Muito tem se falado, nos últimos tempos, sobre a
necessidade da volta dos militares ao poder, sob a invocação da intervenção
militar, tendo por finalidade, segundo a vontade de pessoas que não acreditam
mais na classe política, por já ter demonstrado o quanto de inútil e
imprestável à recuperação dos sentimentos de brasilidade, moralidade e da
consciência cívica, diante da sua escrachada vocação em defesa dos interesses
pessoais e partidários, em detrimento dos princípios republicano e democrático,
que foram mandados para o espaço sideral, há bastante tempo.
Ouvem-se, de forma insistente, ideias de muita gente
defendendo fervorosamente a imediata volta das forças militares ao poder, por haver
o entendimento de que é a única forma possível para a reparação dos colossais desacertos
da história político-brasileira recente, a exemplo da opinião abalizada do
senhor Ditinho Minervino, que disse o seguinte: “No meu rude entender, vejo que o amigo Adalmir diz como muitas pessoas.
Mas o que observo é: 1) Só vejo falar em respeito à Constituição quando o
assunto é INTERVENÇÃO. Fora disso, não vejo respeito algum; 2) Falam sempre que
devemos saber escolher em quem votar. Analisando direito, pode-se observar que
o sistema político não nos deixa muita opção. Pois se um candidato é ruim, o
outro é pior e não tem chance de qualquer um que não seja da (panelinha) surgir
como candidato. Vejo também que pouco ou nenhum poder tem um presidente, porque
quando ele tem bons projetos para a NAÇÃO, aí tem que comprar caro os parlamentares,
e quando o projeto vem do Parlamento, mesmo ele (presidente) sendo contra se
ver obrigado a sancionar.”.
Mais do que imediatamente, procurei responder ao amigo
Ditinho, dizendo que ele não poderia ter feito melhor análise sobre esse tema,
que realmente tem suas nuances políticas e nem sempre o resultado do jogo
político tem sido favorável senão aos interesses escusos dos políticos, em
detrimento das reais causas dos brasileiros, fato que demonstra o estrondoso
distanciamento entre a realidade e o que seria desejável para as salutares
práticas de atividades políticas.
Já escrevi, alhures, que as pessoas boas e dignas
não se encorajam a entrar na vida política, por terem medo de se tornarem sem
caráter e iguais aos demais políticos e isso é fato que que se confirma em cada
pleito eleitoral, tornando pura verdade, o que tem sido motivo causador das dificuldades
e dos obstáculos para a renovação da classe política, porque gente decente e
digna que e distância das atividades públicas político-eleitorais.
Agora, dos piores males, que sejam os menos ruins, porque não se
pode justificar nem defender intervenção militar somente porque os políticos
não prestam e fazem questão justamente de serem irresponsáveis, salvo se a
Constituição for alterada, para se acrescentar o item IV ao art. 136, nestes
termos: nos casos de esculhambação da classe política; porque ali se elenca os
casos passíveis de intervenção militar e haveria o acréscimo de mais esse, que,
na prática, legalizaria, de vez, o furdunço na República mais desmoralizada do
planeta .
Disse mais que havia escrito aquele texto tendo por
base a tese, porque, na prática, a coisa se apresenta como o desastre que todos
já estão acostumados a vivenciar, no cotidiano, mostrando com bastante clareza
que a classe política está enclausurada exclusivamente no seu mundinho de
composições, coligações, coalizões e outros ajuntamentos espúrios, tendo como
pano de fundo a defesa de interesses pessoais e partidários, sempre ou quase em
detrimento das causas da população.
Outra
pessoa que também não se conforma com a triste realidade brasileira é o senhor
Pikana, que se disse extremamente inconformado com esse estado de depravação
que grassa no país, para o qual demonstrei que havia procurado deixar muito
claro, na minha crônica, o que realmente seja intervenção militar, quando
procurei dar maior destaque para esse instituto constitucional, que diferencia
em muito do regime ou golpe militar, principalmente quanto às suas finalidades
históricas e constitucionais.
Como
não se pode ignorar, a intervenção militar é apenas maneira de “carinho”, a
suavidade de tratamento dos militares para cuidar de algo distinto, específico,
como o exemplo clássico da intervenção federal promovida na segurança pública
do Estado do Rio de Janeiro, onde as Forças Armadas atuam em superficial combate,
inglório, à monstruosa criminalidade que já ultrapassou os limites da
tolerância cívica.
Enquanto
o regime militar ou a revolução militar propriamente dita é o que aconteceu, na
essência, a partir de 1964, com suas pesadas e firmes consequências de combate
aos opositores e às medidas de exceção, próprias da situação especial de
excepcionalidade, principalmente com relação àqueles que se opuserem à maneira
natural e inerente ao regime revolucionário, para a manutenção da ordem e da
garantia da proteção da sociedade, que não diz em nada com o regime
democrático, porque este nada mais é do que a vontade popular sobreposta aos
quartéis, em termos de gestão pública.
Na
atualidade, muita gente defende a dureza do regime militar, do combate severo e
intenso aos maus-feitos, com o uso da força-bruta, mas no sentido da suavidade
da pura intervenção militar e é assim como defendem a volta das Forças Armadas
para arrumar a bagunça generalizada, com destaque para a classe política, que
já extrapolou todos os sentimentos da razoabilidade e da tolerância da
população.
Em
1964, conforme conta e mostra a história, diante da bagunça generalizada,
inclusive com a inversão da ordem hierárquica dentro dos quartéis, o povo decidiu se
mobilizar pela tomada do poder pelos militares, para que também fosse evitada a
implantação do comunismo no Brasil, fato que teria por objetivo tão somente as
imediatas organização da bagunça e retomada da ordem pública, como realmente aconteceram,
mas isso levou tanto tempo para ser concluído que até hoje há questionamento
sobre o porquê que o gosto dos militares pelo poder não se encerrou com menor
tempo, que terminaram saindo da labuta levando consigo legado de bastante
desgaste que ainda perdura e uma lacuna representada pelo cumprimento
incompleto do dever, tanto que há o apelo pelo seu retorno, naturalmente para
completar o seu trabalho.
Na
verdade, a demora da saída dos militares foi crucial para o Brasil, porque
muitos arruaceiros opositores do regime militar, mais tarde, tomaram conta do país e gosto pelo poder, como mostram os fatos e o desastroso resultado é
exatamente o que se percebe na atualidade, com a nação mergulhada em crise
atrás de crise e a tendência, por mais grave, é apenas piorar ainda mais a situação, ante à
falta de perspectivas de melhoras, a curto ou médio prazos, sobretudo em razão
da inexistência de sangue novo nas hostes políticas, em que os brasileiros não
enxergam caras novas à frente e ainda são obrigados a votarem nos “Centrões”
políticos, recheados de homens públicos completamente implicados com a Justiça,
mas não há alternativa exatamente por falta de renovação política.
É natural que muitos brasileiros tenham inclinação favorável à intervenção militar, mais especificamente pelo regime militar propriamente dito, como eles dizem
aquilo pensando nisto, ou seja, no regime militar de verdade, com amplos
poderes para as Forças Armadas promoverem as devidas correções de rumo, em busca da ordem pública, assepsia política e implantação da moralidade administrativa, mas, à
toda evidência, à vista dos exemplos do passado, com seus altos e baixos, ainda é preferível que
o Brasil seja governado por pessoas civis de bem, imbuídas de dignidade e moralidade que
saibam e tenham consciência sobre o verdadeiro valor dos saudáveis princípios
democráticos, respeitando sobretudo a soberana vontade popular, em especial os direitos humanos, a livre iniciativa e os conceitos de República e
democracia, como fazem normalmente, na essência e com sabedoria, as nações
sérias, civilizadas e evoluídas, em termos políticos e democráticos. Acorda,
Brasil!
ANTONIO
ADALMIR FERNANDES
Brasília,
em 25 de julho de 2018
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