A
candidata à reeleição petista reconheceu, finalmente, que houve desvio de
recursos públicos da Petrobras, tende admitido que as propinas na estatal são
realidade incontestável. Ela sentenciou,
em resposta a uma indagação de jornalista que “Se houve desvio, queremos de volta. Se houve, não. Houve, viu?! E concluiu
dizendo mais que irá tomar "todas as
medidas para ressarcir tudo e todos".
Até
então, a petista negava que não havia essa da destinação, como propina, de valores
de contratos da Petrobras, no percentual de 3% do total, para os partidos PT,
PP e PMDB, que indicavam os operadores do indigno esquema de corrupção, que
abasteceu o caixa da campanha da presidente em 2010, fato que é mais do que
suficiente para macular o cargo de presidente da República, que ela ocupa.
Na
verdade, a repentina mudança de tom sobre o desvio de recursos públicos da
Petrobras teria ocorrido somente por causa da possível tentativa de reverter,
na última semana de campanha, o quadro de descrédito e de desconfiança
impregnado na candidatura oficial, cujos caciques petistas resistiam, como
coerência ideológica, em reconhecer a crueldade e a atrocidade operadas no
patrimônio da estatal, exatamente na malsinada gestão deletéria petista.
À
toda evidência, trata-se de mais uma jogada de marqueteiro, meramente
estratégica e maquiavélica, com a finalidade visivelmente eleitoreira, como
forma de se pretender neutralizar as terríveis dificuldades que a
presidenciável vem demonstrando para se desvencilhar dos justos ataques sobre
corrupção no seu governo, em especial nos debates eleitorais, onde ela fica
visivelmente incomodada em ter que encarar, perante os telespectadores ávidos,
as fortes e precisas acusações sobre a banalização da corrupção no governo dela.
Para
que a petista seja mais justa e coerente com este último discurso de admitir a
patifaria no patrimônio da estatal, ela poderia aproveitar o ensejo para
reconhecer os demais casos de corrupção no governo petista, em especial do
famigerado mensalão, que ainda vem sendo contestado por ela e pela cúpula do
partido dela, embora a Excelsa Corte de Justiça do país tenha chancelado o caso
como vergonhosa quadrilha, que teria sido instalada para desviar recursos
públicos para a compra de votos de inescrupulosos parlamentares.
Sem
dúvida, o discurso se encaixa perfeitamente no clássico momento oportunista,
por ser mais uma confissão eleitoreira da candidata petista, confirmando a sua
falta de ética, por ter negado com insistência o ocorrido, mas, de forma
inesperada, somente admitindo agora a roubalheira no seu governo depois de ter
assumido implicitamente a existência de esculhambação na Petrobras a partir do
momento que teria se aproveitado da revelação do ex-diretor da estatal de que
um peessedebista ilustre teria sido beneficiado com propina da empresa, ao
perceber, portanto, que teria caído na esparrela por ter acossado o candidato
tucano sobre o assunto.
Em tese,
a petista jamais teria reconhecido a grave culpa do seu governo pelas
irregularidades na Petrobras se não houvesse a gigante e insuportável fritura
do candidato da oposição sobre o affaire, que tem insistido, com muita
propriedade, em afirmar que ladroagem aos cofres públicos significa crime grave,
passível de punição aos envolvidos.
Contudo,
a admissão da presidente sobre o propinoduto da Petrobras já vem tarde demais,
porque a deformação administrativa já ultrapassou os muros do Palácio do
Planalto há muito tempo e todo mundo sabe que esse governo foi incapaz de
controlar a gestão dos recursos públicos também nas empresas estatais,
permitindo que as corrupções fossem deflagradas sem surpresa e de forma quase
sistêmica, contaminando a um só tempo o pulmão e o coração da administração
pública, que foi afetada letalmente pela contaminação do pior câncer que os
órgãos públicos podem sentir, que aquele causado pela instigante e nefasta
corrupção, porque o mal atinge exatamente o ponto nevrálgico do funcionamento
da máquina pública, uma vez que as fraudes com verbas públicas tiveram o condão
de refletir na diminuição da já péssima prestação dos serviços públicos, além
de contribuir para a drástica redução dos investimentos em obras públicas.
O
candidato da oposição tem que ter a sabedoria de explorar, de forma
estratégica, mais esse ponto fraco da petista que somente depois de relutar
terrivelmente e na iminência de ficar defendendo o indefensável, resolveu
reconhecer o que todos não tinham dúvida de que o governo dela fracassou
redondamente também no controle das despesas públicas, quanto à verificação da
efetividade e do atendimento das finalidades públicas, fato que mostra cabais
despreparo gerencial e incapacidade de zelar com segurança e controle o enorme
patrimônio do povo brasileiro.
O
candidato tucano não pode, agora, arriar a bandeira que vem empunhando com
relação às acusações sobre as bandalheiras na Petrobras e, de resto, na administração
pública, em razão da súbita admissão do fato por sua opositora, sob pena de
fragilizar seu discurso acerca da necessidade de urgente moralização dos
princípios ético, de dignidade e de honestidade na gestão dos recursos
públicos, que foram desprezados no atual governo, conforme ele próprio admite,
na pessoa da principal autoridade do país, seu indiscutível erro, neste momento
crucial da campanha eleitoral.
Importa
lembrar que reconhecimento de incompetência gerencial não abona a existência de
fragilidade dos sistemas de controle, acompanhamento e fiscalização sobre a
aplicação dos recursos públicos, que já deveriam ter sido implantados, sob pena
de muito proximamente, caso haja a continuidade do governo, surgirem novas
irregularidades com gravidade, ante a persistência do despreparo e da incompetência
quanto à gestão do patrimônio da sociedade.
Os
brasileiros precisam perceber que a repentina mudança do pensamento presidencial
sobre a rapinagem apenas na estatal petrolífera, porque outras tantas
irregularidades ainda não foram reconhecidas, não passa de mais um golpe baixo
protagonizado pela candidata petista, que não teve a humildade de reconhecer a
gravidade da roubalheira tão logo os fatos foram denunciados e vieram à tona, o
que mostra falta da dignidade que o homem público precisa ter para administrar
o país como o Brasil, que é muito grande, compatível com verdadeiro continente,
mas os governantes ainda não se conscientizaram sobre a dimensão da
responsabilidade que precisam ter para não comprometer a credibilidade e a
moralidade que são princípios fundamentais e inalienáveis do governante
competente. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 19 de outubro de 2014
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