exterior.
É bem verdade que, para a candidata petista à reeleição, as terríveis denúncias de corrupção não passaram de meros malfeitos, apenas desvio de conduta de alguns diretores inexpressivos, que a oposição teria aproveitado os fatos para destruir a conceituada estrutura da mais importante empresa brasileira, posição esta que foi modificada tempos mais tarde, em razão do peso das revelações sobre os rumos da campanha, quando a petista os reconheceu como verdadeiros, sem alterar sua conduta de mandatária do país, em termos da adoção de enérgicas medidas administrativas da sua alçada, principalmente pelo afastamento dos cargos dos servidores denunciados.
A persistente teimosia governamental custou a se render à realidade dos fatos, que apontavam para a maior bandalheira que se tinha notícia na história republicana, com a constatação do crime institucionalizado dentro da empresa, consistente no desvio de recursos provenientes de contratações com preços superfaturados, justamente para o acréscimo da vergonhosa e espúria quota destinada a partidos do governo e de políticos aliados a ele.
Na época, o candidato tucano disse que "Ninguém no Brasil pode achar que é normal, que é aceitável, esse conjunto de ações nefastas e perversas que virou rotina e se introduziu na máquina pública brasileira. Não é a oposição que está denunciando. É um diretor que atuava dentro desse esquema alimentava diretamente o partido que está no governo".
Realmente, é completamente inconcebível que políticos tenham a indignidade de aparelhar a máquina pública para, sob indecente e indigno esquema de ladroagem se organizar com imaginável eficiência para desviar recursos públicos para o abastecimento de caixa de partidos políticos e o mais grave ainda é que os operadores, que estão presos, denunciaram os nomes dos políticos dos partidos que negociavam as propinas, mas, pasmem, nada de anormal aconteceu com eles, como se nada tivesse havido no reino petista e no dos asseclas, ou seja, o tesoureiro do partido continua exercendo esse cargo, inclusive desempenhando importante cargo como conselheiro de multinacional.
No entanto, a candidata à reeleição garante, com inacreditável seriedade, diante das câmaras da televisão, que não tolera corrupção e que mandou apurar os fatos denunciados, ou seja, tudo não passa de falácia vazia e sem nenhum efeito prático, porque os envolvidos e denunciados pelo ex-diretor da estatal e pelo doleiro continuam prestigiados nos cargos, as apurações não revelam nada, por enquanto, e, enfim, nenhuma medida efetiva foi adotada, estando, como o velho ditado popular, "tudo está como dantes, no quartel de Abrantes".
Na verdade, a falta de efetivas providências do governo para investigar os fatos danosos e até mesmo a falta de qualquer medida preventiva contra as falcatruas na administração pública se coadunam perfeitamente com o histórico da realidade e das realizações do governo, que se proclama campeão de investigações dos casos de corrupção, que deve ter também a primazia de ser o maior levantador de taças por incidência de irregularidade com dinheiro dos contribuintes, em tão curto período de gestão, mas, de concreto, nenhum resultado foi comprovado, como forma de justificar a efetividade das apurações implementadas e o saneamento dos fatos denunciados.
O caso mais emblemático desse governo diz respeito ao famigerado mensalão, cujo processo foi julgado pelo Supremo Tribunal Federal, que condenou os réus envolvidos, com base nas robustas provas documentais, periciais, testemunhais e demais elementos legalmente válidos, mais a cúpula do partido pivô das irregularidades não promoveu nenhuma punição aos mensaleiros, então líderes da agremiação, o que teria sido normal se eles tivessem sido expulsos, em razão dos crimes por eles protagonizados, mas, de forma complacente, o partido os elegeram como verdadeiros baluartes de uma “batalha” extremamente triste para a história do país, consistente no pagamento de propina a parlamentares, com dinheiro sujo de empréstimos fraudados, em evidente demonstração de indiferença aos salutares princípios da ética, do decoro, da moralidade e da dignidade.
Diante desses fatos lastimáveis e deploráveis ocorridos não somente na Petrobras, convém que a sociedade, no âmbito do seu dever cívico e patriótico, tendo em vista os elevados interesses nacionais, quanto à necessidade de mudanças na mentalidade político-administrativa, façam rigorosa avaliação sobre o desempenho da candidata à reeleição, de modo que seja possível se aquilatar as suas verdadeiras capacidade e competência para continuar ou não administrando o país sob as comprovadas deficiências dela na condução das ações pertinentes à economia; à política; às relações internacionais, ante seu distanciamento das grandes potências e sua aproximação a governantes socialistas; ao inchamento da máquina pública, com vistas à distribuição de cargos púbicos em troca de apoio político; às precariedades na prestação dos serviços públicos; e tantas mazelas que, à luz da racionalidade e bom senso, não aconselham a sua permanência no comando dos destinos dos brasileiros, sobretudo em razão da salutar alternância do poder, com vistas a possibilitar o vislumbre de novos horizontes quanto à consecução das atividades político-administrativas saudáveis e em benefício do país e do seu povo. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 23 de outubro de 2014

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