domingo, 29 de julho de 2018

Mentalidade política retrógrada


O pré-candidato do PDT à Presidência da República volta à cena política no seu estilo característico de soltar frases de efeito, cujos estragos já se popularizaram, inclusive com o peso de contribuir para perder as chances de vitória, como ocorreu em 2002, quando ele desandou a proferir expressões estranhas e absurdas, chegando a bater boca com eleitores e jornalistas.
Não obstante, ele se perdeu de vez, à época, quando respondeu que a função de sua mulher, uma prestigiada atriz global, na campanha, era “dormir com ele”, demonstrando total desequilíbrio como pessoa, por desrespeito ao ser humano.
Voltando à cena política, agora, o político foi alertado sobre a imperiosa necessidade de se conter, tendo até prometido que seria comedido e meticuloso nas palavras, mas, ao contrário, prevaleceu a natureza do seu estilo de sempre, com o veneno à solta na língua, a indicar que ele corre o risco de se afogar novamente na grosseria de suas palavras, que estão cada vez mais ferinas e mordazes como nunca e isso pode afetar seus planos na corrida ao Palácio do Planalto.
A falta de controle da sua língua tem sido capaz de externar sentimentos autoritários, um tanto quanto bastante perigosos para quem quer ser o mandatário do país, a exemplo do que ocorreu por ocasião de entrevista a uma emissora de TV, no Maranhão, quando ele afirmou que somente a vitória dele daria chances de o petista sair da cadeia.
O pedetista afirmou que “O Lula tem alguma chance de sair da cadeia? Nenhuma. Só tem chance de sair da cadeia se a gente assumir o poder e organizar a carga. Botar juiz para voltar para a caixinha dele, botar o Ministério Público para voltar para a caixinha dele e restaurar a autoridade do poder político”.
Diante da péssima repercussão de suas colocações, como fazem normalmente os maus políticos, ele disse, no dia seguinte, que teria sido mal interpretado, em idêntica desculpa dita em 2002, com relação à sua então esposa.
Não há a menor dúvida de que não precisa de maior esforço para se interpretar o real sentido do que disse, com todas as letras, o candidato pedetista, que tem o real pendor de demonstrar a busca de soluções antidemocráticas, em caso de vir a exercer o poder da República.
Nos termos da Constituição Federal, com base nas competências institucionais próprias do Estado Democrático de Direito, o presidente da República não tem competência para julgar, condenar, absolver, prender ou soltar da prisão qualquer cidadão, porque é o Poder Judiciário que detém essa competência institucional, não passando de grave estupidez um candidato ameaçar as instituições da República, mandado recado autoritário e totalmente fora do contexto, ante a normalidade democrática pelo qual se encontram em funcionamento os três Poderes da República.
É bem de se ver que, em plena democracia, o Poder Executivo vem exercendo o seu importante papel delimitado pela competência institucional, sem qualquer possibilidade de ingerência no Poder Judiciário, que, por sua vez, comanda com exclusividade o funcionamento das atividades do Judiciário, sem qualquer interferência do presidente da República, por ser absolutamente imprópria e descabida.
De igual modo tem sido a atuação autônoma do Ministério Público Federal, que tem competência institucional, com base na Carta Magna, de órgão independente de qualquer poder, por meio da sua independência ele possui desvinculação dos poderes da República para atuar e fiscalizar as matérias da sua competência, apenas em nome da sociedade.
No Estado Democrático de Direito, é preciso que sejam respeitadas as competências institucionalizadas dos poderes da República, de modo que caracteriza abuso de autoridade quem imagina que pode interferir onde existe autonomia definida na Lei Maior do país, porque isso representaria a inversão da ordem e a esculhambação com relação à independência da competência institucional.
Nem adianta prometer que vai se policiar, se conter, se civilizar, somente para dar uma de bonzinho, a fim de conquistar o voto dos ingênuos, bestas e desinformados, porque a sua índole de injurioso, violento, deseducado, desrespeitoso, autoritário, prepotente não tem limites e somente para de inocular seu veneno enquanto estiver consciente que isso pode prejudicar seus planos políticos de conquista do poder.
Na verdade, as declarações eleitoreiras, impensadas, descabidas e inoportunas do candidato pedetista têm o condão de mostrar seus sentimentos impulsivos e incontroláveis de agressividade e brutalidade, talvez como forma de querer delimitar o próprio espaço de domínio autoritário que não condiz com as práticas democráticas.
Aliás, diante das boas e precisas lições de cidadania dadas pelos eleitores, no passado, era de se esperar que esse cidadão se tornasse sensato, de modo a se apresentar, agora, mais centrado no dever cívico, com programa de governo equilibrado e moderno, que tivesse por propósito contribuir para a solução dos gravíssimos problemas nacionais.
Ao contrário disso, o pré-candidato pedetista, na ânsia de conquistar alianças com alas da esquerda, vem defendendo pessoas condenadas à prisão pela Justiça, por prática de atos delituosos, com insinuações e promessas de que, no seu governo, além de libertar criminosos, as instituições incumbidas do combate à corrupção e à impunidade vão ter suas asas literalmente cortadas e serão obrigadas a se recolherem à sua insignificância, dando a entender que o Brasil voltará a ser o maravilhoso paraíso da bandidagem, tendo o pleno domínio por parte da classe política decadente, inescrupulosa e aproveitadora do poder e de suas influências.
Os brasileiros precisam, no âmbito da sua responsabilidade cívica, se conscientizar sobre a falta de caráter de muitos políticos que aspiram o poder não para representar o povo, com a dignidade que ele merece e exige, mas sim para satisfazer seu ego de absoluta dominação das instituições, da classe política e, enfim, da sociedade, de modo a se permitir que o Brasil passe a ser transformado em verdadeira e absoluta republiqueta, em que prevaleça a ideia retrógrada de homens públicos com mentalidades políticas próprias da idade da pedra lascada, impedindo a prática das saudáveis e modernas atividades políticas, capazes de contribuir para o aperfeiçoamento dos princípios republicano e democrático. Acorda, Brasil!
Brasília, em 29 de julho de 2018

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