O
governo insiste em culpar a “crise internacional” pelas dificuldades pelas
quais o Brasil vem experimentando na área econômica, a par de defender o modelo
de expansão do consumo adotado como a solução desejada e ideal para os
problemas no desempenho da economia.
Está
mais do evidente de que é inadmissível continuar culpando crise internacional,
ante a constatação de que o crescimento do Produto Interno Bruto já não
acompanha o crescimento operado no resto do mundo, ou seja, ele é bem menor do
que o resultado obtido pelos países emergentes, sendo crível se concluir que os
problemas externos não estão mais refletindo nas questões internas.
Na
realidade, por óbvio, afastada a influência externa, fica a certeza de que a
tentativa de acusar aleatoriamente, sem base sólida, a crise internacional não
passa de argumento em busca de bode expiatório, para tentar justificar as
fracassadas políticas econômicas adotadas, cujos resultados são desastrosos, à
luz da realidade dos fatos, que sinalizam para urgentes e efetivas mudanças de
comando não somente da equipe econômica, mas do país, como forma de se evitar
que a nação seja empurrada cada vez mais para o tenebroso buraco das incertezas
e das dificuldades, em razão da perda de credibilidade sobre a competência do
governo de retomar os rumos do desenvolvimento, por não ter tido condições de
oferecer alternativa para a melhora da economia, nos últimos quatro anos.
A
evidência do descontrole econômico é incontestável, diante do estouro da
inflação, que superou o teto previsto nas metas de governo, e do possível excesso
de demanda de consumo, fórmula encontrada como tentativa de contornar a crise, enquanto
o PIB demonstra que pode crescer muito próximo de nada, ou seja, de zero, o que
significa crescimento ridículo, que tem o respaldo da estagnação do parque
industrial, em que pese o sacrifício da economia com as custosas políticas de
apoio ao setor, que demonstra reação insignificante, comparativamente com o que
pretendia governo para alavancar os fatores econômicos de melhoria do emprego e
da renda.
O
certo é que a produção industrial do resto do mundo teve significado salto de
crescimento e de qualidade de seus produtos, comparativamente ao que vem
acontecendo, na mesma situação com Brasil, que apenas conseguiu se distanciar
do processo de modernização e de reciclagem operado noutras plagas,
possivelmente pela insistência em manter os mesmos parâmetros retrógrados, que
precisam passar por urgente processo de reformulação de seus conceitos, que não
funcionam mais a contento, se comparados aos padrões de modernidade implantados
nos países com visão de vanguarda e de perspectivas de crescimento econômico.
Para
que o Brasil possa voltar a evoluir bem mais rápido do que o atual estágio,
urge que sejam promovidas as reformas das estruturas que estão estrangulando os
processos produtivos, com vistas a possibilitar efetiva contribuição à melhoria
da competitividade, que foi afetada diretamente pelo famigerado custo Brasil,
que tem sido o principal fator de destruição do parque industrial, por
contribuir para a retirada do país das principais empresas de alta tecnologia e
para afugentar os investidores internacionais, que não acreditam que o atual
governo tenha capacidade para promover qualquer reforma na estrutura arcaica e
ultrapassada dos princípios econômicos, ante a exaustão da sensibilidade e da racionalidade
da sua equipe econômica, que deixou de adotar as medidas adequadas ao
saneamento do grave problema da falta de modernidade.
Além
das dificuldades para a realização de reformas urgentes e imprescindíveis,
outras questões podem afetar intensamente a economia, a exemplo da queda dos
superávits, da invenção da esdrúxula contabilidade criativa, que tem o condão
de distorcer a realidade das contas públicas, do recurso exagerado a soluções
não sustentáveis no tempo, do menor aumento da arrecadação, em razão ridículo
crescimento do PIB, entre outras dificuldades financeiras que hão de contribuir
para o desequilíbrio das contas públicas e para a significativa diminuição dos
investimentos em obras públicas e infraestrutura.
Na
verdade, nas circunstâncias, os horizontes da economia são sombrios, por
sinalizarem com gigantesca crise fiscal no porvir, com consequente perda do grau
de investimentos, por força das avaliações realizadas pelas famosas agências
internacionais de risco, que levam em conta fatores como a crise cambial, as
elevadas taxas de juros e o desempenho do PIB.
As
dificuldades econômicas apontam para a necessidade de bastante competência e
enorme capacidade para tratar de questões delicadas e encalacradas que o governo
já demonstrou total inabilidade para se desincumbir com a indispensável
desenvoltura delas, permitindo se concluir que somente um estadista com equipe
qualificada, comprometida com verdadeiras mudanças, terá condições de
equacioná-las e solucioná-las da melhor forma possível, inclusive evitando que
esse quadro possa piorar, em detrimento dos interesses nacionais. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 22 de outubro de 2014
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