É com enorme tristeza que hoje,
depois da tentativa de muitos brasileiros de convencer, com argumentos sadios,
as pessoas de bem de que o Brasil poderia ser governado sob os princípios da
dignidade, moralidade, legalidade, transparência e honestidade, percebe-se,
agora, que a realidade do país não vai mudar em absoluto.
Ele continuará sendo governado
sob o prisma da incompetência, da insensibilidade e da irracionalidade
político-administrativas, com a prevalência do indecente e deprimente fisiologismo,
consolidado mediante coalizão de governabilidade, por meio da qual os partidos
aliados comandam ministérios e empresas estatais a seu talante, sem a
coordenação presidencial, tornando a máquina pública precária e
contraproducente, com enorme desperdício de recursos; do aparelhamento dos
órgãos e entidades públicos, servindo de cabide de empregos; da péssima
prestação dos serviços públicos, representados pela precariedade do atendimento
médico-hospitalar, do ensino público que deseduca e regride o aprendizado, da
segurança que cada vez mais deixa a população desprotegida etc.; a corrupção que
se tornou endêmica e sistêmica; da aproximação com governantes socialistas; do
distanciamento das nações desenvolvidas e prósperas; da falta de capacidade
para gerenciar as políticas econômicas, contribuindo para o país caminhar em
direção ao crônico subdesenvolvimento; das alianças com os piores políticos,
que ainda ajudam na administração do país; do repasse a fundo perdido de
recursos a países governados por ditadores, que ignoram os princípios
democráticos e os direitos humanos; entre outras mazelas que contribuem para
que sejam desrespeitados os princípios da eficiência e da eficácia na
administração do país.
O resultado da eleição serviu
para mostrar que a maioria dos brasileiros concorda que o país continue sendo
administrado sob a forma espúria da aplicação dos recursos públicos, por ter
ficado evidenciado, à luz dos fatos, que o governo não prima pela dignidade e
honestidade na gestão do dinheiro dos contribuintes, a exemplo dos seguidos
casos de corrupção, que enlamearam a dignidade dos brasileiros e a imagem do
país no exterior e banalizaram as irregularidades na administração pública, tendo
o partido do governo e outros dois da sua coligação encabeçada a maior sangria
de recursos na Petrobras.
Trata-se de esmagadora vitória da
indignidade e da desonestidade sobre as boas condutas de racionalidade e
civilidade na administração do país, que poderia ter o governo com capacidade para
promover as mudanças tão aspiradas pela população, notadamente na prestação dos
serviços públicos, que não pode mais continuar nas condições atuais, em que a
população vem reclamando, inclusive mediante protestos em manifestações de ruas
de suas péssimas qualidades.
Não há dúvida de o Brasil está de
luto, pelo menos, com relação aos brasileiros que disseram, com clareza, que
não concordam com as bandalheiras retratadas nas corrupções endêmicas e nas
precariedades da administração do país, que passa por séria crise na condução
das políticas econômicas, mostrando que o crescimento econômico pode se
aproximar a zero, o que vale dizer que não deverá haver crescimento de coisa
nenhuma, fato que compromete também o emprego da mão de obra, a renda da
população, os investimentos públicos e privados e, em especial e o desempenho
da arrecadação tributária, que terá reflexo na diminuição de investimentos
públicos.
O sentimento petista de ser,
conforme ficou claro nas urnas, é tão arraigado que os princípios de lisura,
competência e até mesmo civilidade são desprezados em prol apenas da derrota
dos adversários políticos, porém, no caso desta eleição, o tiro poderá ter
saído pela culatra, porque o adversário, em suma, foi o Brasil, que perdeu a
chance de experimentar reais perspectivas de mudanças na administração do país,
que infelizmente continuará sob o ritmo do marasmo do atraso e do retrocesso,
sob o comando de quem foi incapaz de promover mudanças nas estruturas do país,
por mais minimamente que fossem, apesar de sempre possuir maioria folgada no
Congresso Nacional.
Não há a menor dúvida de que o resultado
das urnas tem o condão de confirmar o ditado popular segundo o qual o povo tem
o governo que merece, pelo menos, no caso do Brasil, diante da declarada maioria
que, sem o menor sentimento de responsabilidade cívica, houve por bem respaldar
a continuidade do governo desacreditado não somente por quase a metade dos
brasileiros, mas também pela classe capitalista internacional, que não acredita
mais na capacidade de a presidente promover qualquer medida em benefício das
mudanças tão ansiadas pela população, que, à maioria de 70%, propugnava por sua
realização, de forma ampla, abrangente e profunda, de modo de tirar o país do
crônico e perverso subdesenvolvimento social, político, cultural, econômico e
democrático.
A lição das urnas é muito clara,
no sentido de que a pequena maioria dos brasileiros entende que, para
administrar o país, não precisa comprovar competência, eficiência e capacidade
gerencial e muito menos que a gestão prime pela fiel observância aos conceitos
de lisura, dignidade e probidade com a aplicação dos recursos dos contribuintes,
em completa demonstração de involução administrativa, que nada mais é do que o
caminhar na contramão do desenvolvimento da humanidade, tão bem aproveitado pelas
nações evoluídas social, cultural, política, econômica e democraticamente.
Nesta
eleição, à vista da expressiva votação na candidata oficial, nossos irmãos
nordestinos mostraram, com clareza solar, invulgar capacidade de enxergar qualidades
especiais de virtudes e atributos da presidente petista que, infelizmente, o
povo do Sul e Sudeste não conseguiu vislumbrar senão muita precariedade na
gestão dela, conforme evidenciam não somente os indicadores do seu governo,
inclusive os econômicos, mas as cotidianas manchetes da mídia, que de bom
mesmo, de destaque, aparece somente o programa de distribuição de renda, que
qualquer governo mediano faria o mesmo, obrigatoriamente por incumbência
constitucional de assistência à pobreza, porém observadas as devidas
competência e eficiência, principalmente acerca do rigoroso cadastramento dos beneficiários,
porquanto o atual cadastro não resiste à apuração quanto ao verdadeiro
destinatário do programa, qual seja, a comprovação de que a totalidade das famílias
inscritas se apresenta em grau elevado de extrema pobreza.
Sob
o prisma da democracia moderna, parece não haver dúvida de que, depois do
pleito eleitoral, marcado, em parte, por episódios não condizentes com os
princípios da dignidade humana, notadamente pela vil desconstrução de
adversários políticos, restou a sensação de que o país e boa parcela de seu
povo se apequenaram de tal forma que a vitória nas urnas deixa a impressão
moral de que foi conquistada por quem não a fez por merecê-la com justiça e dignidade
dos grandes vencedores, que apresentam para tanto, sobretudo, indiscutíveis
méritos e qualidades, sem necessidade da utilização de artifícios e ardis, porque
isso não se coaduna com os embates sadios e democráticos.
Sem
dúvida, a dor da derrota é impactante, sofrida, penetrante na alma, mas ela é ainda
mais intensa nas circunstâncias, quando a vencedora tem os atributos
administrativos marcados pela nefasta gestão bombardeada por muita
incompetência, principalmente quanto à péssima qualidade da prestação dos
serviços públicos e da condução das políticas econômicas, que foram acompanhadas
na sua trajetória bem notabilizada de persistentes atos de corrupção na
administração pública, culminando com o mais grave deles, que ganhou destaque,
por ter sido considerado o pai de todos eles, conhecido pela sangria de recursos
da Petrobras, promovida pelo partido governista e por mais duas agremiações aliadas
a ele.
Enfim,
conclui-se dizendo que o convite para a união nacional não faz sentido e muito
menos a sua aceitação, quando a minoria derrotada se opôs claramente contra o
desgoverno e a esculhambação na administração do país, que padece gravemente de
autoridade para moralizar a gestão pública, mediante a implantação de sistemas
eficientes de controle, fiscalização e acompanhamento da aplicação dos recursos
públicos, de investigar os atos de corrupção e punir os envolvidos, cujas
falhas vêm ocorrendo com a roubalheira da Petrobrás, em razão de nenhuma medida
ter sido adotada no período da campanha eleitoral, a par da existência de duas
Comissões Parlamentares de Inquérito, instaladas no Congresso Nacional, cujos
trabalhos estão paralisados por conveniência da candidata oficial.
A pequena maioria dos brasileiros,
nesta eleição, deu cabal demonstração de que não pretende se evoluir social, política,
econômica e democraticamente, por prestigiar, com muita clareza, velhas,
ultrapassadas e abomináveis práticas político-administrativas tão prejudiciais
aos interesses nacionais, que já não condizem com a realidade mundial e muito
menos brasileira, cujo povo precisa, com urgência, amadurecer a sua mentalidade
e se conscientizar sobre a necessidade de o país ser administrado com
competência, eficiência e eficácia, sob a égide dos princípios saudáveis da
dignidade, moralidade e honestidade, para que seja possível se vislumbrar o
verdadeiro horizonte do desenvolvimento. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
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