Nos
últimos dias, alas do Poder Judiciário decidiram, como se diz no jargão
popular, sair do “armário” e se desnudarem de vez da toga, ao mostrarem o seu
sentimento de gratidão àqueles que os nomearam para o exercício dos cargos de
magistrados.
Tem
sido verificado que as pessoas podem até conseguir driblar seus desejos íntimos,
deixando-os escondidos por longo tempo, mas de repente, por força da vocação
ideológica, ainda mais motivada pelos sentimentos de gratidão e pela pressão
vinda de todos os lados, não tem sido possível resistir e a forte vontade de mostrar
seu verdadeiro companheirismo aflora de vez para fora do peito, com a força
maiúscula que é capaz de superar o temor da repulsa natural da sociedade, que
realmente não aceita traição aos princípios da dignidade ínsitos dos homens
honrados, que têm compromisso com valores sociais e foram investidos em cargos
públicos para honrarem os princípios republicanos, entre outros, da ética e da
moralidade.
O
que está acontecendo, no momento, é reflexo da impensável prisão do principal
líder petista, por ter sido habilidoso, no seu governo, no que diz respeito ao manejo
do aparelhamento de parcela expressiva do Judiciário, em atendimento às
indicações de correligionários, políticos e amigos, todos escolhidos a dedo,
constituindo verdadeiro exército de compadrio que mais cedo ou mais tarde as
ações entre amigos e o sentimento de recompensa seriam inevitáveis, como vem
ocorrendo agora, de forma amiúde e espetacularmente escrachada e indecente, em
que ministros e desembargadores não têm o menor pudor em decidir em dissonância
com o ordenamento jurídico e a jurisprudência colacionada de tribunais
superiores.
É
a forma indisfarçável e incontrolável da gratidão entre magistrados que
ascenderam à carreira por meio da influente indicação para cargos nos tribunais
superiores, como se sabe sem nenhum critério quanto à avaliação de mérito ou à comprovação
de capacidade para o exercício dos citados cargos.
Com
vistas a satisfazer os desejos do político-mor, não será surpresa que muitas outras
togas ainda sejam enlameadas sem nenhum pudor e sem escrúpulos, porque a
mudança de comportamento de alguns magistrados tem sido capaz de atropelar os
mais comezinhos princípios jurídicos e da ética profissional.
Muito
recentemente, alguns ministros do Supremo Tribunal Federal e um desembargador
do Tribunal Regional Federal da 4ª Região protagonizaram cenas de verdadeiras
esculhambação e desmoralização do Judiciário, ao decidirem ao arrepio da lei e
das jurisprudências daquelas Cortes, para beneficiarem amigos do rei, em
situação escandalosa e de indiscutível questionamento de moralidade.
As
decisões que beneficiam amigos são destituídas de fundamento legal, mas estão
respaldadas perfeitamente na pura base política e ideológica, em explícito
escárnio e deboche à sociedade que tem o dever legal de pagar a remuneração
desses servidores sem caráter e sem dignidade.
Um
desembargador teve a ousadia de criar esdrúxula figura jurídica, denominando-a
de fato novo, consistente na pré-candidatura do político preso, que soou como
piada de mau gosto, por não passar de argumento ridículo, para sustentar a
liberdade dele, cuja manobra foi imediatamente abortada, mas o ranço da
gratidão política deixou o ar azedo e pútrido, diante da farsa e da manobra
grosseira.
A
presidente do Tribunal Superior de Justiça o classificou de “tumulto processual, sem precedentes na história
do direito brasileiro”, mas, como é próprio do PT, o episódio serviu para
mais uma desprezível narrativa de “perseguição” ao petista, sob o célebre mote
de “acuse os outros daquilo que você faz”,
justamente para mostrar que o golpe jurídico perpetrado pelos três
parlamentares petistas não passou de tentativa de desmoralização da Justiça,
que felizmente não foi consumado, evitando episódio de nítidos escárnio à sociedade
e ridicularização ao Judiciário.
Na
verdade, o momento do Judiciário tem sido de sobressalto, diante da
extrapolação dos limites interpretativos da legislação e da jurisprudência dos
tribunais superiores, que estão sob a visão de juízes com viés disposto a
mostrar a sua eterna gratidão aos amigos presos, fato que transborda para a
sociedade impressão de profunda ansiedade e insegurança emanadas de magistrados
que podem decidir ao sabor das suas inclinações político-ideológicas, com
injustificável distanciamento do ordenamento jurídico e da jurisprudência
preponderante.
Diante
desse quadro turvo e de insegurança, certamente que seguirá em pleno curso o
projeto “Lula livre”, na esperança de que magistrados simpatizantes do petista
se dignem a realizar ato de benevolência no sentido da libertação do
todo-poderoso.
A
procuradora-geral da República, atenta aos movimentos dos magistrados petistas,
pediu a investigação de quem de fato deve ser investigado, com relação ao
deplorável episódio de Porto Alegre, apontando como principal mentor o
desembargador do TRF-4, a quem acusou de ter praticado o crime de prevaricação,
tendo descrito o caso como “episódio
atípico que produziu efeitos nocivos para a credibilidade da Justiça”.
Noutro
flanco, o PT, com a tentativa de desviar o foco da imprensa, adotou a tática da
mentira como surrado dogma de ação, tendo procurado acusar e denunciar os
magistrados que evitaram a soltura do político, ou seja, os petistas aprontam
zorra geral, em total tentativa de escracho e desmoralização da Justiça e ainda
acusa os servidores que agiram com amor à profissão de terem sido culpados pelo
desastre protagonizado por pelos petistas, em clara demonstração de falta de civilidade
e responsabilidade pública.
A
situação de completa insegurança jurídica encampada pelos magistrados petistas
mostra o ingente e indiscutível esforço em defesa pessoal da principal
liderança petista, em movimento absolutamente fora do contexto jurídico, posto
que não há a menor motivação que o justifique, senão beneficiá-lo de forma
graciosa e irregular, em indisfarçável detrimento dos salutares princípios
jurídicos e legais.
Nunca
se viu, na história republicana, movimento com tamanha magnitude em defesa de
político que apenas repete diuturnamente que é inocente, mas não conseguiu
provar a sua alegação e, para piorar, se encontra preso, porque todos os
recursos (próximo de oitenta) por ele impetrados foram negados, o que somente
confirma que as suas argumentações são absolutamente inconsistentes e sem a
menor plausibilidade.
Aliás,
convém que seja relembrado célebre pensamento atribuído a então presidente da
República do regime militar, Gen. Ernesto Geisel, que teria dito, ipsis litteris: "Se é a vontade do povo brasileiro, eu
promoverei a abertura política no Brasil, mas chegará um tempo que o povo
sentirá saudade do regime militar, pois muitos desses que lideram o fim do regime
não estão visando ao bem do povo, mas sim seus próprios interesses.".
E
não é que o general estava com inteira razão, porque, exatamente no presente movimento,
os magistrados simpatizantes do petismo estão usando procedimentos sujos e putrificados
para salvar a pele do todo-poderoso, embora ele esteja cumprindo condenação de
prisão, pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, fato que mostra
que tudo vale para libertá-lo da prisão, como principal plano em defesa
política dele e do seu partido, os quais têm feito o diabo para retornar ao
poder da República, mesmo que seja preciso passar por cima do regramento
jurídico e das leis do país, das boas condutas e dos princípios republicanos,
como suas lideranças costumam afirmar.
A
despeito dessa verdadeira esculhambação que se encontra em marcha, com a
finalidade de alçar o petista-mor novamente ao comando do poder da República,
mesmo sabendo que ele não atende sequer aos comezinhos exigências e requisitos para
a ocupação do principal trono da nação, porque é completamente inadmissível, em
sã consciência política, que criminoso condenado à prisão e já cumprindo a pena
pertinente tenha a mínima moral para representar o povo honrado e imaculado,
sob pena da decretação da hecatombe da moralidade jamais impingida ao povo.
Na
realidade, os brasileiros não merecem passar por tamanho constrangimento de ser
comandado por quem precisa se conscientizar de que o seu primacial dever, como
homem público, antes de qualquer pensamento sobre candidatura, nas
circunstâncias atuais, é limpar seu nome junto à Justiça, por meio da comprovação
da sua inocência sobre os fatos denunciados, com a apresentação de provas juridicamente
válidas, para o fim da obtenção do atestado de nada consta e de bons
antecedentes na vida pública.
Ou
seja, quem quiser se candidatar precisa provar que é “ficha-limpa”, para ter
reais condições legais e morais de representar o povo, como se diz no popular,
com a cara e as mãos limpas e absolutamente aptas, em termos de idoneidade e
conduta acima de quaisquer suspeitas, como forma de puder exercer, sem nenhum
questionamento, o importante cargo público por ele pretendido, caso seja eleito.
Ao
contrário disso, não passa de aberração jurídica alguém trancafiado na cadeia e
ainda maculado, de forma indelével, pela Lei da Ficha Limpa de que é inelegível,
ex-vi do disposto no art. 1º, I, e, 6, da Lei Complementar nº 64/1990,
com a redação dada pela Lei Complementar nº 135/2010, insistir, de maneira ruidoso
e desrespeitosa, em se submeter ao crivo do povo, para se eleger como
presidente de uma nação das grandezas, em especial, econômica e social do
Brasil.
É
evidente que essa paupérrima mentalidade política não tem o menor cabimento e
muito menos teria aceitação nem mesmo nas piores republiquetas, onde os
cidadãos sabem perfeitamente honrar e dignificar seus sentimentos cívicos e
compreendem exatamente o verdadeiro significado dos valores da ética,
moralidade, dignidade, entre outros que precisam ser sopesados no importante
momento do voto, por ele ser capaz de decidir o futuro e os destinos da nação e
de seu povo.
É
preciso sim valorizar a importância do voto, que deve ser dado, com exclusividade,
a quem realmente tiver condições de preencher os relevantes requisitos legais exigidos
para o exercício de cargos públicos eletivos, em termos de idoneidade e conduta
moral e ética, sem que recaia sobre o candidato quaisquer suspeitas sobre a
prática de irregularidades com recursos públicos.
É
bem provável que a agressividade do PT não dará trégua, por sentir o Judiciário
“totalmente acovardado”, como certa feita disse, aos berros, o petista-mor, no
sentido de que tudo será tentado, com novas investidas junto aos seus aliados
da magistratura, à vista da surpreendente atuação do desembargador do Tribunal
Regional Federal da 4ª Região.
Novas
investidas poderá ser tentada assim que o presidente da República se ausentar
do país, porque o cargo máximo da nação passará a ser exercido temporariamente
pela presidente do Supremo Tribunal Federal e este órgão poderá ser presidido pelo
principal seguidor do petista na Excelsa Corte de Justiça, que já até mostrou,
de forma clara, a sua total falta de escrúpulo no exercício do cargo ministerial,
ao decidir pela liberdade de companheiro condenado a 30 anos de prisão, ao qual
certamente o PT acionará, a pretexto de a presidência daquela corte estar sob o
comando do ministro camarada e, por certo, ele não negará habeas corpus ao seu
líder-máximo, fato que poderá marcar o prelúdio de novos tempos sombrios e
tenebrosos para o Poder Judiciário. Acorda, Brasil!
ANTONIO
ADALMIR FERNANDES
Brasília,
em 17 de julho de 2018
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