quarta-feira, 22 de outubro de 2014

As mentiras da desconstrução

Diante dos supostos comentários sobre a possibilidade de se acabar o Bolsa Família, a candidata petista à reeleição afirmou, de forma enfática, em fase anterior ao primeiro turno, que o programa de transferência de renda corre o risco de ser extinto se seu adversário vencer a eleição presidencial.
Na ocasião, a candidata petista disse que “Faltam poucos dias para a eleição. Neste momento, o clima fica um pouco quente e nós sabemos que começa uma série de mentiras e boatos falsos por aí. Para que eles fazem os boatos falsos? Para conseguir convencer o povo, enganando o povo. Por exemplo, tem uns que dizem que o Bolsa Família, nosso programa mais importante, o programa que nós consideramos o programa mais forte para reduzir a pobreza e a desigualdade, junto com o emprego e junto com o aumento de salário, vai acabar. Ora, vai acabar se eles forem eleitos. Enquanto eu for presidenta da República, garantir emprego, garantir direito trabalhista, garantir salário, eu vou garantir. Quero dizer para vocês que agora isso vai começar a acontecer, mas nós temos uma arma contra as mentiras e os boatos: a verdade”.
O Bolsa Família foi criado pelo governo petista em 2003, com a finalidade de beneficiar famílias carentes, que totalizam, segundo dados do Executivo federal, 13,9 milhões de famílias ou 56 milhões de pessoas cadastradas, que recebem, de acordo com o governo, o valor médio da quantia de R$ 170,00.
Com a finalidade de desmontar as insinuações da petista, o candidato tucano nega, reiteradamente e de forma peremptória, que não cogita extinguir o Bolsa Família, na hipótese de vencer a eleição, tendo afirmado que dará continuidade à importante iniciativa da transferência de renda de que se trata.
Não passam de argumentações desesperadas as acusações governistas de que seu opositor irá detonar o Bolsa Família, por se tratar exatamente do único programa fomentado pelo governo que, há doze anos, não conseguiu apresentar outra novidade na administração do país, com status capaz até mesmo de justificar a sua gestão, que não foi tão apagada em razão exatamente do seu programa de transferência de renda.
As afirmações da candidata oficial demonstram situação desesperadora de campanha, porque suas acusações são destituídas de fundamento, sendo apenas fruto de ilações inconsistentes, apenas como forma de confundir a opinião dos beneficiários, que já estão acostumados e acomodados com o recebimento de benefício que deveria servir apenas para a dignificação do ser humano.
Na verdade, o Bolsa Família vem sendo utilizado como mero instrumento de degeneração social, quando o governo poderia aproveitá-lo como programa de valorização social, notadamente com a capacitação dos titulares, por meio da formação profissional que visassem à preparação deles para assunção de empregos capazes de propiciar dignificação do cidadão, com a representação do salário proveniente do seu trabalho, sem precisar da assistência governamental, que funciona muito mais como medida de depreciação do homem, por ser ele, nesse caso, colocado em situação de inferioridade e de incapacidade para trabalhar e produzir normalmente como os demais brasileiros, que não dependem da distribuição de renda que sabidamente funciona com a primacial finalidade de vincular o beneficiário às maquiavélicas pretensões do governo de perenidade no poder.
É induvidoso que existe implícita ligação dos programas de distribuição de renda aos objetivos populistas do governo de garantir a continuidade no poder, mediante a consciente manipulação dos programas assistencialistas, que não deveriam servir para tal finalidade nitidamente eleitoreira, à vista da diferenciação e prioridade conferida ao Bolsa Família, até mesmo na majoração dos valores pertinentes, a exemplo do recente reajuste de 10%, quando os demais aumentos são limitados aos índices oficiais, que não são bem mais modestos, havendo nisso cristalino e inescrupuloso ferimento aos princípios da dignidade e da honorabilidade na administração pública.
Além do Bolsa Família, o governo certamente vai passar para a história republicana como aquele que mais conviveu com casos de corrupções, que horrorizaram os brasileiros, pela contribuição nefasta à completa desmoralização dos princípios da dignidade e da honestidade, cuja decadência gerencial jamais deveria predominar na administração do país.
Com vista à serventia de objetivos eleitoreiros o partido governista vem demonstrando completa capacidade de administrar o país, que jamais deveria ser submetido às decadentes práticas fomentar programas com essa finalidade.
É de se lamentar que ainda exista expressiva parcela dos brasileiros favorável à continuidade da classe política dominante, cuja capacidade foi apenas direcionada para consecução de programas de transferência de renda, com sua nítida utilização para o respaldo de interesses pessoais e partidários.
A sociedade precisa se conscientizar, por força do seu dever cívico e patriótico, sobre a urgente necessidade de se posicionar contra a precariedade da administração do país, mediante a prática de procedimentos que não condizem com a realidade brasileira, porquanto, salvo o caso do Bolsa Família, há notória falta de priorização das políticas públicas, ante a degeneração da prestação dos serviços públicos, o prestígio ao escrachado fisiologismo ideológico, a banalização das corrupções, a leniência com a impunidade, a precária condução das políticas econômicas, o descontrole da inflação, das contas públicas, das dívidas púbicas e das taxas de juros, a aproximação a países governados por ditadores e tantas precariedades gerenciais dos assuntos relacionados com os interesses nacionais, que estão contribuindo para incrementar a passos largos o subdesenvolvimento do país. Acorda, Brasil!
 
         ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
         Brasília, em 22 de outubro de 2014

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