Um ministro
do Supremo Tribunal Federal, que tem demonstrado extrema simpatia pelo
reprovável e recriminável sistema da impunidade, fez duras críticas ao que
classificou como "manipulação"
da pauta da Corte por parte da presidente.
O
magistrado é relator de duas ações que tratam da possibilidade condenados por
tribunais de segunda instância serem presos, as quais estão disponibilizadas
para julgamento desde dezembro do ano passado, mas ainda não foram colocados em
pauta pela presidente.
O
ministro disse, conforme notícia do jornal O
Globo, que "A ministra Cármen
Lúcia, que define a data para julgamento, está com a palavra. Sem dúvida
alguma, tempos estranhos. Estou aqui há 28 anos, e nunca vi manipulação da
pauta como esta".
Não
obstante, a presidente da Corte tem alegado que não há urgência de se discutir
o tema, já que o mesmo plenário do Supremo definiu, em 2016, a regra do início
do cumprimento das penas após a condenação em segunda instância, muito embora, desde
então, alguns ministros mudaram o entendimento sobre o assunto, fato que em
nada contribui para a mudança de entendimento da Corte, somente sob a
justificativa da alteração da interpretação de alguns ministros, como se a
jurisprudência do tribunal precisasse ser adaptada a essa posição.
Isso
significaria se pensar que alguns ministros pensam com o umbigo, quando os
interesses do tribunal precisam ser guiados pela vontade de um ou outro magistrado,
em total detrimento da firmeza e da consolidação da sua jurisprudência.
O
ministro-relator entende que o novo julgamento serviria para unificar o
posicionamento das Primeira e Segunda Turmas do tribunal, cada uma composta por
cinco ministros, sob o ponto de vista que "Não teríamos o descompasso entre as duas turmas (se a ação sobre
segunda instância fosse julgada em plenário). A divergência eu rotulo como
intestina, que maior descrédito ocasiona ao Judiciário".
De
início, percebe-se que não é de bom tom ministro do próprio tribunal exercer
pressão para que os processos sejam agendados, principalmente quando se trata
especificamente sobre matéria quando ele já demonstrou sobejo interesse em sua apreciação,
justamente para a mudança do entendimento firmado pela Corte sobre tema que ele
é inclinadamente favorável que isso ocorra, evidentemente com o propósito de
beneficiar criminosos que ele gostaria muitíssimo de ficar livres das grades,
fato este que, por si só, já o condena, de forma inapelável, diante da
insistência que vem demonstrando como fundo de interesses pessoais.
Caso ele
não fosse verdadeiro manipulador, já teria deixado a relatoria dos referidos
processos, declarando-se impedido de votar, por razões óbvias de que a sua
atuação tem sido explicitamente em benefício de bandidos de colarinho branco, por
votar pela soltura de alguns e no abrandamento de penas de outros, situações
que jamais se justificariam em se tratando de magistrados com histórico de
responsabilidade cívica e de defesa dos interesses nacionais, republicanos e da
sociedade.
O
que causa maior descrédito ao Judiciário, senhor ministro, não é deixar de
pautar ações sobre matéria que já se encontra devidamente pacificada pelo Supremo
Tribunal Federal, sobre a prisão em segunda instância, mas sim a injustificável
e indecorosa condescendência com a criminalidade, a corrupção e a impunidade,
como tem sido o deplorável e deprimente trabalho de alguns ministros, que são
verdadeiros inimigos não somente dos interesses nacionais, mas do empenho de
magistrados que prendem ladrões do dinheiro público e têm seu esforço injustificadamente
jogado no lixo, pelo exclusivo capricho de ministros que se acham donos da
razão e do saber jurídico, como se eles fossem os únicos certos.
Não
obstante, os fatos mostram, com clareza, que há ministros que estão na
contramão da história, no momento em que a sociedade exige, como nunca, a
moralização do Brasil e a defesa dos princípios da dignidade em prol da credibilidade da Justiça, que não precise passar
pelo constrangimento da suspeitabilidade e muito menos da desmoralização, como
vem ocorrendo nos últimos tempos, porquanto a classe do magistério está
infestada de juízes que não merecem o respeito dos brasileiros, à vista do
carinho e da devoção deles à causa degenerativa e perversa da criminalidade, por agir de forma contrária ao combate à corrupção e à impunidade. Acorda,
Brasil!
ANTONIO
ADALMIR FERNANDES
Brasília,
em 3 de julho de 2018
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