Chama
a atenção dos brasileiros a necessidade da urgente e inadiável mobilização
popular para não somente lutar pela implementação de abrangentes reformas das
estruturas do Estado, mas também para a moralização da administração do país,
diante do quadro de desolação e devastação causado pelo ignominioso e impiedoso
efeito da corrupção revelada, em especial, pelas delações premiadas no âmbito
da Operação Lava-Jato.
As
referidas colaborações serviram para a formação de importantes bases de
informações para as investigações da Polícia Federal e do Ministério Público
Federal, que conseguiram desnudar
parcela expressiva do mundo da podridão que inundou, de forma cruel e maléfica,
a gestão econômico-financeira da Petrobras, a ponto de lavá-la quase à lona,
empurrando-a da 12ª empresa do ranking mundial para além de 400 desse
confortável patamar, mostrando a perversa influência da roubalheira perpetrada
por gestões responsáveis pelo aparelhamento da administração pública, que tiveram
o espírito público de assumir a culpa pelos desastres perpetrados contra os
interesses nacionais.
É
evidente que há enorme premência para a punição mais do que exemplar dos envolvidos
e implicados na gigantesca ladroagem jamais vista na história republicana
brasileira, mas urge que, nessa esteira da ansiada moralização, seja
imprescindível também se cogitar pela reforma política, que já deveria ter sido
realizada há bastante tempo, porque essa demora é extremamente prejudicial à
modernidade das atividades políticas, em que os gargalos impostos pelo atual
sistema somente beneficia os aproveitadores do poder, que preferem que
continuem prevalecendo o obsoletismo e a dissonância de qualquer ideia de
eficiência.
A
ideia centrada nas reformas do Estado tem como importância a adequação das incumbências
constitucionais e legais das unidades federativas à capacidade contributiva dos
cidadãos, tendo em conta a dimensão da estrutura da capacidade da administração
pública de satisfação das demandas sociais, como forma de planejamento
científico que se impõe aos governos competentes e responsáveis, quanto ao bem-estar
da população.
Em
primeiro momento, convém que a modernização da máquina pública tenha como objetivo
o destrinçar da horrorosa carga tributária, que é considerada uma das mais
cruéis do mundo, que precisa ser bem explicada para a sociedade sobre a sua
composição, como forma de justificar a sua existência como tal, por ser de descomunal
opulência tributária e arrecadadora, mas tão ínfima, socialmente falando, em
termos da prestação dos serviços públicos pelo Estado, sempre de péssima
qualidade se comparada ao volume de recursos recolhidos dos cidadãos, em absoluta
demonstração de incapacidade para propiciar melhoria das condições de vida da população.
Não
à toa que a reforma política é sempre considerada pelos especialistas da área,
com absoluta razão, como a mãe de todas as reformas que precisam ser realizadas,
por ensejar sinalização de boa vontade política para a implementação das demais
reformas necessárias à modernização do Estado, com suas estruturas paquidérmicas,
protegida pelo princípio nefasto e crônico do anacronismo.
Por
óbvio, para que a reforma política possa ser realmente para valer e de exclusivo
proveito para o interesse público, ela precisa ser transparente e realmente
válida, quanto à sua finalidade moralizadora e de eficiência, não podendo, em
hipótese alguma, haver a participação nem a intromissão da atual classe
política, bem assim das legendas extremamente contaminadas pelos piores vícios próprios
da ganância e dos interesses pessoais e partidários, em visível dissonância com
os saudáveis princípios republicanos pertinentes ao zelo da res publica.
A
reforma política desejável de bruscas e efetivas transformações, com base em
novos ideais da ordem democrática, terá que começar, necessariamente, pela
extinção plena dos partidos políticos, porque eles estão implicados e
envolvidos até a medula com a corrupção endêmica e sistêmica que foi instalada
no âmago da administração do país, com o seu direto ou indireto beneplácito,
porquanto seus integrantes se omitiram e ainda nada fizeram para combater esse
câncer, quando, ao contrário, ele mereceu o apoio de exaltados congressistas em
seu favor, com a aprovação de medidas legislativas destinadas à punição dos
agentes incumbidos de apurar e punir os fatos delituosos.
Em
princípio, até possa parecer que a extinção dos partidos se trate de medida
extrema, diante do radicalismo que isso representa, mas ela se impõe com
fundamento indispensável para possibilitar o soerguimento de pilares sólidos e
consistentes para a sustentação de destrutivas pontes capazes de manter bem
firme a nova base democrática, com a estrutura da nova pátria, tendo como
alicerces novas mentalidades político-ideológicas, imbuídas de sentimentos de
brasilidade totalmente renovados.
O
que se imagina é ter a certeza de serem sepultadas para sempre as estruturas
corrompidas e degeneradas pela poluição de ideologias políticas voltadas para
beneficiar pessoas e grupos políticos, de índole inescrupulosa e aproveitadora
do poder das riquezas nacionais.
É
induvidoso de que a atual situação de notória precariedade do sistema
político-partidário exige a sua completa reestruturação e com a devida
urgência, sob pena da plena dominação do caos, que tem sido a causa da penúria
funcional da administração pública, em que seus protagonistas se aferram ao
poder, com promessas hipócritas e demagógicas de defensores do povo, quando a
verdade mostra exatamente o contrário disso, em face da exaltação de seu
patrimônio e da sua influência, em aproveitamento do poder, ao qual o povo se
encontra cada vez mais distanciado, embora ele seja a verdadeira razão do poder.
Ressalte-se
que a história mostra que os partidos foram cassados nos regimes de exceção de
1937/1945 e 1964/1985, enquanto houve, em 1948, a cassação do registro do
Partido Comunista, fatos esses que evidenciam que isso aconteceu em momentos
políticos obscuros da história brasileira, mas a legislação eleitoral não
contempla, como motivo para a cassação do registro de partido, o recebimento de
propinas, por meio do caixa 2, notadamente aquelas provenientes de origens não
contabilizadas.
Diante
da indiscutível e notória degeneração do sistema político, cujo arcabouço tem
permitido a progressiva degradação das políticas públicas, em evidente proveito
de espertos que não se cansam de participar dessa pouca-vergonha, porque toda
classe política é incapaz de renunciar ao status
quo, dando a entender que essa firme depravação da coisa pública satisfaz
plenamente deus objetivos políticos, pelo fato de permanecer fazendo parte dele.
Convém
que os brasileiros tenham sensibilidade e consciência cívicas e patrióticas não
somente para compreenderem o tamanho dos estragos causados ao patrimônio
nacional pela atuação deletéria da classe política, justamente pelas ação e
omissão de nada fazer para melhorar o status
quo, de extremo malefício ao interesse do país, de modo a exigirem a
implementação de urgentes reformas estruturais do Estado, em especial quanto à modernização
do sistema político, de forma ampla, geral e irrestrita, com o escopo de
transformar o atual, completamente caótico, em algo moderno, eficiente e
efetivamente compatível com os anseios sociais dos avanços já alcançados pelas
nações sérias e civilizadas. Acorda, Brasil!
ANTONIO
ADALMIR FERNANDES
Brasília,
em 20 de julho de 2018
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