quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Culpa da crise internacional?

O governo insiste em culpar a “crise internacional” pelas dificuldades pelas quais o Brasil vem experimentando na área econômica, a par de defender o modelo de expansão do consumo adotado como a solução desejada e ideal para os problemas no desempenho da economia.
Está mais do evidente de que é inadmissível continuar culpando crise internacional, ante a constatação de que o crescimento do Produto Interno Bruto já não acompanha o crescimento operado no resto do mundo, ou seja, ele é bem menor do que o resultado obtido pelos países emergentes, sendo crível se concluir que os problemas externos não estão mais refletindo nas questões internas.
Na realidade, por óbvio, afastada a influência externa, fica a certeza de que a tentativa de acusar aleatoriamente, sem base sólida, a crise internacional não passa de argumento em busca de bode expiatório, para tentar justificar as fracassadas políticas econômicas adotadas, cujos resultados são desastrosos, à luz da realidade dos fatos, que sinalizam para urgentes e efetivas mudanças de comando não somente da equipe econômica, mas do país, como forma de se evitar que a nação seja empurrada cada vez mais para o tenebroso buraco das incertezas e das dificuldades, em razão da perda de credibilidade sobre a competência do governo de retomar os rumos do desenvolvimento, por não ter tido condições de oferecer alternativa para a melhora da economia, nos últimos quatro anos.
A evidência do descontrole econômico é incontestável, diante do estouro da inflação, que superou o teto previsto nas metas de governo, e do possível excesso de demanda de consumo, fórmula encontrada como tentativa de contornar a crise, enquanto o PIB demonstra que pode crescer muito próximo de nada, ou seja, de zero, o que significa crescimento ridículo, que tem o respaldo da estagnação do parque industrial, em que pese o sacrifício da economia com as custosas políticas de apoio ao setor, que demonstra reação insignificante, comparativamente com o que pretendia governo para alavancar os fatores econômicos de melhoria do emprego e da renda.
O certo é que a produção industrial do resto do mundo teve significado salto de crescimento e de qualidade de seus produtos, comparativamente ao que vem acontecendo, na mesma situação com Brasil, que apenas conseguiu se distanciar do processo de modernização e de reciclagem operado noutras plagas, possivelmente pela insistência em manter os mesmos parâmetros retrógrados, que precisam passar por urgente processo de reformulação de seus conceitos, que não funcionam mais a contento, se comparados aos padrões de modernidade implantados nos países com visão de vanguarda e de perspectivas de crescimento econômico.
Para que o Brasil possa voltar a evoluir bem mais rápido do que o atual estágio, urge que sejam promovidas as reformas das estruturas que estão estrangulando os processos produtivos, com vistas a possibilitar efetiva contribuição à melhoria da competitividade, que foi afetada diretamente pelo famigerado custo Brasil, que tem sido o principal fator de destruição do parque industrial, por contribuir para a retirada do país das principais empresas de alta tecnologia e para afugentar os investidores internacionais, que não acreditam que o atual governo tenha capacidade para promover qualquer reforma na estrutura arcaica e ultrapassada dos princípios econômicos, ante a exaustão da sensibilidade e da racionalidade da sua equipe econômica, que deixou de adotar as medidas adequadas ao saneamento do grave problema da falta de modernidade.
Além das dificuldades para a realização de reformas urgentes e imprescindíveis, outras questões podem afetar intensamente a economia, a exemplo da queda dos superávits, da invenção da esdrúxula contabilidade criativa, que tem o condão de distorcer a realidade das contas públicas, do recurso exagerado a soluções não sustentáveis no tempo, do menor aumento da arrecadação, em razão ridículo crescimento do PIB, entre outras dificuldades financeiras que hão de contribuir para o desequilíbrio das contas públicas e para a significativa diminuição dos investimentos em obras públicas e infraestrutura.
Na verdade, nas circunstâncias, os horizontes da economia são sombrios, por sinalizarem com gigantesca crise fiscal no porvir, com consequente perda do grau de investimentos, por força das avaliações realizadas pelas famosas agências internacionais de risco, que levam em conta fatores como a crise cambial, as elevadas taxas de juros e o desempenho do PIB.
As dificuldades econômicas apontam para a necessidade de bastante competência e enorme capacidade para tratar de questões delicadas e encalacradas que o governo já demonstrou total inabilidade para se desincumbir com a indispensável desenvoltura delas, permitindo se concluir que somente um estadista com equipe qualificada, comprometida com verdadeiras mudanças, terá condições de equacioná-las e solucioná-las da melhor forma possível, inclusive evitando que esse quadro possa piorar, em detrimento dos interesses nacionais. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 22 de outubro de 2014

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