sexta-feira, 27 de julho de 2018

Mensagem sem conteúdo


O principal líder petista escreveu artigo para o jornal a Folha de S. Paulo, com o sugestivo título "Afaste de mim esse cale-se", divulgado em referência aos 100 dias desde a sua prisão.
Ele escreveu trecho que diz: "Estou preso há mais de cem dias. Lá fora o desemprego aumenta, mais pais e mães não têm como sustentar suas famílias, e uma política absurda de preço dos combustíveis causou uma greve de caminhoneiros que desabasteceu as cidades brasileiras".  
O petista também aproveitou o texto para criticar e atacar o governo do presidente da República, dizendo que "Um governo ilegítimo corre nos seus últimos meses para liquidar o máximo possível do patrimônio e soberania nacional que conseguir — reservas do pré-sal, gasodutos, distribuidoras de energia, petroquímica —, além de abrir a Amazônia para tropas estrangeiras. Enquanto a fome volta, a vacinação de crianças cai, parte do Judiciário luta para manter seu auxílio-moradia e, quem sabe, ganhar um aumento salarial".
Nesse texto, o petista ainda se referiu, questionando, à proibição da juíza para ele conceder entrevistas às redes de televisão, nestes termos: "Não posso dar entrevistas ou gravar vídeos como pré-candidato do Partido dos Trabalhadores, o maior deste país, que me indicou para ser seu candidato à Presidência. Parece que não bastou me prender. Querem me calar. Aqueles que não querem que eu fale, o que vocês temem que eu diga?".
O petista insiste que é pré-candidato à Presidência da República, tendo afirmado que "Eu sou candidato porque não cometi nenhum crime. Desafio os que me acusam a mostrar provas do que foi que eu fiz para estar nesta cela. Por que falam em 'atos de ofício indeterminados' no lugar de apontar o que eu fiz de errado? Por que falam em apartamento 'atribuído' em vez de apresentar provas de propriedade do apartamento de Guarujá, que era de uma empresa, dado como garantia bancária?". 
O petista precisa cair na real, para se conscientizar de que a Lei da Ficha Limpa é cristalina, ao afirmar que a pessoa condenada em segunda instância, que é o caso dele, se torna automaticamente inelegível e seus competentes advogados precisam mostrar o texto para ele e todos os seus seguidores, mostrando que a juíza apenas procura cumprir a lei, diferentemente daqueles que objetivam tão somente deturpar, deliberadamente ou não, o sentido da norma legal.
Vejam-se que não faz o menor sentido a juíza autorizar alguém inelegível ficar dando entrevista sobre campanha eleitoral se ele não preenche os requisitos exigidos dos candidatos, a exemplo do que se refere à ficha-limpa, porque o petista não passa de ficha-suja, em face da sua prisão por órgão colegiado, o que vale dizer que a teimosia em insistir que é candidato não passa de afronta à lei e às decisões judiciais, dando a entender que ele está acima da lei e ainda se acha no direito de se insurgir contra tudo e todos.
Propriamente sobre a experiência da clausura da Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba (PR), desde o dia 7 de abril, após ter sido condenado pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), a 12 anos e um mês de prisão, pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, no caso do triplex no Guarujá (SP), o petista não falou absolutamente nada, mas encheu o peito para apontar as falhas da gestão do presidente da República, a quem ele o denomina de governo ilegítimo, como se ele não tivesse sido eleito na chapa patrocinada justamente pelo petista e a sucessão ao trono teve como consequência o legítimo afastamento da petista, por meio de processo indiscutivelmente inquestionável, promovido pelo Congresso Nacional, com sede em preceitos constitucionais, respaldados pelo Supremo Tribunal Federal, que não aceitou nenhum recurso da então presidente, na tentativa de anular ou derrubar os procedimentos de impeachment, mas aquela corte não acolheu nada, dando a entender que as medidas adotadas no caso estavam respaldadas da mais pura legitimidade.
Quanto às críticas ao governo, notadamente com relação ao desemprego, a sua opinião não passa de piada de mau gosto e de brutal demagogia, considerando que essa desgraça que realmente aflige as famílias brasileiras teve origem exatamente no governo petista, com o seu triste legado de mais de 13 milhões de desempregados e ainda com a economia em pleno processo recessivo, o que vale dizer que nessa situação ninguém investe nada na economia.
Quanto à proibição de entrevista, o político preso precisa ter a consciência de que a proibição tem respaldo na sua indiscutível condição de condenado por colegiado de segunda instância da Justiça, o que implica, nos termos da Lei da Ficha Limpa, o seu automático enquadramento no rol de inelegíveis e simplesmente quem já é inabilitado para se candidatar também perde, concomitantemente, o direito de se colocar como pré-candidato, não importando que ele tenha sido indicado pelo maior partido do mundo, porque é preciso respeitar os ditames da lei, sob pena de se transformar o sistema eleitoral em verdadeira esculhambação.  
Que país e este, que pessoa presa, já condenada na segunda instância e também não tendo conseguido, moto próprio, afastar os fatos denunciados à Justiça, sendo sentenciado à prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, ainda se atreve a afrontar as autoridades judiciárias, de forma prepotente e autoritária, ao afirmar que “não cometi nenhum crime” e ainda com desafio para mostrarem as provas de seus crimes?
Como se seus advogados não fossem pagos para as conhecerem e providenciarem as devidas contestações, no sentido de provar a inocência do denunciado, ou seja, é obrigação da defesa tomar conhecimento dos fatos coletados, coligidos, investigados e juntados aos autos, com vistas à apresentação da defesa pertinente, porque as sentenças nada mais são do que o resultado da confrontação entre os fatos denunciados, as provas sobre a materialidade da autoria dos crimes e as defesas apresentadas?
Não passa de tremenda ingenuidade o petista ficar implorando para que lhe apresentem as provas, porque ninguém melhor do que seus advogados para coletá-las e mostrá-las, tendo ainda a devida obrigação de promover explicações minuciosas no sentido de esclarecer que a condenação dele não foi por causa de não ser proprietário do imóvel objeto das propinas, mas sim também pelo crime de lavagem de dinheiro, que nada mais é do que a ocultação de patrimônio, referente aos valores de propina que não foram declarados nem registrados em cartório, que podem perfeitamente ter sido aplicados no tríplex, à vista das provas que certamente estão devidamente organizadas nos autos pertinentes, bastando apenas que seus advogados as requeiram, em forma de cópias delas.
Caso contrário, por certo, jamais os magistrados da Lava-Jato demonstrariam tamanha maluquice de condená-lo com tanta certeza e sobretudo por unanimidade, que somente quem acredita em inocência é aquele impedido pela cegueira da idolatria, que tem dificuldade até mesmo para entender que a condenação sem provas não acontece nem mesmo nas republiquetas, porque os magistrados envolvidos seriam severamente penalizados, notadamente em se tratando que o condenado nada mais é do que a autoridade de ex-presidente da República.
O petista precisa se conscientizar de que, se o imóvel estivesse registrado no seu nome e se os valores estivessem registrados devidamente, na forma da lei, ele seria felizardo, porque a sua condenação seria somente com relação à corrupção passiva, ficando livre do crime de lavagem de dinheiro e, nesse caso, o punição certamente teria sido bem menor, talvez a metade da aplicada.
Em síntese de análise, o texto em si não traz conteúdo de importância e muito menos de valor político a ser anunciado como mensagem inédita, por consistir basicamente em críticas mordazes ao governo, mostrando que somente o petista é capaz de fazer tudo perfeito, como se ele seja o suprassumo e se na gestão dele fosse verdadeiro mar de maravilhas, enquanto a gestão atual somente existissem mazelas prejudiciais, em especial, aos pobres, a quem ele demonstra extrema preocupação com a situação do desemprego, em que pese a sua proverbial insistência em jogar brasileiros contra brasileiros, como forma exclusiva de tirar proveito político da situação, que chegou a onde está graças ao último governo petista. Acorda, Brasil!
Brasília, em 27 de julho de 2018

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