Nos países desenvolvidos social, político,
econômico e democraticamente, os debates políticos giram em torno de ideias e
programas de governo, tendo por finalidade a sua disseminação e o seu
detalhamento, como forma de demonstrar qual o candidato que tem realmente
condições de administrar o país, com eficiência, capacidade, experiência e
responsabilidade cívica.
No entanto, no país tupiniquim, a história recente
e os fatos políticos mostram, de forma cristalina, que os debates se
transformam em cenário de acusações mútuas, críticas injustas e agressões
desgraciosas, que, à luz dos princípios da civilidade e da razoabilidade, não
condizem com a relevância do cargo de presidente da República.
É induvidoso que os confrontos na televisão, na
forma tensa como acontecem, contribuem apenas para desconstruir as aspirações
dos eleitores, que gostariam que os candidatos se preparassem com a exclusiva
finalidade de mostrar para o povo suas qualidades e seus atributos quanto ao
domínio do conhecimento das atividades político-administrativas, bem assim de
seus esforços e preparos para o árduo desempenho função tão importante, que tem
por escopo a consecução das relevantes medidas destinadas à resolução dos
problemas que afligem a sociedade.
Conforme antecipa a imprensa, para os próximos
debates à vista, os candidatos já estão se preparando, treinando, se reforçando
com arsenal argumentativo de calibre grosso e mortífero e, sobretudo, ávidos
para o momento do duelo de titãs, em que o vitorioso será aquele que melhor se
sair sobre os temas inevitáveis de corrupção, irregularidades, incompetência, deficiência
na prestação dos serviços públicos e de tudo o mais que não se refiram aos
interesses diretos dos eleitores, mas sim das sujeiras e do lamaçal em que a
administração pública foi mergulhada nesse imbróglio que se misturam entre si
os aludidos temas e algo mais correlato às mazelas que têm predominado
ultimamente na administração do país.
Enquanto isso acontece, não se vislumbra a menor
possibilidade do afloramento de assuntos amenos ligados ao progresso e ao
desenvolvimento do país, cuja população manifesta-se por urgentes mudanças nas
práticas político-administrativas, mas as esperanças sobre a sua efetividade
são remotas, ante as dificuldades de consenso sobre as reais prioridades das
políticas públicas em benefício do interesse público, ante a predominância, em parte, da
politicagem visivelmente praticada para o fortalecimento da perenidade no poder.
É bastante lamentável que, em pleno século 21, o
Brasil ainda não tenha atingido o nível ideal de civilidade, em reais condições
de assegurar que os presidenciáveis tenham a serenidade e bom senso de expor
suas ideias e seus programas de governo com vistas a propiciar que a população
possa decidir tranquilamente em quem votar com absoluta segurança.
A sociedade aspira por que os candidatos se
sensibilizem quanto à necessidade de transmitir para a nação o sentimento de
harmonia, entendimento e compreensão sobre as consequências de possíveis
agressividades mútuas, porque isso não contribui para o aperfeiçoamento e o
aprimoramento dos princípios republicano e democrático, conceitos estes que se
inserem nos avanços da modernidade que deve inspirar apenas o emprego do
convencimento pelo uso de argumentos sadios e construtivos, em prol de uma
sociedade mais equilibrada e cônscia da sua responsabilidade cívica e patriótica.
Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 14 de outubro de 2014
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